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China utiliza fundo estatal de 11 biliões de yuan para atacar crise no mercado imobiliário

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China utiliza fundo estatal de 11 biliões de yuan para atacar crise no mercado imobiliário

11 de junho de 2025

A China está a recorrer a um fundo público de habitação no valor de 10,9 biliões de yuan (cerca de 1,3 biliões de euros) para apoiar o sector imobiliário em crise, oferecendo uma alternativa aos empréstimos bancários.

O programa estatal de poupança criado para ajudar os cidadãos a adquirir casa própria tem vindo a ganhar importância como fonte de financiamento, numa altura em que os bancos se mostram mais cautelosos, devido à compressão das margens de lucro.

Em 2023, o fundo ultrapassou os bancos no volume de empréstimos concedidos, atingindo 8,1 biliões de yuan (mais de um bilião de euros) em hipotecas activas.

“É uma das principais medidas para apoiar o mercado imobiliário”, afirmou Chen Wenjing, directora de investigação na China Index Holdings, citada pela agência de notícias Bloomberg.

“O mercado continua sob pressão, e muitos governos locais têm recorrido a este mecanismo para aliviar os encargos com os empréstimos”, acrescentou.

Inspirado no modelo de Singapura, o fundo foi implementado na China há três décadas e obriga a contribuições mensais de trabalhadores e empregadores, permitindo depois a concessão de créditos à habitação, frequentemente com taxas mais baixas do que as praticadas pelos bancos.

A crescente importância do fundo surge num contexto de dificuldades no sector bancário, que tem sido chamado a sustentar a economia, enfrentando margens de lucro historicamente baixas, desaceleração dos lucros e aumento do crédito malparado.


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Facilitar o acesso ao crédito continua a ser crucial, numa altura em que a recuperação do mercado imobiliário chinês permanece frágil.

Segundo a Bloomberg Intelligence, as 100 maiores promotoras imobiliárias do país deverão registar uma queda de, pelo menos, 10% nas vendas em 2025, para cerca de 3,4 biliões de yuan (442 mil milhões de euros) — menos de um terço do valor registado em 2020.

As vendas residenciais voltaram a cair em Maio. A Country Garden, uma das maiores promotoras em dificuldades, registou uma quebra de 28% nas vendas, reflectindo a preocupação dos compradores com a saúde financeira da empresa e do sector.

No passado, o fundo era subutilizado devido a várias restrições, como limites nos montantes dos créditos concedidos e a proibição de utilização do dinheiro como financiamento de entrada.

Contudo, desde 2023, pelo menos 50 cidades aliviaram os critérios de acesso, aumentando os limites de crédito. Shenzhen, a cidade mais cara da China, passou esta semana a permitir o uso dos depósitos do fundo para o pagamento da entrada para a compra de casa.

O recurso ao fundo tem aumentado: em Pequim, financiou 33% das hipotecas residenciais em 2023, face a 29,4% em 2020.

Recentemente, o banco central reduziu a taxa de juro dos créditos concedidos através do fundo, tornando-os 0,9% mais baratos do que os empréstimos bancários. Ainda assim, analistas alertam que a poupança, de cerca de 3%, é “marginal” e pouco provável de gerar um aumento expressivo das vendas de habitação.

Em 2024, o volume de empréstimos do fundo cresceu 3,4%, enquanto os créditos à habitação concedidos por bancos comerciais recuaram 1,3%. Ao contrário dos bancos, o fundo dispõe de liquidez robusta, resultante de contribuições regulares de cerca de 180 milhões de trabalhadores e empregadores, segundo dados oficiais.

Lusa/DI