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Data Center

Data Centres é um sector emergente em Portugal

20 de junho de 2023

Há uma oferta insuficiente para necessidades de consumo e armazenamento de dados exponenciais. A baixa disponibilidade alcançada nos principais mercados FLAP (Frankfurt, Londres, Amsterdão e Paris) desviou a procura para mercados secundários como Portugal, Espanha, Itália, Polónia e Suíça, de acordo com o um estudo sobre Data Centres, realizado pela Worx. Segundo a consultora, os Data Centers é um sector emergente em Portugal e que tem vindo a destacar-se pelos diversos projectos em pipeline anunciados para os próximos tempos.

O estudo, na opinião da Worx, serve de guia inicial aos investidores e entusiastas do setor de Data Centres que pretendam conhecer melhor os conceitos, requisitos, fundamentos e oferta existente e futura, não só para alargar os conhecimentos a um novo setor emergente no imobiliário, como para explorar e avaliar oportunidades nesta área que garante rentabilidades mais elevadas e pode, por isso, motivar alguns investidores.

“Portugal tem-se destacado positivamente por apresentar uma reduzida oferta e poucos players ainda presentes no mercado, enquanto apresenta todos os fundamentos de mercado para absorver novos investimentos” menciona Silvia Dragomir, responsável pelo Departamento de Research. Um deles passa por Portugal apresenta uma posição estratégica face a cabos submarinos de transmissão de dados que ligam Portugal a cinco continentes através de 11 cabos, mais cinco dentro de Portugal Continental e ilhas. Há também outros factores como segurança, mão-de-obra qualificada, acesso a energia renovável e barata, baixa probabilidade de riscos físicos, boa rede de fibra óptica e águas profundas com extensa proteção marítima pela NATO que são importantes para estes players se estabelecerem e investirem no país.

No momento da análise, estima-se que a oferta contemple 38 data centres localizados principalmente na zona do Porto (Porto, Matosinhos, Maia, Ermesinde, Vila Nova de Famalicão) e de Lisboa (Lisboa, Barreiro), havendo outras localizações pontuais como Viseu, Covilhã, Évora, Faro, Açores e Madeira. Estes são maioritariamente de Tier I e II, havendo apenas dois data centres identificados até ao momento de Tier III, que reflectem menor ou maior capacidade de redundância e tolerância a falhas quando há interrupções, intervenções ou manutenção nos mesmos.

Apresentados os fundamentos de desenvolvimento deste sector e a falta de oferta, há uma tendência para aumentar a oferta e estabelecer novos projectos em zonas onde haja as tais ligações aos cabos submarinos, nomeadamente cidades como Lisboa e Sines, mas também há outras com potencial inexplorado pela mesma razão sendo elas Cascais, Seixal, Sesimbra, Açores e Madeira.

O Departamento de Research da Worx Real Estate Consultants identifica sete projectos em pipelineque irão acrescentar ao mercado uma capacidade superior a 600 MW. Destacam-se dois projectos de hyperscale data centres, um em Sines pela mão da Smart Campus que até 2027 terá uma capacidade total de 495 MW e outro em em Vila Franca de Xira promovido pela Merlin Properties e explorado por uma joint venture com a Edged Energy que poderá chegar aos 73.000 m2 com capacidade até 100 MW. Os restantes cinco projectos são de menor dimensão (~2 MW) ou de dimensão desconhecida até ao momento. Destes todos, há 3 projetos que deverão ser concluídos já no decurso deste ano de 2023, com uma capacidade total superior a 17 MW.

O sector dos Data Centres também não sai imune aos crescentes requisitos de sustentabilidade dado que são responsáveis por cerca de 2% das emissões de gases com efeito de estufa e 3% do consumo global de energia, principalmente pela necessidade de arrefecimento dos servidores que sobreaquecem com facilidade. Por isso, foi publicado pela UE no final de 2021 um relatório com diretrizes de Melhores Práticas para o Código de Conduta da UE sobre Eficiência Energética nos Centros de Dados. Entre as várias medidas encontram-se preocupações com a eficiência energética, a implementação de energias renováveis para produção de electricidade, a utilização das águas pluviais para refrigeração ou, alternativamente, a refrigeração líquida.