
Tavira - Foto Associação de Turismo do Algarve
Retalho e escritórios lideram investimento imobiliário comercial em 2025
O investimento imobiliário em Portugal deverá superar os 2.700 milhões de euros em 2025, um crescimento de cerca de 20% face a 2024, segundo as estimativas da Dils. O retalho e os escritórios voltam a assumir a liderança na alocação de capital, num ano marcado pela forte presença de investidores estrangeiros e pela recuperação de vários segmentos do mercado.
De acordo com a consultora, o capital internacional representou mais de 65% do volume investido, embora os investidores nacionais — em especial os fundos imobiliários — continuem a desempenhar um papel relevante. O retalho concentrou quase 30% do investimento total, seguido dos escritórios, com mais de 20%, num regresso significativo do sector, cuja captação de capital foi quase três vezes superior à registada em 2024.
A hotelaria manteve um desempenho robusto, com um peso próximo dos 20%, impulsionada por transacções de grande dimensão e preços recorde por quarto. Já o segmento de industrial & logística mais do que duplicou o volume investido face ao ano anterior, registando o segundo melhor resultado da última década, apenas atrás de 2022. Destaca-se ainda a venda do portefólio de residências de estudantes da Livensa Living, que confirma a maturidade deste mercado em Portugal.
As yields mantiveram-se estáveis, reflectindo a confiança dos investidores. Para Pedro Lancastre, CEO da Dils Portugal, os números preliminares de 2025 “confirmam a solidez e a atractividade do mercado imobiliário nacional, suportadas por uma base diversificada de investidores e por um sector resiliente”.
Mercado ocupacional com dinâmicas diferenciadas
No mercado de escritórios, a absorção em Lisboa deverá atingir cerca de 149.000 m², uma quebra de 20% face a um ano de 2024 excepcionalmente forte, enquanto no Porto a área ocupada rondará os 32.000 m². Apesar disso, as rendas prime continuam em alta, fixando-se nos 30 euros/m²/mês em Lisboa e nos 21 euros/m²/mês no Porto, reflectindo a procura por edifícios de maior qualidade.
O segmento de industrial & logística deverá fechar o ano com cerca de 550.000 m² ocupados, abaixo do recorde de 2024, mas em linha com a média dos últimos anos. A elevada procura por activos novos, com melhores características técnicas e ESG (Environmental+Social+Governance), mantém a pressão sobre as rendas.
No retalho, o mercado mostra sinais de maturidade, com centros comerciais de elevada qualidade a regressarem ao radar dos investidores. O crescimento dos retail parks e a expansão de cadeias de supermercados, como a Mercadona, marcaram o ano. No comércio de rua, apesar da escassez de oferta prime, registaram-se novas aberturas de marcas nacionais e internacionais em Lisboa e no Porto.
A hotelaria continuou a apresentar bons indicadores operacionais, com crescimento do ADR e do RevPAR em Lisboa e no Porto. Em 2025, abriram 25 novos hotéis, acrescentando cerca de 2.700 quartos, estando outros 7.900 quartos em construção.
Residencial atinge valor recorde
No segmento residencial, a Dils estima que o volume de transacções atinja cerca de 40 mil milhões de euros em 2025, um aumento de 17% face a 2024 e o valor mais elevado de sempre. O número de casas vendidas poderá chegar às 187.000 unidades, impulsionado pelo desequilíbrio entre oferta e procura e pelos incentivos à compra por parte dos mais jovens.
Segundo a consultora, a pressão sobre os preços deverá manter-se enquanto não houver um aumento significativo da oferta habitacional, num mercado que continua a mostrar forte dinamismo.















