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Promotores Imobiliários antecipam redução nas vendas e menor crescimento dos preços

17 de outubro de 2022

Os promotores imobiliários estão menos confiantes quanto à evolução do mercado residencial para os próximos três meses, antecipando uma redução nas vendas e uma subida mais lenta dos preços, mostram os mais recentes resultados do inquérito Portuguese Investment Property Survey (PIPS).

Conduzido pela Confidencial Imobiliário e pela APPII, este survey tem regularidade trimestral. Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, refere que “os promotores imobiliários estão preocupados com todos os factores de aumento dos custos, que tornam cada vez mais difícil o lançamento de oferta para a classe média. Uma vez mais destaca-se o tempo de licenciamento das obras como sendo o principal obstáculo à actividade, com impactos muito relevantes na viabilidade das operações, em especial no quadro actual de aumentos dos custos de construção”. 
Para Ricardo Guimarães, Director da Confidencial Imobiliário, “um dos números mais relevantes neste survey é o aparente redireccionamento da promoção imobiliária para a procura internacional, depois deste mercado ter perdido quota no último par de anos. Trata-se de uma opção estratégica que permitirá aos promotores lançar obras dirigidas a segmentos mais caros, dessa forma conseguindo acomodar o aumento dos custos de construção, e para compradores com mais poder de compra, menos expostos à redução do poder de compra resultante do impacto da inflação e subida nos juros”.

O indicador de expetativas para os próximos três meses situa-se em -28 pontos, regressando a terreno negativo pela primeira vez desde o fim da pandemia. Este resultado reflecte a degradação das expectativas relativas às vendas, cujo indicador passou de -17 pontos no inquérito anterior para os actuais -69 pontos. No que se refere à evolução dos preços, as expectativas para os próximos três meses estão mais contidas, mas continuam em terreno positivo (de +40 pontos para os atuais +24), sinalizando uma perspectiva de clara desaceleração no ritmo de subida os últimos tempos.

Este cenário foi já reportado no âmbito da actividade dos últimos três meses, com os indicadores de vendas a atingirem -11 pontos (vs+30) e os de preços a manterem-se positivos, mas em compressão. Ainda assim, os promotores encaram o actual momento como conjuntural, mantendo um elevado ritmo de lançamento de novos projectos (67% diz ter novos projectos em carteira) e de procura de terrenos (56% mostram-se activos ou muito activos na procura de novos terrenos).

Não obstante, há uma alteração no perfil alvo dos projectos, retomando-se a maior apetência para os empreendimentos direcionados para os compradores internacionais. Neste inquérito, os promotores afirmam que 64% dos novos empreendimentos dirigem-se a um público internacional (exclusivamente ou em combinação com os nacionais). Há três meses esse era o caso em 55% dos projectos.

Este reposicionamento poderá ser a resposta dos promotores ao aumento persistente dos custos de construção (aumentaram 19% no último ano). Há evidência de que os custos de construção em crescimento estão a começar a ser uma realidade normalizada pelos promotores, uma vez que o tempo de licenciamento e a burocracia voltaram a ser apontados como os obstáculos mais relevantes à actividade. Pelo lado positivo, denotar que o acesso a crédito se mantém como um dos factores menos citados como problemáticos (apesar de agravado face ao começo do ano) e, por fim, a falta de procura permanece como sendo a última das preocupações do sector, com o indicador de pressão a manter-se em níveis historicamente baixos.