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Opinião

Francisco Mota Ferreira

Os poetas do comentário

27 de maio de 2024

Costumo dizer que, desde que comecei a escrever sobre o Imobiliário, ganhei o respeito dos meus pares. Mas, tal como numa moeda, que tem duas faces, também passei a ter alguns que tendem a discordar do que escrevo. A divergência é normal, natural e saudável e tenho para mim que qualquer pessoa só evolui se for humilde, reconhecer os erros e aprender com quem lhe pode ensinar alguma coisa - ou porque sabe mais do que nós, ou porque tem mais experiência.

Tenho, regularmente, tertúlias com malta do sector e, obviamente, não estamos sempre de acordo. Mas acho que saímos, todos, destas tertúlias, mais sábios, talvez até mais humildes, porque nos foi dada uma visão que não tínhamos tido oportunidade de desenvolver. Ou porque tínhamos ideias pré-concebidas sobre algum tema ou porque achávamos que o que sabíamos era suficiente para consolidar a nossa opinião.

Nestas tertúlias aprendemos todos também que é na diversidade e na diferença que todos crescemos. E aprendemos igualmente um valor essencial que muita falta parece fazer por estes dias: o respeito mútuo.

Quando comecei a escrever sobre o Imobiliário estava longe de achar que estaria durante tanto tempo a fazê-lo e até, confesso, ser considerado como alguém que vale a pena ler e ser ouvido. É também por isso que, quando recebo feedback daquilo que são as minhas opiniões sobre o sector, não deixo de ter algum orgulho do caminho que fiz até aqui. Podem ser ideias certas ou erradas, mas são as minhas. Como sabem, o dom da inefabilidade é algo que assiste apenas a Deus – para quem, naturalmente, acredita – e mesmo assim fazem-se guerras e morrem pessoas por divergirem de opinião em relação a isso.

Por saber que sou lido e ouvido em vários palcos, tenho, também por isso, o maior respeito por quem me segue. Sei o peso que cada frase que digo pode acarretar e a responsabilidade do que escrevo. E porque não estou ligado a nenhuma marca ou a algum lobby do sector sou responsável pelo que digo e escrevo. E, enquanto tiver, “palco” onde o fazer, da forma como o faço, sem grilhetas ou censuras, acho que sou, na medida do que me é possível ser, uma pessoa livre.

Respeito a diferença de opiniões, sejam ditas na cara ou expressas no anonimato das redes sociais. Mas deixo aqui claro o seguinte: tenho zero respeito e consideração por pessoas cujos comentários não acrescentam nada e apenas servem para o insulto gratuito. Há, aliás, uns poetas do comentário que gostam imenso de criticar o que escrevo, mas que, ao fazê-lo, mostram apenas a sua vacuidade de ideias e de argumentos. Não partilham uma ideia, não desmontam um argumento. São apenas insultos gratuitos. No início, ainda pensei que fosse algo pessoal: não temos que agradar a todos e não há problema nenhum que não gostem de nós.

Tenho para estes poetas do comentário, que se entretêm a insultar-me ou a tentar ridicularizar-me cada vez que há um novo artigo, uma palavra de apreço e de agradecimento. E uma sugestão: podem pegar neste texto, emoldurar e ficarem orgulhosos porque, finalmente, vos liguei alguma coisa e falei de vós. E termino com um desabafo – ajudaram-me imenso esta semana: não estava com inspiração e as vossas palavras amigas deram-me o incentivo que precisava para escrever algo diferente. Quem gosta de me ler certamente agradece. Quem não gosta, acho que desta vez também. Tiveram os vossos 15 minutos de fama. Parabéns. Não voltarei a perder nem mais um minuto convosco.

Francisco Mota Ferreira

francisco.mota.ferreira@gmail.com

Coluna semanal à segunda-feira. Autor dos livros “O Mundo Imobiliário” (2021), “Sobreviver no Imobiliário” (2022) e “Crónicas do Universo Imobiliário” (2023) (Editora Caleidoscópio).