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Hospital do Seixal: um projeto eternamente adiado

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Hospital do Seixal: um projeto eternamente adiado

22 de setembro de 2025

A interminável telenovela do chamado Hospital do Seixal é o retrato perfeito do desleixo e da ligeireza com que a Saúde e as suas infraestruturas no distrito de Setúbal têm sido tratadas — sempre com muito enredo, promessas adiadas e zero episódios de obra feita.

Há mais de duas décadas que o Hospital do Seixal é promessa sucessivamente adiada por diferentes governos. Esta semana, o tema voltou ao Parlamento, com a audição do presidente da Câmara Municipal, Paulo Silva, no âmbito da petição «Pela Construção do Hospital no Seixal», que reuniu cerca de 15 mil assinaturas.

Apesar de todos os partidos reconhecerem a urgência da obra, a unidade continua no papel. A história repete-se: em 2015 a Assembleia da República aprovou a sua construção urgente, em 2017 chegou a ser inscrita verba no Orçamento do Estado e em 2018 foi lançado novo concurso. Seguiram-se novas promessas, adiamentos sucessivos e um anúncio de projecto para 2023 que nunca se concretizou.



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Enquanto isso, cerca de 40 mil utentes do concelho continuam sem médico de família e o Hospital Garcia de Orta, em Almada, atende quase o dobro da população para a qual foi projectado. O risco agora é perder os fundos do PRR, destinados ao equipamento do futuro hospital, caso a construção não avance.

Mais de 20 anos depois, o caso do Hospital do Seixal tornou-se um símbolo do absurdo da política de promessas não cumpridas em Portugal.

Em 2018, a Câmara assumiu a construção das acessibilidades — um encargo municipal de 3 milhões de euros — e cedeu os terrenos para a instalação do hospital. Ainda assim, a infraestrutura permanece uma miragem, ou, no máximo, um modelo em 3D para alimentar relatórios e promessas. Tudo isto numa região, e em particular num concelho, que tem registado forte crescimento populacional, impulsionado também pela fuga de muitos lisboetas empurrados para fora da capital devido à escalada insustentável dos preços da habitação. Até há poucos anos, o que estava previsto era que a unidade teria cerca de 25 mil metros quadrados de Área Bruta de Construção e seria dotado de 250 camas de internamento, ascendendo o investimento a mais de 60 milhões de euros.