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Armando Martins vai abrir Museu de Arte Contemporânea em Lisboa em 2021

21 de outubro de 2020

Armando Martins - personalidade de relevo no mercado imobiliário nacional e presidente do Grupo Fibeira - é também um compulsibo coleccionador de arte. Em 2021, vai inaugurar um museu de arte contemporânea, num palácio do século XVIII, em Lisboa, para exibir uma colecção com 400 obras de artistas portugueses e estrangeiros.

A curadora Adelaide Ginga, que saiu do Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) com uma licença para doutoramento, confirmou à Lusa que foi convidada pelo coleccionador, e aceitou o cargo de futura directora do “Museu de Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM)”.

 

Museu no reabilitado palácio dos Condes da Ribeira Grande, em Lisboa

De acordo com a curadora, o projecto do coleccionador e empresário do Grupo Fibeira "está em curso" para ocupar o Palácio dos Condes da Ribeira Grande, na rua da Junqueira, em Lisboa, que se encontra “em obras de adaptação”, e também irá acolher um hotel de cinco estrelas.

Adelaide Ginga confirmou que o objectivo é “abrir possivelmente no segundo semestre de 2021”, com uma colecção que Armando Martins tem vindo a reunir há várias décadas, e que foi distinguida, em 2018, com um prémio da área do coleccionismo, pela Fundação ARCO de Madrid, em Espanha.

A colecção reúne obras de artistas portugueses e estrangeiros como Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva, José Malhoa, Amadeo Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Rui Chafes, José Pedro Croft, Lourdes Castro, entre outros, indicou a curadora e futura directora do novo museu.

Quanto a artistas estrangeiros, estão representados na colecção Gilberto Zorio, John Baldessari, Albert Oehlen, Olafur Eliasson, Marina Abramovic, Antoni Tàpies, Antonio Ballester Moreno, Juan Muñoz, Santiago Sierra, Carlos Aires, Pedro Reyes, Carlos Garaicoa, Ernesto Neto, Marepe, Rosângela Rennó, Vik Muniz e Isa Genzken, entre outros.

Algumas das obras já foram cedidas para exposição em espaços museológicos como o Museu Nacional Soares dos Reis e o Museu de Serralves, no Porto, o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu de Arte Arquitectura e Tecnologia, o Museu Nacional de Arte Contemporânea e o Museu Colecção Berardo, em Lisboa, assim como o Museu Rainha Sofia, em Madrid, entre outras instituições.

 

Coleccionismo de arte faz parte de um percurso de vida

 A colecção foi iniciada quando Armando Martins tinha apenas 18 anos, e comprou, a meias com um amigo, um conjunto de 35 serigrafias. A compra da primeira pintura original só aconteceu em 1974, de um artista português já falecido, Rogério Ribeiro, e passou a ser mais intensa nos anos de 1980, particularmente de arte portuguesa contemporânea do século XX, estendendo-se depois aos estrangeiros, com artistas de todos os continentes, menos a Oceania.

Embora tenha seguido o seu gosto pessoal, Armando Martins recorreu, ao longo das décadas, ao aconselhamento de curadores e galeristas como Pedro Cera e Filomena Soares, entre outros.

O novo museu será financiado totalmente com capitais privados, segundo Adelaide Ginga, e terá também um hotel de cinco estrelas, uma sala de conferências, um restaurante, um bar, uma loja e um espaço para apresentar eventos culturais, na área das artes performativas.

 

O "homem do Atrium Saldanha"

Construído no século XVIII pelo segundo marquês de Niza, ampliado e remodelado pelo primeiro marquês da Ribeira Grande, no século XIX, o Palácio Condes da Ribeira Grande possui uma fachada oitocentista, e já passou por várias modificações.

Possui, porém, ainda muitos dos elementos originais do antigo palácio, como o pórtico instalado na fachada monumental de dois pisos, os jardins e a capela de Nossa Senhora do Carmo.

Alvo de grandes alterações no século XX, o palácio albergou o Colégio Arriaga, o Liceu D. João de Castro e, posteriormente, o antigo Liceu e ex-Escola Secundária Rainha D. Amélia.

O engenheiro Armando Martins tem um longo percurso no sector do imobiliário, tendo estado ligado como promotor ou investidor a algumas das obras icónicas de Lisboa das últimas décadas. A mais relevante será porventura o Atrium Saldanha, projecto arquitectónico de Ricardo Boffil e do português João Paciência. Entre os mais recentes o foco vai naturalmente para o Lisboa Residences em construção junto ao Centro de Congressos da Junqueira e onde a cadeia hoteleira Wyatt vai abrir a sua primeira unidade em Portugal.

Lusa/DI