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Ellos Campos, CEO da UZU

Ellos Campos, CEO da UZU

Startup americana UZU chega a Portugal com um novo conceito: Vender com direito a usufruto

4 de agosto de 2025

Em Portugal, o acesso à habitação tornou-se um dos principais desafios sociais, especialmente nas grandes cidades. A escalada dos preços, o envelhecimento da população e a falta de soluções habitacionais adaptadas à realidade dos seniores criam um cenário de vulnerabilidade crescente. É neste contexto que surge a UZU, como uma resposta que pode aliviar a pressão sobre o sistema imobiliário, ao mesmo tempo que respeita a história e o lugar de cada pessoa.

As soluções UZU permitem que proprietários de imóveis vendam a propriedade de raiz das suas casas sem perder o direito de continuar a viver nelas, garantindo mais estabilidade e autonomia nesta fase da vida. O dinheiro da venda pode ser usado para reforçar a reforma, apoiar a família, concretizar projectos pessoais ou simplesmente melhorar a qualidade de vida.

Com um marketplace exclusivo para a comercialização de imóveis com reserva de usufruto, a startup apresenta uma proposta que concilia segurança financeira, responsabilidade social e oportunidades de investimento. Em entrevista ao Diário Imobiliário, Ellos Campos, CEO da UZU, afirma que todo o processo acontece de forma transparente e com segurança jurídica. O CEO reforça ainda que a missão da empresa é gerar impacto social positivo, respeitando as histórias e as necessidades reais dos proprietários:

“Acreditamos em um conceito que vai além da simples compra e venda de imóveis. Para a UZU, um lar representa mais do que uma estrutura física – é um espaço de memórias, de vivências e de construção de sonhos. Por isso, apostamos num modelo que respeita essas dimensões, promovendo liquidez aos seniores sem sair da casa”.

Com este modelo de negócio, a UZU acredita que os investidores encontram uma nova forma de rentabilizar o seu capital: adquirindo imóveis que não estão disponíveis no mercado convencional com potencial de valorização e contribuindo directamente para a melhoria da qualidade de vida de quem sempre habitou aquele lar.

Em breve a empresa inaugura a sua sede física no Porto. Segundo o CEO, esta nova etapa está alinhada com o propósito de gerar impacto social positivo, respeitando as histórias e as necessidades reais dos proprietários. “Somos uma plataforma que cria conexões humanas através de imóveis. Propomos soluções personalizadas que beneficiam todas as partes envolvidas, sempre com transparência”.

Como surgiu a ideia de criar a UZU Home? Qual a história por trás da empresa?

A UZU nasceu de uma inquietação: por que tantas pessoas vivem em imóveis muitas vezes valorizados e, ao mesmo tempo, enfrentam dificuldades financeiras? Ao observar atentamente essa realidade, especialmente entre a população sénior, percebemos que havia um desequilíbrio no mercado imobiliário. De um lado, há o proprietário que acumula património imobilizado, mas carece de liquidez para manter sua qualidade de vida. Do outro, existem investidores à procura de activos seguros, acessíveis e com bom potencial de valorização.

Acreditamos que o sector pode ser mais humano, mais acessível e mais alinhado às necessidades reais das pessoas. Foi aí que identificámos uma ponte: conectar essas duas pontas de forma justa e inovadora com um modelo centrado no usufruto estruturado: o proprietário vende o imóvel, mas mantém o direito de continuar a viver nele com mais conforto e autonomia sem abrir mão da história ou do lar que construiu. A UZU é o reflexo dessa visão, um marketplace global, que une tecnologia, impacto social e segurança jurídica para transformar imóveis em soluções reais para quem vende e em oportunidades sustentáveis para quem investe com um propósito claro de melhorar vidas.

Qual o “problemaˮ do mercado imobiliário que a empresa procura resolver? Que solução apresenta?

Procuramos resolver um problema duplo no mercado imobiliário: a falta de liquidez para quem tem o património concentrado no imóvel e a escassez de investimentos seguros e acessíveis para quem deseja entrar nesse mercado. Muitos idosos, por exemplo, vivem em propriedades localizadas em zonas valorizadas, mas enfrentam dificuldades financeiras para ter uma boa qualidade de vida e às vezes nem conseguem arcar com a manutenção adequada de seus imóveis. Ao mesmo tempo, em áreas muito atractivas como Lisboa, Porto ou regiões costeiras, já não existem tantas propriedades disponíveis para venda, o que limita o acesso de investidores a bons activos.

A UZU oferece uma alternativa que desbloqueia esse cenário: o proprietário monetiza o imóvel sem sair da casa, e o investidor adquire com desconto e valorização futura. É uma solução que cria valor onde antes havia impasse, uma ponte que beneficia quem vende e quem investe, ao mesmo tempo. Além disso, a liquidez é contínua: se o investidor quiser, pode recolocar o imóvel à venda na nossa plataforma, isso gera fluidez no mercado secundário e torna nosso produto ainda mais atractivo.

Como funciona o modelo de compra e venda com reserva de usufruto da UZU?

O modelo da UZU é simples na forma, mas poderoso no impacto: O proprietário vende a propriedade de raiz do imóvel, mas mantém o direito legal de continuar a viver nele por tempo determinado ou vitalício, conforme definido em contrato. Isto significa que o vendedor recebe o valor do seu imóvel imediatamente, sem precisar sair da casa, mantendo sua estabilidade emocional, laços com a sua comunidade e qualidade de vida. Do outro lado, o investidor adquire o imóvel com um desconto significativo em relação ao valor de mercado, já que ele será ocupado durante o período do usufruto. Durante este tempo, não há necessidade de gestão activa, o bem permanece habitado e conservado, e o investidor tem previsibilidade sobre a valorização futura.

A UZU garante que todo o processo seja seguro, transparente e estruturado. Trabalhamos com análise rigorosa de viabilidade jurídica, mediação contratual, escrituras públicas e acompanhamento de ambas as partes durante todo o processo. Em resumo, o modelo da UZU transforma imóveis em oportunidades: o vendedor mantém sua história, ganha liquidez e dignidade, o investidor adquire um activo sólido e acessível, e o mercado se beneficia de uma solução ética, sustentável e juridicamente estruturada.

O que diferencia a UZU Home de outras empresas do sector imobiliário?

Somos o primeiro marketplace, com visão global, a trabalhar exclusivamente com um modelo baseado em usufruto estruturado em Portugal. Ao contrário de produtos de outras regiões, como a "hipoteca inversa" ou o "sale-and-leaseback", o nosso produto é único por não envolver instituições financeiras. Na UZU, o usufrutuário não precisa pagar mensalidades, e a operação não gera acúmulo de juros, ou seja, uma solução simples, transparente e inovadora que garante liquidez imediata aos proprietários, mantendo o direito de uso do imóvel.

Além da tecnologia para simplificar as negociações e trazer mais confiança às partes envolvidas, o nosso diferencial é uma abordagem centrada nas pessoas com foco na responsabilidade social. Somos uma plataforma que cria conexões humanas através de imóveis. Enquanto muitas empresas do sector focam apenas em transacções rápidas ou lucros imediatos, nós pensamos no impacto a longo prazo, tanto para quem vende quanto para quem investe. Respeitamos a história e a relação dos proprietários com o lar. Nosso processo é transparente, seguro e personalizado.

Como as parcerias estratégicas têm contribuído para a expansão do modelo da UZU e para consolidar a confiança no mercado imobiliário?

Estamos a trabalhar para agregar iniciativas locais em vários países. Por meio de parcerias com líderes imobiliários locais, como a Century 21 Arquitectos em Portugal, a UZU procura expandir seu modelo inovador globalmente. Essa parceria ajuda a integrar esforços locais numa plataforma digital centralizada, aumentando a acessibilidade para proprietários e investidores. Temos também a assessoria jurídica do escritório TELLES, uma das mais prestigiadas sociedades de advogados do país. O objectivo é garantir que todas as transacções sejam conduzidas com máximo rigor técnico e enquadramento legal. Estamos a construir uma nova forma de ver o mercado imobiliário: mais humana, mais segura e com alcance global.

Qual a visão de longo prazo da empresa? Onde imagina a UZU Home nos próximos cinco anos?

Nossa visão é nos tornarmos referência global em soluções imobiliárias baseadas em usufruto e consolidar nosso modelo como sinónimo de inovação e responsabilidade social. Já estamos a trabalhar em Portugal, com uma base jurídica robusta, uma parceria fortalecida com a Century21 Arquitectos e a expandir nossa presença para outros países tanto na Europa como na América Latina.

Nos próximos cinco anos, vejo a UZU a liderar o mercado em Portugal, com uma operação sólida e reconhecida em outros países. Nosso objectivo é fazer com que cada vez mais pessoas descubram o potencial de transformar seus imóveis em oportunidades, seja para garantir segurança financeira na velhice ou para investir de forma inteligente e com propósito.

Por que escolheram Portugal como primeiro mercado para expansão?

A escolha de Portugal como ponto de partida para a UZU foi estratégica e, ao mesmo tempo, natural. O país apresenta um mercado imobiliário sólido e em constante valorização, atraindo investidores de todo o mundo. No entanto, ainda há espaço para soluções inovadoras, especialmente aquelas que unem retorno financeiro a impacto social como a nossa. Em Portugal a longevidade é uma realidade, mas com reformas que não acompanham o aumento do custo de vida, muitas pessoas enfrentam desafios financeiros na terceira idade. Há uma população idosa significativa que pode beneficiar do nosso modelo e ter mais qualidade de vida para investir na saúde, ajudar a família ou até mesmo concretizar sonhos.

Em cidades como Lisboa, Porto e no Algarve, muitos seniores vivem em imóveis bem localizados, com elevado potencial de valorização e podem transformar a propriedade em prosperidade para uma reforma mais tranquila. É exatamente aqui que entra o modelo da UZU oferecendo liquidez e estabilidade sem abdicar da casa onde construíram a sua história.

É importante destacar ainda que Portugal oferece um ambiente favorável para negócios, com estabilidade económica e um ecossistema aberto à inovação. É o lugar perfeito para provarmos o valor da UZU e construirmos uma base sólida para crescer com consistência e propósito. O país é nosso ponto de partida e temos uma visão global desde o início.

Como a UZU Home equilibra a inovação no sector imobiliário com o impacto social?

Para nós, inovação e impacto social caminham juntos. Usamos tecnologia para tornar o processo de venda e investimento mais eficiente e acessível, mas sempre com o foco em gerar benefícios reais. Por exemplo, ao oferecer a opção de venda com usufruto, damos aos proprietários a chance de liberar o valor de seus imóveis sem perder o lar onde viveram por décadas. Para muitos, a casa representa anos de esforço, memórias e vínculos afectivos, e eles querem continuar ali, mas com mais estabilidade. Isso é impacto social: proporcionar dignidade e segurança financeira. Para os investidores, apresentamos uma forma inovadora de entrar no mercado imobiliário com menos barreiras. Isso porque frequentemente, o mercado tradicional oferece apenas opções caras, escassas ou de alto risco, especialmente em zonas urbanas valorizadas, onde praticamente já não há imóveis disponíveis para compra. É um equilíbrio que vem da nossa missão: proporcionar tranquilidade às famílias e investidores por meio de soluções imobiliárias simples, transparentes e inovadoras, transformando propriedades em prosperidade através do usufruto.

O que torna o investimento em imóveis com usufruto atractivo para investidores?

O investimento em imóveis com usufruto é atractivo porque combina segurança, potencial de valorização e um custo inicial mais baixo. É um modelo inovador, desenhado para atender tanto investidores individuais quanto institucionais que buscam alternativas sólidas, com impacto social positivo e retorno previsível.

Ao adquirir a propriedade de raiz, o investidor compra o imóvel por um valor significativamente abaixo do mercado, já que o vendedor mantém o direito de viver nele por tempo determinado ou vitalício. Isso aumenta a margem de rentabilidade, especialmente em zonas urbanas valorizadas.

Além disso, trata-se de um investimento com baixo risco e alta previsibilidade: o imóvel já existe, está em uso, e todo o processo é amparado por um modelo de usufruto estruturado com rigor legal, através da assessoria jurídica do TELLES. Outra vantagem é a liquidez, pois o investidor pode recolocar o imóvel à venda no nosso marketplace a qualquer momento, o que amplia sua flexibilidade e saída do investimento. É um modelo que une rentabilidade, responsabilidade social e propósito.

Esse modelo já é consolidado em outros países? Como ele tem funcionado nestes mercados?

Sim, o modelo de venda com usufruto é bem consolidado em países como França, Espanha e Itália, onde é conhecido como “viagerˮ ou variações locais. Na França, por exemplo, é uma prática comum há décadas: idosos vendem suas casas, continuam vivendo nelas e recebem uma renda ou pagamento único, enquanto os compradores aguardam a valorização do imóvel. Funciona bem porque atende a uma necessidade real de ambos os lados – segurança financeira para os vendedores e investimento estratégico para os compradores. Estamos a trazer essa experiência para o contexto português, adaptando-a às particularidades locais, como a alta procura por imóveis em zonas urbanas e turísticas, e o perfil de uma população idosa que procura soluções para complementar a reforma.

O sucesso nesses mercados se deve a alguns factores-chave: clareza jurídica, confiança no processo e uma cultura que já entende os benefícios de longo prazo do usufruto. Em Portugal, estamos a trabalhar para replicar esse sucesso, ajustando o modelo às especificidades locais – como a valorização imobiliária impulsionada pelo turismo e o investimento estrangeiro – e investindo em educação para mostrar que essa é uma alternativa segura e vantajosa. A experiência internacional dá-nos a certeza de que o conceito funciona; agora, é uma questão de adaptá-lo ao ritmo e às necessidades do mercado português.

Quais são os principais desafios ao implementar esse conceito no mercado português?

Implementar o modelo de venda com usufruto em Portugal apresenta alguns desafios específicos, mas todos eles podem ser superados com a abordagem certa. A falta de familiaridade com o conceito de usufruto no contexto imobiliário é um deles. Diferentemente de países como a França, onde o “viagerˮ é uma prática consolidada, em Portugal muitas pessoas ainda não conhecem ou não confiam plenamente nesse modelo. Isso exige um esforço significativo de educação do mercado, precisamos explicar de forma clara, com respeito e empatia que vender um imóvel com usufruto não significa perder o lar, mas sim libertar seu valor financeiro enquanto mantém o direito de viver na propriedade.

A UZU entende que a casa vai além das paredes físicas, ali tem afecto, cuidado e uma história de vida. Muitos portugueses, especialmente os mais velhos, têm um apego emocional forte pelos seus imóveis, vendo-os como um legado familiar. Convencê-los de que o usufruto pode ser uma solução prática e segura exige acolhimento, escuta activa e um diálogo próximo. Outro ponto é a complexidade burocrática do mercado imobiliário português. Transacções imobiliárias, especialmente aquelas que envolvem contratos de usufruto, podem ser demoradas devido a questões legais, registos notariais e impostos. Estamos enfrentando isso com uma combinação de tecnologia, que agiliza processos, e parcerias com advogados e consultores locais que garantem conformidade e transparência.

Por fim, o mercado imobiliário português é competitivo, com muitos investidores estrangeiros focados em propriedades para comercialização futura com boa valorização, utilização da propriedade no futuro ou mesmo revenda rápida. Nós oferecemos um modelo de investimento mais previsível, juridicamente blindado e de gestão simplificada ideal para quem busca valorização patrimonial com baixo envolvimento direto. Enfim, Portugal tem uma população idosa crescente, um mercado imobiliário dinâmico e uma abertura cada vez maior para soluções inovadoras. O cenário é propício para que a UZU prospere com impacto, responsabilidade social e visão de longo prazo.

Num geral, qual a mensagem que a UZU quer passar para as pessoas?

A mensagem central da UZU é que o mercado imobiliário pode, e deve, trabalhar a favor das pessoas, de forma justa, inovadora e humana. Queremos que proprietários, especialmente aqueles na terceira idade, vejam seus imóveis como uma oportunidade para viver com mais conforto e segurança financeira, sem abrir mão do lar que amam. Para os investidores, queremos mostrar que é possível construir riqueza de maneira ética, com investimentos que não apenas geram retorno, mas também fazem a diferença na vida de alguém.

Nosso objectivo é transformar a percepção do que significa “venderˮ ou “investirˮ num imóvel. Não se trata apenas de transacções, mas de criar conexões que beneficiem todos os envolvidos. Em resumo, queremos dizer que o seu imóvel pode ser mais do que uma casa, pode ser a chave para um futuro melhor, para si e para outros. É uma mensagem de confiança, inovação e impacto positivo, que reflecte nosso compromisso em construir um mercado imobiliário mais inclusivo e sustentável.


Equipa UZU