
Preços das casas aumentam mais em Lisboa do que em Londres e Paris
O último relatório global da Knight Frank, da qual a portuguesa Quintela + Penalva é associada, mostra um abrandamento conjuntural no mercado residencial prime no terceiro trimestre de 2025, com o ritmo de crescimento mais lento dos últimos dois anos.
Apesar disso, a valorização média anual situou-se nos 2,5%. De referir que o Prime Global Cities Index (PGCI) da Knight Frank monitoriza a evolução dos preços de imóveis prime em 46 cidades em todo o mundo.
Apesar do abrandamento generalizado, Lisboa surge entre os mercados com desempenho positivo, registando uma subida anual de 3,1%, posicionando-se na 18.ª posição do ranking global. “Estes dados evidenciam a capacidade de crescimento, de captação de investimento e de resiliência de Lisboa. Demonstram igualmente que, ao longo dos últimos anos, a cidade tem vindo a consolidar-se como um destino de referência do mercado residencial de alta qualidade”, afirma Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela + Penalva, associada em Portugal da Knight Frank.
Europa com estabilidade moderada. Lisboa supera cidades como Berlim, Dublin, Paris e Londres
O continente europeu apresenta um quadro de estabilidade moderada: Madrid (+6,1%), Zurique (+5,4%), Genebra (+4,2%) e Frankfurt (+3,1%) mostram crescimento robusto.
Paris avança 1,4%, mantendo recuperação gradual. Londres regista uma queda anual de -3,6%, afectada pelo custo de financiamento e pela sensibilidade do mercado às expectativas macroeconómicas.
Lisboa confirma resiliência no panorama internacional. Com uma variação anual de +3,1%, Lisboa posiciona-se como um dos mercados europeus mais resistentes, beneficiando dos seguintes fatores: uma procura estruturalmente superior à oferta disponível; atratividade para compradores internacionais, apesar de ajustes recentes no enquadramento fiscal, e ainda estabilidade relativa face à volatilidade observada noutras capitais. Estes são algumas dos motivos que justificam esta procura elevada.
O desempenho de Lisboa supera várias cidades comparáveis, como Berlim (2,7%), Dublin (2,3%), Paris (1,4%) e Londres. “Acreditamos que os preços em Lisboa e noutras regiões do país, como Comporta, Cascais – Estoril ou Porto, continuam a apresentar potencial de valorização nos próximos anos. Este dinamismo resulta não apenas da elevada qualidade dos novos projetos em desenvolvimento e da crescente procura por parte de investidores nacionais e internacionais, que procuram mercados sólidos, seguros e sustentáveis”, refere Francisco Quintela.
Mercado global desacelera com incerteza sobre cortes de juros
De acordo com a análise da Knight Frank, a evolução do mercado continua a ser condicionada pelas expectativas sobre a política monetária.
“O crescimento dos preços prime arrefeceu para o ritmo mais lento em dois anos, à medida que a desaceleração nos cortes de taxas limita o desempenho global. Contudo, com a expectativa de novas descidas em 2026, estão a criar-se as condições para uma recuperação”, afirma Liam Bailey, Global Head of Research da Knight Frank.
A Knight Frank antecipa um reforço do crescimento dos preços já em 2026, ainda que o ponto de viragem só deva tornar-se evidente ao longo do primeiro trimestre.
Tóquio lidera o ranking; Dubai mantém forte desempenho a cinco anos. O índice revela fortes assimetrias regionais e destaca vários casos notáveis. Tóquio regista a mais elevada variação anual do ranking: +55,9%, impulsionada pela escassez de oferta e efeitos cambiais associados ao enfraquecimento do iene. Seul ocupa a segunda posição, com +25,2%, confirmando uma tendência de valorização sustentada.
Bangalore (+9,2%), Dubai (+8,5%) e Mumbai (+8,3%) completam o Top 5 mundial. Apesar de uma correção trimestral (-6,9%), Dubai continua a ser o mercado mais forte nos últimos cinco anos, com uma impressionante valorização acumulada de 198%, seguida por Tóquio (115%) e Manila (81%).
Ásia-Pacífico: grandes divergências
Na região Ásia-Pacífico, a dinâmica é heterogénea: Hong Kong mostra primeiros sinais de recuperação após cortes de juros.
Mercados de luxo na China continental mantêm-se fraco, devido à estratégia governamental de diversificação do crescimento económico. O governo chinês desviou intencionalmente o foco do sector imobiliário para a indústria de alta tecnologia e para o consumo interno como motores de crescimento económico. Com um apoio político limitado, a procura nos segmentos superiores deverá manter-se fraca nos próximos nove a doze meses.
Austrália revela desempenho misto: Gold Coast e Perth beneficiam de forte procura e oferta limitada, enquanto Melbourne apresenta fragilidades.












