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Habitação by century 21

 

Estrangeiros perdem interesse em comprar e arrendar casa em Portugal

26 de fevereiro de 2024

Norte-americanos perdem interesse em comprar casa em Portugal. Mas brasileiros continuam a dominar arrendamento, mostram os dados de um estudo do idealista.

Os vistos gold para investimento imobiliário terminaram em Outubro e o regime para Residentes Não Habituais (RNH), nos antigos termos, acabou em 2024. De acordo com o estudo do portal imobiliário, o fim anunciado destes benefícios fiscais coincide com um arrefecimento na procura internacional de casas à venda no final de 2023, sobretudo pelos norte-americanos. E, no mesmo período, também se observou uma diminuição do interesse estrangeiro em arrendar casa em Portugal, tal como sugerem os dados do idealista/data. Mas, apesar desta menor atracção, os estrangeiros continuam a representar mais de 22% do total da procura de casas para comprar e arrendar no nosso país.

Foi no passado dia 7 de Outubro, com a entrada do Mais Habitação, que o programa vistos gold terminou para investimento imobiliário. E, no âmbito do Orçamento do Estado para 2024, o regime para Residentes Não Habituais (RNH) também chegou ao fim no início deste ano, estando apenas previsto um período de transição para quem comprove que estava a planear a mudança para Portugal ainda em 2023 (com um contrato de trabalho, de arrendamento ou até de compra e venda de casa). Para substituir o regime RNH, foi criado um incentivo fiscal destinado à investigação científica e inovação - sendo, portanto, “mais restrito” -, que ainda não tem todos os beneficiários clarificados, apesar de estar em vigor.

Os dados do idealista sugerem que, até ao final de 2023, o término dos vistos gold e o anúncio do fim dos RNH (entre outros factores) produziu alguns efeitos sobre a procura internacional de habitação em Portugal:

  • Casas para comprar: a procura de estrangeiros passou a pesar 23,1% sobre o total no último trimestre de 2023, contra os 24,3% registados no trimestre anterior (-1,2 pontos percentuais). Em termos homólogos, observou-se uma diminuição do interesse em 11 grandes cidades;
  • Casas para arrendar: o peso da procura de estrangeiros terminou o ano a representar 22,2% do total, o menor valor desde meados de 2021. Esta percentagem é, portanto, inferior à registada no trimestre anterior (23,6%), bem como no período homólogo (29,7%). De notar ainda que a procura de estrangeiros no mercado de arrendamento caiu em todas as capitais de distrito em termos homólogos.

O idealista indica ainda que pesar de os dados fazerem depreender que o fim destes incentivos fiscais terá retirado interesse internacional pelo mercado de habitação português - numa altura em que as casas continuam a ficar mais caras -, o que é certo é que os estrangeiros continuam a representar mais de 22% do total da procura de casa tanto para comprar, como para arrendar. Até porque não são só estes regimes fiscais que atraem os cidadãos do mundo a viver em Portugal: também o clima ameno, a qualidade de vida, segurança e os bons serviços de saúde e educação, a par do regime de nómadas digitais, são importantes factores de atração para estas famílias que querem mudar de vida.


Entre as principais nacionalidades estrangeiras que procuram comprar casa em Portugal, os franceses são os que têm maior destaque nos últimos cinco anos, permanecendo quase sempre em primeiro lugar, tendo sido apenas ultrapassados pelos norte-americanos entre o Verão de 2022 e o Verão de 2023.

Já no último trimestre de 2023, depois do fim dos vistos gold ser aprovado, verificou-se que o interesse dos norte-americanos por comprar casa no país arrefeceu, passando de 12,4% no Verão para 11,4% no final do ano, deixando assim o 1.º lugar. E o interesse dos brasileiros também caiu neste período, de tal forma que saíram deste top5 depois de uma presença assídua desde 2019.

Foi assim que os franceses voltaram à primeira posição, sendo, portanto, os cidadãos estrangeiros que maior peso têm sobre o total da procura internacional de casas à venda no país no final de 2023. Em segundo lugar estão os britânicos, seguidos dos norte-americanos, alemães e suíços, mostram os dados.


Após um período de oscilação entre 2019 e o início de 2021, o peso dos estrangeiros sobre a procura de casas para arrendar em Portugal foi sempre subindo, chegando aos 30% do total no segundo trimestre de 2022, o que pode ser explicado pelas menores restrições à circulação no pós-pandemia que promoveram a chegada de migrantes (entre outros factores). Já depois dessa altura, a procura de casas por estrangeiros foi arrefecendo, terminando 2023 a representar apenas 22,2% do total.

Esta queda da procura internacional no mercado de arrendamento português foi sentida em todas as capitais de distrito no final de 2023 face ao mesmo período do ano passado, com a maior queda a ser registada em Vila Real (-12,1 pontos percentuais) e a menor em Lisboa (-1,5 pontos percentuais), revelam ainda os mesmos dados do idealista/data. A nível trimestral observou-se um arrefecimento do interesse em 14 grandes cidades, Porto e Lisboa incluídos.

Foi mesmo o Funchal, Bragança e Viana do Castelo que mais atraíram as famílias estrangeiras para arrendar uma habitação no final do ano passado. E Évora, Santarém e Portalegre foram as que despertaram menos interesse a estes agregados.


O Brasil tem sido o principal país de origem da procura estrangeira para arrendamento nos últimos cinco anos, tendo terminado 2023 a pesar 24,2% face ao total. Isto porque, numa fase inicial, os cidadãos brasileiros tendem a arrendar casa em Portugal, para se adaptarem à distância da família e à mudança cultural. Só depois de se adaptarem ao país é que resolvem mesmo comprar casa (ou até reabilitar).

É dos EUA que se regista a segunda maior procura de casas no mercado de arrendamento português por parte de estrangeiros (10,4% do total), seguida de Espanha (8,2%), Alemanha (6,5%) e Reino Unido (6,4%), indicam ainda os mesmos dados. Muitos destes estrangeiros que resolvem arrendar casa no país são nómadas digitais e reformados que procuram clima ameno, conjugado com um bom custo de vida.