CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Escritórios

 

Mercado de escritórios ultrapassa os níveis de procura de 2021

18 de julho de 2022

O volume de absorção de 168.300 m2 de espaços de escritórios na Grande Lisboa no 1º semestre do ano, foi distribuído por 105 operações. A procura efectivada mais que quadruplicou face ao período homólogo e já ultrapassou os valores registados no final do ano 2021, de 161.600 m2, revela a Worx Real Estate Consultants.

Estes números são influenciados por algumas grandes operações, em parte de ocupação própria e outras contratualizadas mas mas cujas ocupações apenas se realizarão no futuro, como no caso de novas sedes e edificios que ainda não foram concluídos.

A ocupação de quase 28.000 m2 da Fidelidade na sua futura sede em Entrecampos e a compra do BNP Paribas de dois edifícios em construção no Parque das Nações com mais de 38.000 m2 protagonizaram as maiores operações do ano até agora. Assim, o Parque das Nações (zona 5) e a Zona Emergente (zona 3) foram as zonas que concentraram a maior parte da procura, 30% e 24% respetivamente.

Os principais projectos em pipeline, inclusivamente os especulativos, continuam a avançar com grande urgência para dar resposta a uma procura forte e crescente, sobretudo nas localizações mais centrais da cidade. Procura robusta, mesmo no contexto atual de relativa incerteza Paralelamente, existem alguns fatores no contexto nacional e internacional que despertam atenção na influência que poderão ter na tomada de decisão dos players do mercado imobiliário.

Com impacto mais imediato, temos o aumento dos custos de construção e a incerteza da disponibilidade e prazos de entrega dos materiais. Do lado dos proprietários, é necessária uma especial precaução no planeamento e orçamento dos contratos de empreitada, que tenha em conta esta imprevisibilidade e a necessidade de eventuais ajustes. Do lado dos arrendatários, estes impactos nos projetos de fit out levam a que as decisões de mudança de instalações sejam mais ponderadas, havendo em parte uma aposta nas renegociações dos contratos de arrendamento. Também a instabilidade do mercado das fintech nos EUA pode levar igualmente a que algumas das empresas mais expostas a estes mercados não se encontrem num momento propício para mudar as suas instalações, colocando estas decisões on hold.

Por outro lado, o aumento da taxa de inflação e da taxa de juros levantam um clima de incerteza acrescida, ainda que o imobiliário tradicionalmente represente um bom refúgio. Ainda assim, Portugal mantém-se numa trajectória crescente com as suas excelentes características intrínsecas, em termos de segurança, bom clima e os salários baixos, a manterem a atratividade do país face aos mercados internacionais concorrentes mais do que nunca. Sustentabilidade em destaque no sector dos escritórios

Outra tendência que tem vindo a ganhar destaque no mercado de escritórios é o tema da sustentabilidade

O sector já representa 56% das certificações LEED aprovadas e 14% das certificações BREEAM concedidas, não havendo ainda edificios com certificação WELL. Os proprietários de edifícios de escritórios estão a apostar em força na obtenção das principais certificações de sustentabilidade desde o início dos projectos, principalmente na construção nova, mas também nos projetos de reabilitação, ainda que com uma dificuldade acrescida. Considerando o atraso que existe no mercado português face ao contexto europeu, é muito relevante que as certificações sejam agora vistas como algo imperativo e não apenas como um extra nos edifícios de escritórios, dado que há empresas multinacionais que praticamente já só olham para edifícios certificados.

O mais recente estudo da PwC e da Worx, apresentado no dia 12 de Junho no Palácio Sottomayor, revela que os proprietários valorizam mais a certificação LEED para a sua estratégia de sustentabilidade (45%), sendo também a mais reconhecida pelos arrendatários de espaços de escritórios (72%). Seguem-se as certificações BREEAM e WELL que também são consideradas relevantes (36%). Já dos poucos proprietários que ainda não consideram apostar nestas certificações (32%), todos garantem que querem tornar os seus ativos mais eficientes (100%).