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Arquitectura
Hotel Palmira: Um novo capítulo num edifício centenário de Lisboa

Foto Ricardo Oliveira Dias

Hotel Palmira: Um novo capítulo num edifício centenário de Lisboa

30 de junho de 2025

Um edifício de habitação da Rua Palmira, n.º 14, na freguesia de Arroios, em Lisboa, datado do início do século XX, renasce como Hotel Palmira, um novo espaço hoteleiro de três estrelas com 21 unidades de alojamento e capacidade para 40 camas. O projecto de reabilitação é assinado pelo atelier Orgânica Arquitectura, que propõe um diálogo criativo entre o antigo e o contemporâneo.

A intervenção visou adaptar a estrutura habitacional original às exigências funcionais de uma unidade hoteleira, nomeadamente através da reorganização dos circuitos de circulação entre áreas de serviço e zonas de hóspedes. Para isso, foram introduzidos dois elevadores que separam claramente os fluxos operacionais e criadas galerias exteriores na fachada virada para o n.º 12, aproveitando o afastamento entre edifícios para permitir o acesso directo aos quartos.

Essas galerias, rematadas nos topos por um novo corpo de escadas, asseguram também a circulação de emergência, permitindo a remoção das escadas e corredores interiores previamente existentes, optimizando o uso dos espaços.





Foto©Eduardo Montenegro



Foto©Eduardo Montenegro



Segundo o arquitecto Paulo Serôdio, responsável pelo projecto, a intervenção procurou evitar soluções repetitivas habitualmente aplicadas em zonas consolidadas da cidade. “Propusemos uma alternativa que respeita a morfologia do quarteirão e introduz elementos de leitura contemporânea, como a composição abstrata da fachada e a forma do edifício em planta, alinhada com os vizinhos”, sublinha.

Entre os elementos mais marcantes da renovação estão o redesenho dos vãos, a utilização de novos materiais e a incorporação de painéis metálicos perfurados com padrões geométricos irregulares, conferindo à fachada uma identidade actual sem desvirtuar a memória do edifício.

Reabilitação estrutural e sustentabilidade

O edifício encontrava-se em estado avançado de degradação, consequência da sua antiguidade e dos materiais construtivos originais. Em particular, as vigas de madeira apresentavam sinais de apodrecimento e infestação por xilófagos, sobretudo nas ligações às fachadas e empenas.

A reabilitação incluiu o reforço estrutural dos pisos, especialmente nos níveis 2 e 3, onde se detectaram deformações devido à eliminação de uma parede de suporte. Foram ainda instaladas novas infraestruturas técnicas — redes de água, esgoto, climatização, eletricidade e telecomunicações — e implementadas soluções construtivas com elevado desempenho térmico e acústico.



Foto Ricardo Oliveira Dias



Foto Ricardo Oliveira Dias



Um gesto arquitectónico com consciência histórica

Para Paulo Serôdio, o projecto representa mais do que uma simples reconversão: “A reinvenção do edifício abre espaço a uma tensão produtiva entre temporalidades — o novo e o antigo. Esta transgressão arquitectónica é uma alternativa crítica que não recusa o passado, mas também não o cristaliza.”

O arquitecto defende que a transformação de usos nos edifícios da cidade histórica deve traduzir-se numa expressão arquitectónica própria do seu tempo, contribuindo para a continuidade viva da cidade.

O Hotel Palmira surge assim como exemplo de uma reabilitação sensível e inteligente, onde a memória do lugar e a linguagem contemporânea se cruzam para dar nova vida ao património urbano de Lisboa.

Foto Ricardo Oliveira Dias



Foto Ricardo Oliveira Dias





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