CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Escritórios

 

60% dos portugueses não aceitariam um emprego que afectasse o work-life balance

29 de janeiro de 2024

Os colaboradores dão cada vez mais prioridade a temas como a flexibilidade, o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, e ao alinhamento entre os seus valores com o das empresas para a qual trabalham, avança um estudo da Randstad.

Na mais recente edição do estudo Workmonitor, que inquiriu 27 000 trabalhadores em 34 mercados da Europa, Ásia-Pacífico e Américas, a empresa de trabalho temporário, conclui ainda que a preocupação com o seu próprio desenvolvimento permitindo-lhes adquirir as competências para se manterem relevantes no mercado de trabalho continua também a ser determinante para os talentos, ainda para mais à luz da adopção cada vez mais generalizada das ferramentas de inteligência artificial.

Esta edição do estudo destaca ainda o modo como o tema ambição e da progressão de carreira é vista pelos profissionais aos dias de hoje. Mais de metade (56%) dos trabalhadores consideram-se ambiciosos, segundo este estudo, um valor que cresce para 69% no caso da Geração Z. Quase metade (47%) dos trabalhadores não está focada na progressão e a mesma proporção está disposta a permanecer numa função de que gosta, mesmo que não haja espaço para progredir ou desenvolver-se. Para além disto, um terço (34%) dos trabalhadores não quer assumir funções de direção.

Os colaboradores consideraram assim o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (93%), a flexibilidade no que diz respeito ao horário de trabalho (81%) e o apoio à saúde mental (83%) como factores mais importantes num emprego, mais do que a ambição de construir carreira (70%). Porém, o estudo indica que o facto de os colaboradores não apresentarem como principal foco a progressão de carreira na sua forma mais tradicional, isto é assumindo por exemplo, funções de liderança, tal não significa que não tenham interesse no seu próprio desenvolvimento. Quase três quartos (72%) classificam as oportunidades de formação e desenvolvimento como importantes e um terço (29%) deixaria um emprego se não lhes fossem oferecidas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento para prepararem as suas competências para o futuro, com especial foco na Inteligência Artificial (IA).

O que procuram os trabalhadores portugueses

Em Portugal, a ambição dos colaboradores vai também além da subida na carreira e a motivação para tal não tem necessariamente como objectivo assumir uma função de liderança com uma parte dos trabalhadores a valorizar muito a satisfação no trabalho. Garantir um equilíbrio estável entre a vida profissional e pessoal torna-se fundamental, por vezes até mais do que obter um salário mais alto. Os colaboradores também estão a dar prioridade à sua própria felicidade, saúde mental e vida pessoal em detrimento do emprego.

Os resultados do inquérito revelam que 57% dos colaboradores sentem-se ambiciosos relativamente à sua carreira e 36% estão preocupados em perder o seu emprego. Quanto às motivações, 37% dos inquiridos referiram que, ainda que não exista espaço para progredirem em determinada função, continuarão a desempenhá-la caso seja um cargo de que realmente gostem.

A preocupação com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional está em destaque nesta análise, com 60% dos colaboradores a afirmarem que não aceitariam um emprego se considerassem que iria afetar negativamente o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Para além disto, 50% dos inquiridos referem que a vida pessoal é mais importante do que a vida profissional e 39% mencionam que abandonariam um emprego que lhes impedisse de desfrutarem da sua vida.

Segundo o estudo, para os portugueses, os cinco principais elementos relativos ao emprego actual ou futuro são: equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal (97%); o salário (96%); o apoio à saúde mental (94%); a segurança no emprego (93%); a flexibilidade do horário de trabalho, assim como as oportunidades de progressão na carreira (88%).

Flexibilidade: Uma prioridade para os colaboradores portugueses

A análise reforça a ideia de que a flexibilidade vai além do teletrabalho, incluindo também o horário de trabalho, que, na tomada de decisão para assumir uma nova função, é um elemento de flexibilidade considerado mais crucial. Ao serem questionados sobre o que não aceitariam num emprego que não oferecesse flexibilidade, 29% dos inquiridos responderam que não aceitariam falta de flexibilidade relativamente à localização e 32% mencionaram que não aceitariam falta de flexibilidade quanto ao horário. Há ainda a destacar que 26% considerariam deixar o emprego se lhes fosse pedido para passar mais tempo no escritório e 42% referiram que o seu empregador não está a proporcionar flexibilidade suficiente para trabalhar a partir de casa, tendo também 30% respondido que as entidades patronais se tornaram mais rigorosas no que diz respeito a garantir que os colaboradores vão ao escritório.

Equidade e diversdade: Dois atributos procurados pelos colaboradores portugueses nos empregadores

Ao longo do estudo, é reforçada a ideia de que os colaboradores valorizam os empregadores que refletem os seus pontos de vista, valores e compreensão do mundo e que, deste modo, tomam medidas para melhorar a equidade no local de trabalho.

Os colaboradores procuram cada vez mais, segundo a análise, parcerias com empresas que demonstrem ideias semelhantes às suas. Deste modo, 31% dos inquiridos referem que não aceitariam um emprego se não concordassem com os pontos de vista do empregador, assim como 37% indicam que não aceitariam um emprego se a organização não estivesse a fazer um esforço proativo para melhorar a sua diversidade e equidade e 32% dizem não aceitar um emprego numa empresa que não estivesse de acordo com os seus valores em questões sociais e ambientais.

Os trabalhadores portugueses continuam a dar prioridade à "preparação para o futuro" das suas competências, especialmente à adoção da IA

Outro ponto de destaque nesta análise é a importância dada à formação, nomeadamente em termos de competências de IA, com mais de um terço dos inquiridos a afirmar que não aceitaria um emprego que não oferecesse formação para preparar as suas competências para o futuro.

"Estes dados são interessantes e permitem-nos perceber que o modo como os profissionais olham para a sua carreira está a mudar. O que os motiva é mais do que um salário e ambicionam muito mais do que assumir cargos de liderança. Percebemos que a tendência para a valorização do salário emocional é cada vez maior, com vertentes como a flexibilidade e a formação em grande destaque e que os profissionais estão cada vez mais preocupados com o seu bem-estar e em garantirem que se mantêm relevantes no mercado de trabalho, sobretudo quando vimos a inteligência artificial cada vez mais presente no nosso dia-a-dia. As dinâmicas do mercado de trabalho estão a mudar e é fundamental que as empresas reconheçam estas mudanças e que construam a sua estratégia de atração e retenção de talento cada vez mais alinhada com aquilo que os profissionais procuram,” refere Isabel Roseiro, directora de Marketing da Randstad.