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Salários na hotelaria sobem quase 7%
Salários na hotelaria sobem quase 7%, pressionados pela escassez de mão-de-obra. A hotelaria representa 12,4% do desemprego nacional, com forte concentração no Algarve, estas são algumas das conclusões do último estudo da Randstad.
Com a aproximação da época alta do turismo, os dados mais recentes sobre o emprego, salários e estrutura do sector da hotelaria ganham especial relevância para compreender os desafios que empresas e trabalhadores enfrentam nos meses de verão. Assim, a Randstad Research acaba de divulgar uma radiografia do mercado de trabalho no sector da hotelaria, com base nos dados do INE, Segurança Social e Eurostat.
A remuneração média no sector da hotelaria atingiu 1.198 euros em Dezembro de 2024, reflectindo um crescimento anual de 6,9% e um aumento mensal de 7,4%. Uma evolução que está associada ao esforço do sector para atrair e reter profissionais num contexto de escassez de mão-de-obra, elevada sazonalidade e pressão habitacional em regiões altamente turísticas.
Apesar da tendência positiva, as remunerações variam significativamente consoante o tipo de estabelecimento e a função desempenhada. Analisando a estrutura do emprego no sector, encontramos uma predominância de profissionais qualificados (38,9%) e semiqualificados (24,0%), reflectindo a necessidade de especialização do setor.
O número de empresas no sector apresenta evoluções distintas. Enquanto a actividade de alojamento tem vindo a crescer de forma significativa desde 2014, impulsionada pela expansão do turismo e da oferta de alojamento local (embora com um ligeiro impacto negativo em 2020 devido à pandemia), a restauração, por outro lado, manteve-se estável. Ainda assim, em 2023 o número empresas de restauração foi consideravelmente maior do que o do alojamento.
“O aumento das remunerações é um sinal de que o sector está a tentar responder à escassez de mão-de-obra, mas os dados mostram que a valorização salarial não é suficiente para resolver os desafios estruturais. A instabilidade contratual, a pressão habitacional e a sazonalidade continuam a limitar a capacidade de retenção de talento. É essencial pensar em soluções mais integradas e regionais para garantir a sustentabilidade da hotelaria no longo prazo”, refere Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad.
Mais de 316 mil empregos e duas realidades distintas
O sector da hotelaria empregava 316,7 mil pessoas no primeiro trimestre de 2025, representando 6,1% do total do emprego nacional. Contudo, este valor representa uma ligeira quebra de 4,1% face ao final de 2024, ilustrando a instabilidade cíclica do setor.
As duas atividades principais deste sector mostram dinâmicas distintas. Dentro do sector da hotelaria, a restauração e similares (incluindo restaurantes, cafés, bares, cantinas e catering) emprega 238,4 mil pessoas, equivalendo a 72,2% do total do setor. Esta área registou um crescimento de 8% no último trimestre de 2024, sustentando o desempenho agregado da hotelaria.
Já a actividade de alojamento (como hotéis, apartamentos turísticos e alojamentos locais) emprega 92 mil pessoas, o que corresponde a 27,8%, mas enfrentou uma diminuição de 4,8% no mesmo período, sinalizando maior vulnerabilidade às flutuações do turismo.
Em Fevereiro deste ano, o sector da hotelaria representava 12,4% do total de desempregados registados nos Centros de Emprego, com 38.574 pessoas inscritas. Este valor representa uma diminuição de 5,2% face ao mês anterior, mas um aumento de 9,9% em comparação com Fevereiro de 2024, revelando uma tendência de rotatividade dos postos de trabalho e fragilidade dos vínculos laborais.
Regionalmente, os desequilíbrios são notórios: No Algarve, a hotelaria representa 50% do desemprego total da região, reflectindo a forte dependência da economia local face ao turismo e à sazonalidade.
Nas regiões autónomas, o setor tem também um peso relativo considerável no desemprego: 17% na Madeira (1.039 pessoas) e 15,2% nos Açores (677 pessoas).
As regiões com maior volume absoluto de emprego são Lisboa e o Norte.
A estrutura demográfica do emprego no sector é marcada pela predominância feminina, com 58% de mulheres empregadas (183 mil pessoas) e (58%) e 42% de homens (134 mil indivíduos), o que contrasta com a quase paridade do emprego a nível nacional.