O retorno do investimento imobiliário
Num cenário de forte incerteza económica em que vivemos, os investidores preferem apostar numa diversificação de ativos e em segmentos menos voláteis, como o investimento imobiliário. Desde a pandemia e até à atual conjuntura inflacionista e de subida das taxas de juro, o comportamento do mercado imobiliário português tem mostrado grande resiliência, tem sabido responder a diferentes conjunturas económicas, sendo uma oportunidade segura de investimento.
Segundo o Índice Anual Imobiliário MSCI de Portugal, o mercado imobiliário nacional alcançou um retorno total de 8% em 2022, uma subida face aos 6,3% registados em 2021, com destaque para melhores desempenhos dos setores hoteleiro e do retalho. Tal recuperação, torna o investimento imobiliário o mais rentável, superando outras classes de ativos, tais como, os fundos de investimentos imobiliários com 5,5% ou o mercado de ações com 7,7%. Esta crescente rentabilidade no mercado imobiliário demonstra a sua robustez e a importância de se considerar esse tipo de investimento.
Vários fatores contribuíram para o aumento do retorno de investimento em 2022. A recuperação económica do país, que cresceu 6,7% em 2022, o mais elevado desde 1987, impulsionada pela recuperação do turismo e do consumo privado, após um aumento de 5,5% em 2021 e a diminuição histórica de 8,3% em 2020 devido aos efeitos da pandemia na economia. A escassez de oferta de novas construções, principalmente nos grandes centros urbanos, onde a procura é elevada e o espaço é limitado, levando a um aumento dos preços das casas e das rendas. Uma grande procura dominada pelos portugueses continua a superar a oferta. A atratividade do país para os investidores estrangeiros com mais poder de compra e incentivos fiscais com o regime dos residentes não habituais, em busca de qualidade de vida e segurança. A alta inflação e o fato da banca não acompanhar a taxa de juro dos depósitos a prazo, faz com que o imobiliário esteja no radar dos investidores para diversificar ativos.
O mercado imobiliário português registou em 2022 uma forte valorização no mercado residencial, para níveis pré-pandemia, com um nível de procura que excede claramente a oferta disponível. Em comparação com outros mercados europeus que registaram retornos inferiores e observaram correções de valor significativas, como o caso do Reino Unido e da Holanda, Portugal teve uma evolução muito interessante, no que respeita à valorização dos ativos, o que o torna um dos destinos mais rentáveis da Europa para a compra de casas.
O ano de 2022 foi um ano muito dinâmico e o melhor de sempre para o setor imobiliário em que foram batidos recordes de vendas e transações imobiliárias, em que os preços da habitação subiram 19%, o maior aumento em 30 anos, segundo a Confidencial Imobiliário. Penso que 2023, além de desafiante, será promissor para o setor residencial, visto que a procura continua alta e a oferta baixa, o que deixa antever uma estabilização ou até mesmo uma subida de preços.
Portugal continua no radar dos investidores estrangeiros, quer pela própria estabilidade e segurança do país, quer porque o mercado imobiliário continua a ser, apesar de todas as adversidades, um dos setores mais seguros para investir, e atrativo no comparativo com outras capitais europeias. O facto de termos muitas empresas internacionais sediadas em Portugal, com tendência a aumentarem, também é um fator que influencia positivamente a dinâmica do mercado imobiliário em geral.
João Sousa
CEO da JPS GROUP
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico