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Opinião

Ricardo Sousa, CEO da Century 21 para Portugal e Espanha

Não é a tecnologia, é a experiência e o valor acrescentado que oferecem uma maior vantagem competitiva

27 de julho de 2022

Na próxima década, vamos assistir ao desaparecimento gradual de muitos profissionais e empresas de intermediação imobiliária. Apesar do que possa parecer, esta situação não irá decorrer diretamente da tecnologia, nem dos novos modelos de trabalho que começam a funcionar no nosso País. A verdadeira ameaça está em nós próprios, na nossa resistência a evoluir e a inovar, para assegurar que conseguimos proporcionar a melhor experiência e maior valor acrescentado aos nossos clientes e à comunidade.

Ainda vemos muitas imobiliárias seguirem um modelo de negócio focado no produto - os imóveis- e nas transações. Mas para se ser competitivo nesta nova realidade, é fundamental passar de uma lógica de produto, para uma lógica de serviço, e de uma lógica de transações para uma lógica de relação.

E é aí que reside o nosso principal valor diferencial, na nossa capacidade de trabalhar em conjunto, para partilha de conhecimento e criação de relações de confiança. Assim, o conhecimento das dinâmicas do mercado local e a eficaz identificação do perfil dos clientes, das suas verdadeiras expetativas e necessidades, permitem-nos criar laços fortes e duradouros com as pessoas.

Neste processo de evolução, em primeiro lugar destacaria a procura e promoção da venda de um imóvel influenciada, em grande medida, pelos hábitos de consumo e pela tecnologia. A realidade virtual, as visitas guiadas online, a decoração virtual, as redes sociais, as apps, o metaverso, os drones... Todas estas ferramentas, e respetivas evoluções, estão a ser integradas na forma como o cliente procura casas online. Já não basta publicar imóveis em plataformas digitais, é necessário utilizar estas novas plataformas e investir melhor e de forma cada vez mais inteligente no plano de marketing do próprio imóvel.

Como segundo pilar, gostaria de salientar a automatização dos processos de transações graças à Web3 e à tecnologia blockchain com os NFT, DAO e DeFi, que irão facilitar a realização de transações online seguras, bem como solicitar e contratar o crédito à habitação. Tudo isto irá, certamente, melhorar a experiência dos consumidores através de transações mais rápidas e transparentes.

Por fim, é imperativo refletir sobre o papel do consultor imobiliário. A sua atividade, tão necessária no processo de compra, venda e arrendamento, tem que evoluir, ou melhor, tem que se reinventar, porque a tecnologia vai mudar radicalmente o mercado e as nossas vidas com um objetivo muito claro: simplificar! Portanto, o consultor imobiliário que se limita a mostrar apartamentos e a publicá-los em portais imobiliários deixou de ter espaço no mercado atual. Os clientes são cada vez mais exigentes, e agora esperam ser constantemente aconselhados e informados.

As novas ferramentas digitais devem ser utilizadas pelos consultores imobiliários para oferecer valor acrescentado aos seus clientes e ganhar eficiência no processo. É esse o objetivo: a orientação para o cliente, com a tecnologia como potenciadora da eficiência, e da comunicação com o cliente e com o mercado, para a prestação de um serviço cada vez mais personalizado.

Ricardo Sousa

CEO da Century 21 para Portugal e Espanha

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico