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Momento único na reabilitação de Lisboa desde Marquês de Pombal

9 de novembro de 2018

A Essentia, empresa de consultoria e gestão de projecto nas áreas da Reabilitação Urbana, do Imobiliário de nicho, da Hotelaria e Turismo Sustentável, bem como no Território de Redes de Cultura e de Lazer, está a coordenar alguns dos projectos mais emblemáticos para Lisboa.

São 11 grandes empreendimentos nos locais mais desejados da cidade que abrangem cerca de 76.500 metros quadrados para reabilitar, desde imóveis, palácios e palacetes históricos, entre eles o conhecido Quarteirão da Portugália, com assinatura do atelier ARX.

Só em hotéis estão a ser desenvolvidos seis, num investimento de cerca de 120 milhões de euros e todos trazem novas cadeias hoteleiras, verdadeiras estreias em Portugal. Um no Cais do Sodré, dois na 24 de Julho, um na Baixa, outro no Chiado e um em Santos. Um será de construção nova e os restantes resultam de intervenções de reabilitação.

A consultora vai ainda organizar uma conferência internacional no dia 29 de Novembro, na Estufa Real, na Ajuda, em Lisboa, com o tema: “Marcas Globais, destinos turísticos e mercado imobiliário. ... como tirar o melhor partido desta relação?”, com o objectivo de abordar questões como: Em que eixos de crescimento/requalificação deve a cidade evoluir de forma a desanuviar as zonas que estão turística e urbanisticamente pressionadas?

José Gil Duarte, Founder & CEO da Essentia, em entrevista ao Diário Imobiliário, revela que a reabilitação em Lisboa está a viver um momento absolutamente extraordinário e único desde o tempo de Marquês de Pombal e o pós-terramoto.

Como se define a Essentia no mercado imobiliário? O que a diferencia?

Trata-se de uma consultora especializada, com 22 anos de experiência, que trabalha no segmento do turismo e imobiliário de nicho que podem ser actividades com uma dimensão operacional como são as residências universitárias, residências de estudantes, residências seniores, mas também produtos comerciais ou espaços de trabalho inovadores. Na prática, temos uma particular sensibilidade para a dimensão sociológica do produto em que trabalhamos assim como também a área residencial de nicho. Nesse contexto, tem ao longo da sua existência criado e desenvolvido uma especialização e uma capacitação dos seus elementos que a constituem, que permite aportar aos seus clientes soluções inovadoras, adequadas aos mercados onde se inserem, com uma correcta adequação do produto final correspondendo a uma eficiência operacional e a uma valorização para o cliente final.

Diferenciamo-nos também pelo nosso posicionamento, em que utilizamos todos os nossos projectos para valorizar valores humanos, éticos, estéticos,  valores que nos permitem assegurar uma forma de estar em que tentamos humanizar os processos e os projectos através da transparência, a credibilidade, a cooperação, o trabalho de equipa e a lealdade. Todos estes valores humanistas estão presentes em cada decisão ou opção que tomamos para o nosso cliente.

Sendo uma empresa altamente especializada e com uma equipa com muita experiência. Temos nos nossos quadros, profissionais com backgrounds muito diferentes, percursos profissionais muito complementares, uma equipa multidisciplinar, muito operacional e o nosso serviço permite ao cliente ter um developers agency . Neste contexto,  incorporamos  todas as competências da promoção imobiliária. Vamos desde a definição do conceito feito pela equipa de research, que vai trabalhar e aprofundar o mesmo , validamos esse conceito de uma dimensão construtiva com a equipa de arquitectura e engenharia,  que valida os projectos construtivos e depois entra a equipa financeira que concebe a estratégia e o business plan para a ideia que se tem vindo a germinar. Uma vez validado este conceito e atribuído o orçamento para o desenvolvimento do mesmo, assumimos todas as funções de project management a definição de programa, escolha de equipas técnicas, temos a capacidade de juntar as pessoas correctas e tirar o melhor de cada uma para o projecto.

Conseguimos igualmente ter a capacidade para estabelecer o relacionamento administrativo com as identidades competentes e depois toda a gestão de construção até ao projecto estar concluído. Para além disso, ainda fazemos a procura das entidades operacionais que vão arrendar os espaços ou que vão geri-los, depende do perfil do investidor, que são essencialmente marcas hoteleiras, marcas de gestão das residências de estudantes ou sénior, de conceitos de co-work ou co-living que temos vindo a desenvolver. Por isso oferecemos um serviço muito abrangente que é moldado às necessidades do cliente, ou seja uma “promoção delegada”.

De que forma vê a a reabilitação em Lisboa e dos projectos em que estão envolvidos?

Em termos de desenvolvimento, o processo de reabilitação que está actualmente em curso era fundamental para a cidade Lisboa, como pudemos ver no documento feito pela Câmara Municipal em 2007. Nesse relatório, havia no concelho de Lisboa cerca de 4 700 prédios devolutos, por razões históricas, mercado de arrendamento inexistente, dificuldade de intervir no centro histórico, o nosso mercado estava mais voltado para a construção nova, havia um conjunto de situações que impediam o normal desenvolvimento do centro da cidade. Agora diria que estamos a viver um momento absolutamente extraordinário e único desde o tempo de Marquês de Pombal e o pós-terramoto, um fluxo financeiro sem precedentes, uma vontade de centrar esse fluxo na zona histórica de Lisboa em projectos de reabilitação, não tudo mas uma grande parte, o que para a capital é uma oportunidade única. Há alguns desafios que se colocam e nesse sentido estamos conscientes e direccionados para os poder antecipar e tentar resolver.

Vemos o projecto de reabilitação como uma grande oportunidade para Lisboa, sentimos que existe por parte das autoridades competentes uma vontade de criteriosamente acompanhar e aprovar esses projectos, o que é  salutar, existe uma consciência de qualidade nesse sentido, o que tem exigido das equipas técnicas uma maior capacidade de resposta e de trazer soluções diferenciadas e inovadoras, estimulando a a competência técnica e o desenvolvimento de novas soluções.

Quais as principais dificuldades e os desafios que são hoje colocados no imobiliário e turismo?

Os projectos onde estamos envolvidos, constituem grandes desafios, temos um pouco de tudo desde monumentos nacionais atá projectos de grande referência e dimensão. Sentimos como principais desafios, por um lado algum estrangulamento e falta de capacidade de resposta por parte das autoridades, que está a aumentar significativamente o tempo de aprovação dos processos e os investidores não ficam indiferentes  a essa demora, por outro lado, a incapacidade de construção instalada em Portugal, que está com dificuldade em dar resposta, e como tal, assiste-se a um aumento do preço de construção e dificuldade no cumprimento dos prazos para entrega das empreitadas.  É também um desafio, a incerteza quanto ao enquadramento fiscal e legal que dado a sua inconstância gera do ponto de vista do investidor algumas tensões e algum recuo em investimentos que podiam ser levados a cabo.

Existem também alguns temas quentes que tem vindo a lume como: O excesso de turismo existe ou não?  Ou a questão de retirar as pessoas do centro de Lisboa. Há temas que através das soluções que temos vindo a trazer aos projectos visam claramente regular este tipo de foco e de os colocar no seu correcto local.

Qual o objectivo da conferência que estão a organizar, com o tema: “Marcas Globais, destinos turísticos e mercado imobiliário. ... como tirar o melhor partido desta relação?

O nosso objectivo com esta conferência, é debater de forma aberta todas estas questões, perceber a importância de trazer novas marcas, operadores qualificados ao nível de marcas hoteleiras internacionais para a afirmação e consolidação de um destino, na criação de novos fluxos e sobretudo no direccionamento desses fluxos para novos produtos, novas zonas de Lisboa e diversificar a oferta que existe hoje no mercado. A ideia passa por criarmos um espaço de discussão, um fórum aberto, com um painel de conferencistas absolutamente extraordinário que estão disponíveis para falar de uma forma muito aberta e partilhar as suas experiências não só em Lisboa como pelo mundo fora.

Convido todos aqueles que poderem e quiserem estar presentes a inscreverem-se, porque será um espaço de intercâmbio de experiências e visões, onde esperemos que surjam novas formas de abordar os temas mais construtivas e onde Lisboa e Portugal poderá retirar deste momento único e histórico todo o benefício que pretendem.