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Entrevistas

David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate

Desaceleração dos preços das casas vai se sentir já em 2024

14 de fevereiro de 2024

"Esta desaceleração pode ser justificada com a redução das medidas fiscais de estímulo ao investimento, taxas de juro elevadas, restrição do acesso a financiamento e perda do poder de compra das famílias", avança David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate.

O responsável aponta ainda a com a estabilização da inflação nos primeiros seis meses do ano e a perspectiva de decréscimo nas taxas de juro a partir do segundo semestre, há expectativas de que o volume de transacções se mantenha em linha com o ano anterior.

O que se pode esperar para o mercado imobiliário em 2024?

No que respeita às expectativas para o mercado imobiliário em Portugal em 2024, podemos projectar separadamente para o primeiro e segundo semestre.

Nos primeiros seis meses, antevê-se uma desaceleração motivada pela prudência imposta pela conjuntura. Nesse período, é possível que as instituições financeiras adoptem critérios mais rigorosos na avaliação de risco, reflectindo a cautela face às incertezas presentes. Contudo, no segundo semestre, prevê-se um ambiente mais dinâmico, impulsionado por uma desejada retoma de confiança dos investidores e famílias.

Com a estabilização da inflação nos primeiros seis meses do ano e a perspectiva de decréscimo nas taxas de juro a partir do segundo semestre, há expectativas de que o volume de transacções se mantenha em linha com o ano anterior. Relativamente ao preço médio de venda dos imóveis habitacionais, podemos prever um ajuste, porém, a uma cadência mais moderada. A escassez de disponibilidade de habitações pode resultar numa desaceleração da procura e num prolongamento no tempo médio de comercialização (já sentido no último trimestre de 2023), especialmente no primeiro semestre.

No mercado de arrendamento é já sentido o aumento da oferta e o maior tempo dos imóveis disponíveis no mercado, o que poderá resultar numa ligeira redução de preço.

Quais as tendências para este ano que podem dinamizar a construção e o imobiliário?

A desaceleração no crescimento dos valores, sobretudo nos imóveis habitacionais, estabelece-se como uma tendência para 2024.

Esta desaceleração pode ser justificada com a redução das medidas fiscais de estímulo ao investimento, taxas de juro elevadas, restrição do acesso a financiamento e perda do poder de compra das famílias. Essa moderação será particularmente visível nas áreas metropolitanas mais povoadas. A procura das famílias tende a ser mais expressiva nas periferias dos grandes centros urbanos, estimulada pela oferta mais competitiva no que ao valor de aquisição diz respeito. Os grandes grupos de construção mostram cada vez mais interesse na aquisição de terrenos e desenvolvimento de projectos nestas regiões. Pode, de facto, ser este o motor que manterá o sector à tona nos próximos anos.

E as maiores dificuldades que o mercado pode enfrentar?

Como referi anteriormente, a desaceleração no crescimento dos valores imobiliários é já uma realidade e perspectiva-se como tendência. A falta de habitações disponíveis para suprir a procura pode ter impacto no número de transacções, afectando o dinamismo do mercado. E a resposta pode estar no desenvolvimento de projectos nas periferias dos grandes centros urbanos. Também se aguarda com expectativa os efeitos reais do “Simplex”: celeridade nos licenciamentos à construção e transformação de edifícios de serviços em habitação como principais pontos chave. A incerteza política no início do ano é outro desafio a ser ponderado. A falta de clareza sobre as políticas e decisões governamentais pode criar hesitação nos investidores e consumidores, impactando o comportamento do mercado. O ano 2024 poderá ser positivo para o sector imobiliário português se existir capacidade de adaptação, as medidas do “Simplex” forem aplicadas com celeridade e se as novas políticas de governação recuperarem a confiança dos mercados e investidores.

https://www.diarioimobiliario.pt/Perspectiva-se-um-2024-em-duas-velocidades-para-o-sector-imobiliario