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Bruxelas estima que casas em Portugal sejam as mais sobrevalorizadas da União Europeia

Ilustração Freepik

Bruxelas estima que casas em Portugal sejam as mais sobrevalorizadas da União Europeia

16 de dezembro de 2025

A Comissão Europeia estima que os preços da habitação em Portugal estejam sobrevalorizados em cerca de 25%, o valor mais elevado atualmente registado na União Europeia (UE). A avaliação consta de um retrato sobre a crise habitacional europeia divulgado esta semana, que acompanha a apresentação do primeiro plano comunitário para promover habitação a preços acessíveis.

“De acordo com os dados mais recentes disponíveis, os preços da habitação permaneceram sobrevalorizados em vários países da UE no segundo semestre de 2025, sendo Portugal o Estado-membro com a sobrevalorização média mais elevada”, refere o executivo comunitário.

Segundo Bruxelas, o crescimento dos preços das casas começou a ultrapassar o crescimento dos rendimentos a partir de 2016, com um agravamento significativo do fosso entre ambos na última década. Os maiores aumentos verificaram-se em Portugal, Países Baixos, Hungria, Luxemburgo, Irlanda, República Checa e Áustria.

Plano europeu para habitação acessível

Perante este cenário, a Comissão Europeia apresentou um plano de ação à escala da UE que inclui uma estratégia para aumentar a oferta habitacional, com enfoque na reabilitação de edifícios devolutos, reconversão de imóveis e simplificação de regras na construção, nomeadamente nos licenciamentos.

O plano prevê ainda a revisão das regras de auxílios estatais, facilitando o investimento público em habitação acessível e social, bem como o reforço de financiamento europeu através do orçamento comunitário, fundos de coesão, programa InvestEU e Banco Europeu de Investimento.

Entre as medidas propostas estão também o combate à especulação imobiliária, com maior transparência no sector, e a criação de um quadro jurídico europeu para o alojamento local, permitindo maior intervenção das autoridades locais.


Jovens entre os mais afetados

A Comissão sublinha que jovens e estudantes estão entre os grupos mais penalizados pela crise habitacional, prevendo medidas para mobilizar investimento em residências universitárias e limitar práticas como cauções excessivas.
Está igualmente prevista a criação de mecanismos de cooperação, como uma Aliança Europeia para a Habitação, envolvendo Estados-membros, autarquias e autoridades regionais, bem como instrumentos de monitorização do mercado.


Défice estrutural de oferta

Bruxelas estima que, nos próximos 10 anos, a UE terá de construir cerca de 650 mil novas habitações por ano, o que exigirá um investimento público e privado na ordem dos 150 mil milhões de euros anuais.

Desde 2015, os preços das casas na União Europeia aumentaram, em média, até 60%, com alguns países a registarem subidas superiores a 200%, enquanto as rendas e os custos da energia continuaram a crescer. Em sentido inverso, as licenças de construção residencial caíram cerca de 22% desde 2011.

A Comissão alerta ainda para a pressão exercida pelo alojamento local, que em algumas regiões representa até 20% do parque habitacional, depois de ter crescido mais de 90% na última década, contribuindo para a escassez de habitação acessível em vários Estados-membros, incluindo Portugal.