Bem-vindo ao futuro do setor imobiliário
O setor imobiliário é o maior do mundo, com um volume anual de 3,1 mil milhões de dólares só na Europa. No entanto, foi o setor que mais tarde iniciou o seu processo de digitalização. Podemos mesmo dizer que a digitalização do setor foi tardia e muito lenta, ao ponto de a sua taxa rondar atualmente os 5%. Um valor demasiado baixo num setor que apresenta uma enorme oportunidade de crescimento.
Num comboio em andamento, a pandemia Covid-19 foi um dos motores que levou o setor a evoluir e a tirar bilhete para uma viagem rumo ao futuro. A bordo desse comboio, e com bilhete de 1.ª classe, já estavam as proptech que trabalhavam arduamente para revolucionar o tradicional método de venda e compra de uma casa. Com foco em aliar a tecnologia às diferentes fases da experiência do consumidor, as proptech digitalizaram apenas uma pequena parte da indústria, que assim abraça o século XXI sem um status quo.
Dirão os mais céticos que comércio eletrónico e setor imobiliário não são sinónimos e que, por isso, as proptech nunca irão vingar. É certo que o comércio eletrónico no setor imobiliário representa apenas 5 a 6%. Ainda assim, esta percentagem é o resultado de um duplicar do crescimento em poucos anos.
Mas, em vez de uma dificuldade, esta baixa penetração de digitalização, deve ser encarada como uma oportunidade. O comboio não pára e há quem defenda que as “pessoas mudam” a cada oito anos. Fazendo fé na sabedoria popular, atrevo-me a avançar que as proptech deverão ajudar a indústria a alcançar uma taxa de penetração no digital na ordem dos 10% nos próximos cinco anos.
Um bom exemplo de um segmento do imobiliário em processo de transformação é a mediação. Com um peso tão grande da componente humana (afinal, é um “negócio de pessoas para pessoas”) na experiência do vendedor e/ou comprador, sentiu-se a necessidade de usar a tecnologia para apoiar o consultor ao longo de todo o processo.
É deste modo que hoje, muitas proptech são aliadas do consultor imobiliário, criando e agregando ferramentas para simplificar o processo, e permitir ao consultor focar-se no mais importante, a parte humana. Algumas, além das ferramentas, oferecem alternativas para o cliente, como acesso a investidores ou garantia de venda. Serviços, que sem dúvida, aceleram e simplificam a compra e venda de casas e que não se encontram nas agências tradicionais.
No mercado haverá sempre lugar a uma sã convivência entre o consultor exclusivo do tradicional e o consultor que utiliza o apoio do digital, tal como a inteligência artificial convive com o pensador. Mas, o comboio continua em andamento e as abordagens serão diferentes e cada vez mais evidentes ao nível dos resultados.
Para os mais céticos, os pessimistas e os que ainda se agarram aos seus manuais desatualizados – deixo o alerta: a revolução digital do setor imobiliário não está a chegar. Já chegou. Bem-vindos ao futuro!
Manuel Holstein
Country Manager de Portugal da Tiko
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico