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Arquitectura
Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira

Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira

Antigo Palácio dos Tavares em Tavira reabilitado e transformado em hotel de 5 estrelas

24 de novembro de 2025

Na margem esquerda do rio Gilão, no centro histórico de Tavira, o Fragmentos assina o projecto de reabilitação e ampliação do antigo Palácio dos Tavares, agora transformado num hotel de 5 estrelas.

O Palácio, construído entre os séculos XVIII e XIX, é um dos marcos arquitetónicos da cidade e um testemunho da sua herança aristocrática. Depois de muitos anos em ruína, a intervenção do Fragmentos devolve-lhe o protagonismo urbano e funcional, conciliando a recuperação do Palácio com a criação de uma nova ala – a Medina – inspirada na tradição mourisca e na arquitectura vernácula do sotavento algarvio.


Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira

De acordo com o atelier Fragamentos, "transversal a todo o projecto está o objectivo de preservar e valorizar a identidade do edifício original, adaptando-o a um novo uso. No Palácio, a intervenção centra-se na reabilitação estrutural e na conservação dos principais elementos ar- quitetónicos, mantendo a nobreza e a escala das fachadas, bem como detalhes de cantaria, cerâmica e ferro forjado. O trabalho incidiu também na recuperação integral da escadaria em pedra do século XVIII, na melhoria das condições de conforto e segurança e na adequação dos espaços à nova vivência hoteleira".


No logradouro do Palácio, surge a Medina, um novo corpo, com uma configuração fragmentada e orgânica que resulta num conjunto de volumes interligados que dialogam com a arquitetura clássica e europeia do Palácio. A Medina organi- za-se através de pátios, passagens, escadas e terraços que reinterpretam a imagem das açoteias algarvias e dos tecidos urbanos mouriscos, criando percursos e vistas inesperadas. A sucessão de cheios e vazios, de variações de altura e de cotas, organiza uma experiência espacial quase labiríntica, onde a aparente irregularidade esconde uma lógica precisa de encaixe e continuidade. A rua interior, que atravessa a Medina, percorre as diferentes cotas e permite o acesso direto aos quartos, enquanto a variação de pátios e terraços cria diversidade programática e contribui para a sensação de des- coberta contínua. A luz e a sombra são trabalhadas de forma a garantir que a Medina se integra harmoniosamente com o Palácio, enquanto acrescenta uma nova camada de complexidade arquitectónica ao hotel.


Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira

"Este projecto de um hotel de 5 estrelas foi uma grande oportunidade para trabalhar num dos edifícios mais representativos da cidade de Tavira – O Palácio dos Tavares – “carregado” de história e de histórias; foi a possibilidade de fazer um projeto que complementa a reabilitação de um edifício com grande valor patrimonial arquitetónico – o Palácio, recuperando a sua imagem e carácter aristocrático, com a construção de um edifício de raiz – a Medina, onde privilegiámos a influencia da arquitetura tradicional do sotavento algarvio; a memória mourisca dos terraços e açoteias e a sua relação íntima com o mar. É um exercício que expõe de uma maneira confessada os aspetos mais característicos e relevantes da arquitetura do sul, a maneira branca e solar de fazer a casa...", explica o arquitecto Marcus Cerdeira, sócio do atelier Fragamentos.


Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira

O arquitecto acrescenta ainda que um dos maiores desafios foi o de conseguir ao mesmo tempo uma peça única, mas diversa, pela ligação e cumplicidade entre o Palácio e a Medina, mas também pela criação de diferenças nos vários espaços que definem o projecto. "Cada um, com as suas características e especificidades, proporciona experiências e ambientes distintos independentemente das suas funções. Prova disto é o facto de os 36 quartos serem todos diferentes uns dos outros, o que permite ter uma atmosfera de curiosidade e constante descoberta à medida que se percorrem todos os recantos do hotel#, salienta.


Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira

"O projecto assume assim a complementaridade entre memória e contemporaneidade: o Palácio, símbolo do passado nobre de Tavira, e a Medina, expressão de uma arquitectura solar e mediterrânica, coexistem num diálogo de equilíbrio e contraste", indica o atelier. E conclui: "A intervenção do Fragmentos – recentemente reconhecida com a nomeação para a categoria de Melhor Design de Interiores dos Prémios Hotel & Mantel 2025 da Condé Nast Traveler Espanha – reafirma a importância da reabilitação como acto de continuidade e transformação, preservando o valor patrimonial do lugar e projectando-o para o futuro.


Fragmentos - Palácio Tavira ©Francisco Nogueira