
Sandra Daza, CEO do Grupo Gesvalt
A eficiência energética enquanto ativo estratégico
O mercado imobiliário português está cada vez mais competitivo. Só no 1.º trimestre de 2025, foram efetuadas mais 26,6% de transações de alojamentos por compradores com domicílio fiscal em Portugal, em relação ao mesmo período do ano passado.1 Dados recentes divulgados pela ERA revelam que 75% dos imóveis em Portugal são vendidos em menos de três meses. Este dinamismo do setor, marcado por mais e mais rápidas transações de imóveis, reflete-se na forma como a eficiência energética é encarada. O que começou por ser visto, em muitos casos, como um pró-forma burocrático, é hoje visto como um verdadeiro indicador de investimento e valorização.
Emitidos por peritos qualificados independentes, os certificados de desempenho energético avaliam os imóveis numa escala que varia entre F (muito pouco eficiente) a A+ (muito eficiente). Este sistema, inicialmente subvalorizado, tornou-se hoje uma ferramenta essencial para compradores, vendedores e investidores. Só em 2025, mais de 115 mil certificados já foram emitidos, refletindo não só a exigência legal, mas uma nova forma de pensar o investimento imobiliário.
Pela primeira vez, em 2023, os certificados de classe A superaram os de classe C em Portugal, segundo dados da ADENE e do Expresso. Este facto, demonstra uma tendência clara: a procura por imóveis mais eficientes está a aumentar, por razões ambientais, mas também porque estes imóveis têm uma rentabilidade superior, e oferecem custos operacionais mais baixos.
No país vizinho, um estudo da Gesvalt demonstrou que a renovação energética total de um imóvel pode aumentar o seu valor em até 42 % em Barcelona e 35 % em Madrid. O impacto no consumo energético é igualmente impressionante, visto registar-se uma redução superior a 70 % no consumo e quase 65 % nas emissões de CO₂ para os novos proprietários.
A eficiência energética é um ativo estratégico. Propriedades com classificações energéticas elevadas proporcionam um melhor desempenho a longo prazo e resistem melhor à volatilidade económica e às exigências regulamentares crescentes.
Apostar na eficiência energética é, cada vez mais, uma forma de proteger e potenciar o valor dos ativos imobiliários. Num mercado em constante evolução, onde a procura é elevada e o tempo de decisão é curto, a classificação energética tornou-se um fator decisivo. A transição energética e climática em curso é uma responsabilidade coletiva e uma oportunidade de criação de valor real e tangível no imobiliário português.
1 AICCOPN(2025) Evolução do Mercado Imobiliário no 1ºTrimestre de 2025 Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas
Sandra Daza
CEO do Grupo Gesvalt
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico