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Entrevistas

João Sousa, CEO JPS Group

Se o tempo de licenciamento for menor existirão mais casas no mercado e a preços mais acessíveis

13 de dezembro de 2022

João Sousa, CEO do JPS Group, admite que apesar das adversidades que o sector da construção atravessa, em termos gerais, o mercado imobiliário em 2022 está a superar as expectativas.

Para 2023, o promotor imobiliário considera que vai ser  um ano promissor para o sector residencial, porque o investimento imobiliário é um dos mais seguros do mercado, seja para habitação própria ou para rentabilizar e a procura de imóveis mantém-se forte. 

Que balanço faz do mercado imobiliário de 2022?

As empresas do sector da construção civil têm vindo a sofrer vários constrangimentos já desde o início da pandemia, mas o cenário agravou-se com a guerra da Ucrânia.

A inflação acentuada, o aumento das taxas de juro, as enormes dificuldades nas entregas, com sucessivas ruturas de stocks, o aumento do custo da matéria-prima, assim como dos materiais acabados, da energia, dos combustíveis e da mão de obra. Apesar destas adversidades que atravessamos no sector da construção propriamente dito, considero que, em termos gerais, o mercado imobiliário em 2022 está a superar as expectativas, visto que continua dinâmico, e os imóveis continuam a ser transacionados, a procura excede a oferta e, por estas razões, penso que o balanço final do ano vai ser muito positivo para o sector.

Os números que vão sendo conhecidos evidenciam esta resiliência e consistência do mercado, mesmo num contexto de uma conjuntura macroeconómica adversa. Segundo a Confidencial Imobiliário, os preços das casas continuam no ritmo de subida do último ano e meio e, entre Janeiro e Outubro de 2022, a habitação verifica uma valorização de 16,4%. Por outro lado, as vendas de casas também continuam a registar uma dinâmica semelhante à dos últimos meses.

Conforme referi, o sector residencial continua a registar uma procura de habitação que excede a pouca oferta existente. É necessário construir mais casas para dar resposta a esta grande procura, mas para isso é necessário reduzir os tempos de licenciamento e a burocracia, diminuir a carga fiscal, para tornar o sector mais competitivo, eficiente e atrativo para os investidores. Apesar de o problema da habitação ser debatido e fazer parte da agenda política, na realidade continuamos a enfrentar os mesmos problemas estruturais há muitos anos, para os quais são necessárias respostas urgentes.

Quais os desafios que mais afectaram o mercado?

Foram muitos os desafios que tivemos que enfrentar, e que foram, de uma forma geral, transversais a todo o sector, entre eles os atrasos das obras muito devido à falta de mão de obra qualificada e à escassez de materiais de construção já falados, assim como o aumento do custo dos mesmos, e os atrasos nos licenciamentos que afectam a entrega das casas. A burocracia excessiva no que concerne às entidades licenciadoras, e o tempo de aprovação das mesmas, atrasa muitas vezes não só o início dos projectos, mas também o desenvolvimento dos mesmos, e no fim compromete fortemente a entrega de novos imóveis no mercado.

Para os investidores imobiliários, o tempo é dinheiro, porque os capitais são investidos a pensar em prazos de entrega e, quanto mais tempo demora o licenciamento, mais tempo demora a reaver o investimento e, claro, é inevitável passar isso para o preço final do imóvel. Se o tempo de licenciamento for menor existirão mais casas no mercado e a preços mais acessíveis.

Outro desafio, é a carga fiscal brutal, nomeadamente, o IVA na construção nova de 23%, o que faz com que seja muito complicado ter casas a preços acessíveis quando sofremos esse impacto direto nos materiais da construção.

Com o aumento de preços dos materiais, os custos da construção continuaram a subir já durante a pandemia, e agora com a guerra e a conjuntura macroeconómica adversa, este problema ainda se agrava mais. Perante estas adversidades e para manter os preços competitivos, a JPS Group, enquanto promotora direcionada sobretudo para o mercado português, acaba por fazer um enorme esforço, para que este impacto não seja totalmente suportado pelo comprador final, continuando a ter preços de venda atractivos, e uma das formas de o fazer, como tem construtora própria, é comprar os materiais em escala e com antecedência, para conseguir minimizar o impacto da subida de preços.

O que se pode esperar para 2023?
Actualmente, vivemos tempos de incerteza e não sabemos o que o futuro nos reserva no que respeita à guerra, à inflação e às taxas de juro, que podem provocar alterações na economia e, também, no setor imobiliário. No entanto, o setor imobiliário tem sabido ao longo dos anos adaptar-se a estas realidades e tem mostrado ser muito resiliente e consistente com os necessários ajustes. Por esta razão, penso que o ano de 2023 vai ser promissor para o sector residencial, porque o investimento imobiliário é um dos mais seguros do mercado, seja para habitação própria ou para rentabilizar e a procura de imóveis mantém-se forte. Apesar destas dificuldades, e como optimista por natureza, encaro o actual momento conjuntural como um desafio diário e, como tal, o nosso grupo vai lançar em breve um novo empreendimento de grande dimensão, com cerca de 1200 frações, será o nosso maior empreendimento, e um dos maiores do país, e que será um marco importante na história da nossa empresa.

https://www.diarioimobiliario.pt/2022-pode-ser-o-melhor-ano-de-sempre-do-imobiliario-mas-em-2023-pode-abrandar