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Portugal mantém 2.º maior rácio de malparado na Europa do Sul

11 de abril de 2023

Após uma queda de 44% na actividade de venda em 2022, o volume de carteiras de NPL transaccionadas no mercado português deverá manter-se em torno dos 1.700 milhões de euros, antecipa a Prime Yield no relatório “Keep an eye on the NPL & REO Markets Portugal, Spain, Greece & Brazil”.

Segundo a Prime Yield, a “actividade estabiliza em níveis mínimos dos últimos anos. Apenas no primeiro ano da pandemia, as transacções foram inferiores”.

Portugal contabiliza cerca de 7.200 milhões de euros em malparado no sistema financeiro nacional, o qual equivale a 3,1% do crédito concedido.

Este rácio de NPL mantém Portugal como o segundo país da Europa do Sul com maior nível de incumprimento, apenas superado pela Grécia, e continua muito acima da média europeia, que atingiu 1,8%.

Num contexto macroeconómico marcado pela subida das taxas de juro, da inflação em alta e da continuada incerteza em torno da guerra travada pela Rússia na Ucrânia, a venda de carteiras de crédito malparado (Non-Performing Loans, NPL, na sigla inglesa) em Portugal não deverá ir além dos 1.700 milhões de euros de volume transaccionado em 2023, conclui a Prime Yield na última edição do seu relatório anual “Keep an Eye on the NPL & REO Markets – Portugal, Spain, Greece & Brazil”.

Trata-se, a veirificar- se, de “um volume idêntico ao registado em 2022, ano em que a actividade de venda de carteiras de NPL em Portugal registou uma quebra de 44%, não dando continuidade à tendência de recuperação pós-pandemia de 2021 e pressionando este mercado em níveis mínimos dos últimos anos. Só em 2020, num contexto de paralisação dos negócios devido à pandemia, a actividade de venda de NPL foi inferior, ficando então em 1.000 milhões de euros” refere o estudo.

Recorde-se que o pico de transacções de malparado em Portugal registou-se em 2019, quando ascendeu a cerca de 8.000 milhões de euros.

No 3º trimestre de 2022, o sistema financeiro nacional registava 7.200 milhões de euros em crédito malparado, montante que corresponde a 3,1% do volume total de crédito concedido no país (rácio de NPL).

“Pese embora ambos os indicadores continuarem a exibir uma trajectória de redução ao longo do último ano,  - adianta o estudo da Prime Yield - Portugal mantém o segundo rácio de NPL mais elevado da Europa do Sul, apenas superado pela Grécia, onde o peso do malparado no crédito total foi de 4,9%. Além disso, não obstante os progressos dos últimos anos, o rácio de NPL português continua a quase duplicar a média europeia, que posicionou este indicador em 1,8% no 3º trimestre de 2022”.

Ainda assim, entre o 3º trimestre de 2021 e 3º trimestre de 2022, o stock de NPL em Portugal reduziu 14%, tendo saído 1.200 milhões de deuros de incumprimento do sistema financeiro, de 8.400 milhões (3º trimestre 2021) para 7.200 milhões (3ºtrimestre 2022).



“A redução do stock de malparado nos últimos anos reflecte não só o bom ritmo de vendas, especialmente no período que antecedeu o Covid, como a postura de maior cautela do lado da banca na concessão de crédito, através de condições mais restrictivas. Além disso, os receios relativos a uma nova onda de malparado advindo da pandemia não se confirmaram, o que contribuiu ainda mais para que esta trajetória de desalavancagem continuasse”, começa por explicar Nelson Rêgo, CEO da Prime Yield.

Contudo, para este responsável, “há ainda muito caminho a percorrer no esforço de redução do crédito malparado, pois não só mantemos o rácio de NPL muito acima da média europeia, como estamos em destaque na Europa do Sul, onde apenas a Grécia exibe um peso de malparado mais expressivo que o nosso. Além disso, estamos num momento de grandes desafios económicos e as probabilidades de o rácio de NPL aumentar são bastante fortes. No curto-prazo, isso pode acontecer por via da travagem na concessão de novo crédito, como já sinalizam os últimos dados do crédito à habitação. Se o volume de crédito concedido não aumentar, naturalmente o peso do malparado tende a ser mais expressivo. Num prazo mais alargado, adicionalmente poderemos assistir ao crescimento efectivo do stock de crédito em incumprimento. As taxas de juro não dão sinais de abrandar a subida, cresceram mais rapidamente e durante um período mais alargado que o inicialmente previsto, num contexto de inflação em máximos de 30 anos e travagem do PIB. A incapacidade das famílias e empresas cumprirem as suas obrigações de crédito vai aumentar bastante e isso deverá ser visível já na recta final deste ano”.

CGD tem dois portefólios de mal parado à venda

Considerando os processos de venda de NPL em curso no 1º trimestre de 2023, identifica-se um volume potencial de transacções próximo dos 1.500 milhões de euros, o qual, contudo, deverá aumentar progressivamente nos próximos meses, à medida que forem sendo lançados no mercado novos mandatos, esperando-se que o ano feche com um nível de actividade idêntico a 2022, em torno dos 1.700 milhões de euros. Nesta fase, a Caixa Geral de Depósitos destaca-se como a entidade mais activa, liderando dois processos de venda em curso: o projecto Saturno, avaliado em 600 milhões de euros, e uma outra carteira no valor de 500 milhões de euros, incluindo activos com e sem colaterais.