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Opinião

 

Sustentabilidade nas cidades do futuro

8 de outubro de 2020

O futuro das cidades tem um impacto inevitável na forma como as empresas se organizam, definem a sua estrutura, projetam a sua evolução e implementam os seus projetos, para além de as obrigar a repensar os efeitos da sua própria atividade junto das comunidades, privilegiando um impacto positivo. Nesta fase de evolução da vida urbana, é imprescindível que as empresas tenham a capacidade de acompanhar a transformação das cidades, bem como as necessidades de quem nelas habita, através de uma observação e escuta permanentes, para que também elas possam evoluir em sintonia. Assim, conseguirão dar respostas aos novos requisitos das comunidades, através da criação de soluções inovadoras, agregadoras de valor para todos os intervenientes e, acima de tudo, sustentáveis, independentemente do seu setor de atividade.

A transformação das cidades, motivada fortemente pelas novas formas de interação e vivência social dos cidadãos, evidencia a necessidade de as empresas refletirem sobre diversos fatores como, por exemplo, a gestão do tempo gasto nas deslocações, o fluxo de circulação de pessoas, a multifuncionalidade dos espaços para dar respostas a vários usos, entre outros. Sabemos que a atratividade dos projetos está interligada às atividades que atraem e fixam os habitantes, à forma como elas se cruzam, à sustentabilidade ambiental dos espaços públicos e ao modo como conseguem ter um carater dinâmico e de novidade permanente, com um valor acrescentado global. Nesse sentido, é importante planear uma gestão eficiente dos projetos com capacidade de antecipação e de adaptação em função do contexto social e pensar na construção dos edifícios de forma sustentável, permitindo a sua flexibilização e adaptação para absorver outros usos futuros.

Para além disso, é também essencial que os projetos implementados criem dinâmicas que vão para além do que é a sua atividade principal, agregando diversas componentes da nova vida urbana: residência, trabalho, educação, retalho, saúde, lazer, entre outras. O futuro passa por cidades mais bem organizadas, com uma maior interligação das pessoas para as pessoas e para as diferentes estruturas criadas, com espaços de usos mistos, que respondem às novas necessidades dos cidadãos. Por exemplo, a visão tradicional dos centros comerciais está a evoluir para dar lugar a uma expansão ou diversificação da sua funcionalidade, integrando potencialmente num só local eixos cruciais da vida das cidades, como escritórios, habitação, hotelaria e saúde, transformando espaços monofuncionais em espaços de usos mistos.

Para acompanhar esta evolução das cidades e das necessidades das pessoas, é também fundamental pensar nos projetos de raiz, como projetos de impacto positivo a vários níveis, assegurando o foco na mobilidade sustentável e nas energias renováveis, bem como nas políticas de inovação social e na economia circular, tornando-se parte integrante dos territórios em que se inserem. No centro do pensamento têm de estar as pessoas, o planeta e a criação de valor no seu todo.

Desde uma eficiente utilização de recursos naturais, como a construção de edifícios auto sustentáveis, com vista ao baixo consumo energético e de água e à circularidade dos resíduos, até a vegetalização dos edifícios para reduzir o impacto da construção nas cidades, todas estas medidas têm em comum uma estratégia de redução da emissão de carbono no meio em que se inserem. Adicionalmente, promovem um impacto positivo nas mais variadas vertentes dos espaços onde o imobiliário comercial se insere, com benefícios para o ambiente, para o crescimento económico e para o bem-estar dos territórios e das pessoas que aí vivem, traçando o caminho mais sustentável para as cidades do futuro, que se anuncia altamente desafiador, mas também entusiasmante.

Séverine Boutel Bodard

Administradora da Ceetrus Portugal

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico