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O mercado vai mudar?

17 de maio de 2019

O Diário Imobiliário completou em Abril seis anos de existência. Surgiu numa altura de profunda crise do país e com grandes repercussões no mercado imobiliário. Foi um período de desafios para as empresas e sobretudo para quem iniciava um projeto. Contudo, diz a experiência e os especialistas confirmam, que quem inicia em momentos de crise tem mais probabilidade de alcançar o sucesso. Foi o caso do DI que contra tudo conseguiu implantar-se e consolidar o seu lugar e hoje ser a referência do setor a nível nacional.

Tal como em todas as áreas da sociedade, vivemos momentos de algum otimismo e confiança na economia portuguesa. Assistimos a um período de grande dificuldade, onde o imobiliário viu desaparecer empresas, uma paragem quase total de novos empreendimentos privados e públicos, o mercado residencial quase desapareceu e nem o arrendamento foi a resposta esperada.

Com a entrada de capital estrangeiro, inicialmente privado para comprar imóveis de luxo e depois como investimento de grandes fundos e empresas internacionais, o mercado português começou a animar. A reabilitação urbana despertou e a procura por Portugal disparou. Ficámos na moda e até as empresas estrangeiras quiseram  se instalar no nosso país. Sabemos que os programas de incentivo por parte do Governo foram fundamentais e que os preços baixos também contribuíram para esta procura internacional.

Contudo, apesar do mercado estar animado, todos pretendem que ele se mantenha estável, para isso, os players pedem equilíbrio político e económico e desejam uma agilização da burocracia e acima de tudo, uma lucidez fiscal e tributária.

Mesmo com os indicadores positivos para o mercado imobiliário, já se começa a ‘ouvir’ que vem por aí uma nova crise e consta que as vendas estão a abrandar. Os especialistas explicam que se assiste a uma estabilização dos preços e que tudo não passa de uma correção do mercado, pela subida em ‘flecha’ dos últimos anos.

O que é necessário entender, é que o mercado gere-se pelas notícias que saem para o mercado e onde rapidamente se pode criar o alarmismo. Quem está no setor sabe perfeitamente que o mercado é volátil e os ciclos são naturais porque dependem de muitos factores externos e hoje cada vez mais, visto que estamos integrados numa economia global. Os bancos são efetivamente os ‘donos’ disto tudo, as estratégias políticas são fundamentais para a economia fluir e acima de tudo depende-se do mercado de trabalho.

Os estrangeiros são sempre bem vindos e dinamizam o mercado imobiliário, os fundos e as grandes empresas internacionais que vêm a Portugal comprar ativos só o fazem quando existir rentabilidade, resta como sempre, o mercado português.

Mesmo que se verifique uma alteração no mercado imobiliário nos próximos tempos, o foco deve incidir na criação de melhores condições para que os portugueses e as empresas  possam continuar a investir em imobiliário. As famílias continuam a desejar ter a sua casa de sonho, os jovens querem ser independentes e é esse público que não pode ser esquecido. Por muito que se debata a Nova Geração de Políticas de Habitação, lançada pelo Governo, o mercado não pode ficar refém apenas dos problemas (que são muitos e justificáveis) da habitação nos centros históricos e das rendas baixas.

O que os players devem ter nas suas agendas, é o que podem oferecer às famílias portuguesas que querem ter uma nova casa ou aos jovens que querem ser independentes. Porque esses estão cá permanentemente e não vão sair do país porque Portugal perdeu o encanto. Apesar de acreditar que vamos continuar a brilhar além-fronteiras, aquilo que oferecemos, mesmo com muitos ‘defeitos’, é um luxo em termos de qualidade e segurança, quase inalcançável noutro local do mundo.

Fernanda Pedro

Diretora do Diário Imobiliário

*Texto publicado na edição em papel  do Diário Imobiliário no Jornal Económico. Escrito com o novo Acordo Ortográfico