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Entrevistas

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties

Morosidade no licenciamento já levou investidores a abandonarem a cidade de Lisboa

23 de dezembro de 2022

Para José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, 2022 confirma a apetência e crescimento de alguns novos mercados, nomeadamente, o norte americano. No entanto, a morosidade dos licenciamentos tem afastado investidores.

Para o maior pormotor imobiliário portiguês da actualidade, o ano que termina foi muito positivo, com muitos projectos em construção e sucesso em termos de comercialização e mesmo com os desafios do licenciamento, da escassez de mão-de-obra, de alguma instabilidade nos preços da construção, admite que para a Vanguard Properties, o ano de 2023, embora desafiante em termos da inflação e da subida dos juros, será muito positivo em termos de vendas.

Que balanço faz do mercado imobiliário de 2022?

O ano de 2022 confirma a enorme apetência e crescimento de alguns novos mercados, nomeadamente, o norte americano. Já ao nível ao nível do licenciamento a situação continua a ser altamente penalizadora com impacto forte na redução oferta de produto o que estimula os aumentos de preços.

Em termos internos, para a Vanguard Properties, o ano de 2022 foi muito positivo. Ao nível do desenvolvimento, vários dos nossos projectos avançaram significativamente, terminando a obra do A’Tower, a concluir o Bayline nas próximas semanas e o Infinity no 1º trimestre de 2022. A terminar as infraestruturas das Terras da Compota (Dunas, em Dezembro de 2022 e Torre em Abril de 2023), tendo avançado muito com projectos para as zonas hoteleiras, turísticas e residenciais do grupo. Do lado das vendas, a procura manteve-se muito forte, quer nacional quer internacional. Temos praticamente todo o stock disponível vendido (cerca de 96%), quase 70% do mesmo vendido directamente pelas nossas equipas. Em termos de reconhecimento de marca, a reputação está ao nível máximo, bem como o nível de confiança na marca – 8,5 pessoas em 10 que responderam ao inquérito recomendariam a Vanguard Properties aos seus amigos e familiares.

Quais os desafios que mais afectaram o mercado?

O principal problema, sem a menor dúvida, é o licenciamento. Continua moroso, imprevisível, com consequências graves nos custos de desenvolvimento e na oferta de produto. Tenho conhecimento directo de alguns investidores que abandonaram, por exemplo, a cidade de Lisboa.

Paralelamente, alguma instabilidade nos preços da construção, ainda que no último trimestre começámos a verificar uma acalmia no mercado e vários construtores assinalando a falta de obra nova. O tema da inflação é naturalmente desafiante, embora no mercado premium e de luxo, talvez neste ano tenha sido um factor paradoxalmente positivo. Os clientes, com capacidade económica e financeira, porventura por receio de aumentos de preços, tomam a decisão de compra num menor período. Estatisticamente, no nosso caso, o prazo médio que medeia o contacto e o CPCV ou escritura reduziu-se em cerca de 30%.

Por fim, a mão-de-obra continua a ser um tema embora a recente alteração no regime de concessão de vistos possa a curto e médio prazo melhorar a situação.

Nos segmentos médios, o aumento das taxas de juro, terá um impacto muito forte no volume de transacções.

O que se pode esperar para 2023?

Para os segmentos onde a Vanguard actua, acreditamos que o ano de 2023, embora desafiante em termos da inflação e da subida dos juros, será muito positivo em termos de vendas. Esperamos que ao nível do licenciamento consigamos desbloquear vários dos projetos, essenciais para manter a actividade comercial da empresa em Lisboa, Oeiras, Algarve e na Comporta. Acreditamos que irá reforçar-se o aumento de clientes internacionais e o turismo continuará fortíssimo, com impacto muito positivo no imobiliário.

https://www.diarioimobiliario.pt/2022-pode-ser-o-melhor-ano-de-sempre-do-imobiliario-mas-em-2023-pode-abrandar