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Lisboa cai 9 posições e é 108ª no Índice de Cidades Inteligentes 2024 do IMD

9 de abril de 2024

Lisboa piora o seu desempenho e surge na 108ª posição do ranking que avalia 142 “smart cities” em todo o mundo. O acesso a habitação acessível é o factor que maior preocupação traz aos lisboetas, seguido da corrupção e do trânsito.

De acordo, o Institute for Management Development (IMD) apresenta uma nova edição do Smart City Index (SCI), ranking global que avalia o desenvolvimento estrutural e tecnológico de 142 “smart cities” em áreas como saúde e segurança, mobilidade, oportunidades (trabalho e educação), actividades e administração.

Única cidade portuguesa abrangida pelo estudo, Lisboa surge no 108º lugar do Índice, registando uma queda acentuada de nove posições face a 2023 (ano em que era 99ª de 141).

Seguindo a tendência de anos anteriores, a habitação surge como a principal preocupação dos lisboetas: 91.6% inquiridos consideram que é um problema encontrar casa cuja renda seja equivalente a um máximo de 30% do salário mensal, e 88.3% afirmam que esta é uma área de intervenção prioritária.

Depois da habitação, os fatores que mais pesam na avaliação da cidade, e que os lisboetas identificam como de intervenção prioritária, são os serviços de saúde (57.7%), a corrupção/transparência (53%), o trânsito (47.8%) e os transportes públicos (39.1%).

Na resposta a questões concretas sobre infraestruturas, os congestionamentos de trânsito representam um problema para 83.7% dos inquiridos, enquanto apenas 16.2% considera que “a corrupção de oficiais locais não é causa de preocupação”.

No quadro tecnológico, as respostas menos satisfatórias voltam a prender-se com corrupção, trânsito e poluição: 72.3% não considera que o acesso público às finanças da cidade tenha reduzido a corrupção; 64.7% não considera que as apps de partilha de viagens de carro tenham reduzido congestionamentos; e 61.4% não considera que sites/apps permitam aos residentes monitorizar eficazmente a poluição do ar.

Mas há também pontos positivos a registar. Entre os aspetos mais satisfatórios de Lisboa destacam-se, nas infraestruturas, a oferta cultural da cidade, os serviços de reciclagem e os espaços verdes (para 74.8%, 63.5% e 63% dos inquiridos, respetivamente). No plano tecnológico, pontuam favoravelmente a possibilidade de comprar online bilhetes para atividades culturais e a possibilidade de aceder a anúncios de trabalho pela internet (para 81.3% e 70.5% dos inquiridos, respetivamente), enquanto 65.5% reconhece que o processamento online de documentos oficiais levou a uma redução dos tempos de espera.

O estudo avalia ainda as atitudes dos lisboetas face ao recurso à tecnologia no dia a dia. 63.4% dos inquiridos estão dispostos a conceder dados pessoais para melhorar os problemas de trânsito e 73.7% estão de acordo com a utilização de tecnologias de reconhecimento facial para baixar a criminalidade, enquanto 59.9% consideram que a disponibilização de informação online aumentou a confiança nas autoridades. Por outro lado, 65.3% das transações quotidianas já não são feitas em dinheiro.

Resultados globais: um futuro marcado por incertezas

A nível global, Zurique mantém o primeiro lugar do IMD Smart City Index pela quinta edição consecutiva, com Oslo em segundo lugar e Camberra em terceiro. Genebra está em quarto lugar e Singapura em quinto.

"As cidades têm de conceber e adotar estratégias capazes de resistir a um futuro marcado por crescentes incertezas", afirma Bruno Lanvin, Presidente do Observatório de Cidades Inteligentes do IMD.

"As preocupações relacionadas com a saúde permanecem elevadas, e as relacionadas com o clima aumentam ainda mais – uma combinação complexificada por tensões internacionais renovadas. A confiança e a boa governação estão a ganhar importância, e a importância da Inteligência Artificial na conceção e na gestão das cidades deverá aumentar. Por mais contraintuitivo que possa parecer, a IA pode ajudar as cidades a tornarem-se mais centradas nas pessoas", acrescenta.

O Top 20 deste ano apresenta mais cidades asiáticas e europeias (ver Anexo 1). Cidades norte-americanas como Washington DC, Denver, Los Angeles, São Francisco, Nova Iorque e Chicago têm vindo a perder terreno, tal como as canadianas Ottawa e Montreal. Pela primeira vez desde a criação do Índice em 2019, não há cidades norte-americanas no Top 20.


"No ano passado, a maioria das cidades dos EUA subiu no Índice, mas este ano houve uma queda", diz Lanvin. "Podemos encontrar alguma explicação para isso na campanha Build Back Better de Biden, que teve um efeito positivo. Em contrapartida, este ano há eleições no horizonte, o que torna as pessoas mais críticas em relação às áreas que precisam de ser melhoradas."

Agora que o Índice tem cinco anos de dados (houve um hiato em 2022, durante o qual a metodologia foi aperfeiçoada), a edição de 2024 do SCI permite o cálculo de médias móveis, ou seja, a posição de uma cidade, em média, nos Índices que decorreram a) de 2021 a 2023; e b) de 2022 a 2024. Estes resultados podem ajudar os decisores políticos a antecipar o que poderá acontecer no próximo período de três anos. Além disso, põem em evidência dois grupos de cidades de alto desempenho que podem servir como bons exemplos:

1. Seis cidades do Top 20 mantiveram-se na mesma posição ou melhoraram: Zurique, Oslo, Singapura, Abu Dhabi, Pequim eSeul. Os investigadores chamam a estas cidades as "supercampeãs". (ver Anexo 2)

2. Um grupo distinto de seis cidades poderá juntar-se às supercampeãs num futuro próximo: Sydney, Hong Kong, Xangai, Tallinn e Riade. Tal deve-se ao facto de se terem mantido na mesma posição ou de terem subido na classificação depois de terem partido de posições inferiores (21-40). (ver Anexo 3)