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Investimento institucional no sector agrícola da Península Ibérica ultrapassou 4,1 MM€ nos últimos três anos

Foto de wayhomestudio em Freepik

Investimento institucional no sector agrícola da Península Ibérica ultrapassou 4,1 MM€ nos últimos três anos

15 de julho de 2025

Apesar das incertezas geopolíticas e dos impactos das taxas aduaneiras, o sector agroalimentar na Península Ibérica mantém-se atractivo para investidores, com um bom arranque em 2025 que aponta para a conclusão de transacções adiadas em 2024.

Segundo o relatório “Agribusiness Iberian Report” da CBRE, o investimento institucional até Maio de 2025 já ultrapassa 400 milhões de euros — metade do total transaccionado em 2024. Entre 2022 e 2024, o montante investido no sector na região superou os 4,1 mil milhões de euros, destacando o carácter menos volátil deste mercado.



Uma das grandes operações que marcou o arranque de 2025 foi a venda dos activos do Grupo Agrihold, participado pelas famílias Martinavarro e Ballester, fundadoras da Citri&CO, numa transação de 700 hectares no Alentejo (Herdade da Zambujeira), assessorada pela CBRE.

O investimento é impulsionado pela busca de rentabilidades sólidas a longo prazo e pela diversificação de portefólios.


“A Península Ibérica alcançou em 2024 o primeiro lugar na Europa em valor de produção agrícola, o que reforça o seu posicionamento como o mercado de investimento mais institucionalizado e atractivo a nível geoestratégico. "  - diz Manuel Albuquerque,  responsável pelo departamento de Agribusiness na CBRE no Sul da Europa

O estudo da CBRE mapeou mais de 500 investidores no agronegócio ibérico, com o capital institucional a representar cerca de metade do total. Destacam-se três perfis principais: fundos especializados em agronegócio (25%), fundos generalistas como private equity (14%) e family offices (10%). Produtores industriais representam 51% do capital investido, focando-se numa lógica operacional.

O mercado é segmentado: 40% das transacções entre 2022 e 2024 foram inferiores a 10 milhões de euros, 40% entre 10 e 50 milhões, e 20% acima de 50 milhões, evidenciando oportunidades para diversos perfis de investidores.



“A Península Ibérica alcançou em 2024 o primeiro lugar na Europa em valor de produção agrícola, o que reforça o seu posicionamento como o mercado de investimento mais institucionalizado e atractivo a nível geoestratégico. A crescente profissionalização do sector está a abrir caminho a uma maior diversidade de investidores — desde produtores industriais com operação própria, a investidores imobiliários que compram para arrendar, até fundos financeiros como private equity ou fundos de pensões internacionais, com tickets que podem ultrapassar os 100 milhões de euros. Estes investidores procuram não só rentabilidade, mas também impacto positivo no capital natural”, contextualiza Manuel Albuquerque,  responsável pelo departamento de Agribusiness na CBRE no Sul da Europa (Espanha, Portugal e Itália)..

Portugal e Espanha lideram a Europa em produção agrícola, com cerca de 20% das terras aráveis da Península irrigadas — um factor crucial para investimento. As culturas predominantes são cereais, olival e frutos secos, com crescimento recente em pistáchios e amêndoas. Preços agrícolas têm variado, com quedas no azeite (-55%) e laranjas (-11%), e aumentos no tomate (+25%), morangos (+19%) e mirtilos (+18%).


Foto de Anne e Saturnino Miranda em Pixabay


O setor enfrenta desafios como sucessão geracional, eficiência e impacto das alterações climáticas, que transformam práticas e dimensões das explorações. A profissionalização crescente atrai um leque diversificado de investidores, que buscam não só rentabilidade como impacto positivo no capital natural.

A nível global, os fundos de agronegócio levantaram mais de 200 mil milhões de euros desde 2000, reflectindo o interesse crescente neste setor estratégico.