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Faltam 46.000 camas para estudantes em Lisboa e Porto

22 de novembro de 2023

O estudo “Student Housing Portugal”, da consultora JLL, estima faltarem cerca de 46.000 camas em residências de estudantes em Lisboa e no Porto.

O relatório conclui que, apesar do aumento e qualificação do stock nos últimos anos, o número de estudantes universitários tem crescido a um ritmo bastante superior, mantendo-se um forte desequilíbrio entre a oferta e a procura. Os indicadores de desempenho deste tipo de imobiliário – também chamado de Purpose-Built Student Accomodation (PBSA) – refletem uma indústria forte, que atrai cada vez mais operadores de referência e consolidam este tipo de ativos como um alvo preferencial para os investidores.

Na opinião de Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, “o sector de residências universitárias em Portugal mudou muito nos últimos anos. Passámos de um mercado informal, com uma oferta dominada por instituições religiosas e serviços de ação social das universidades públicas, para um stock gerido por operadores profissionais. O progresso do setor em quantidade e qualidade tem sido assinalável, mas o stock existente e os novos projetos planeados continuam a não ser suficientes para suprir a procura deste tipo de alojamento”.

De acordo com esta responsável, “o número de estudantes universitários não só cresceu muito nos últimos anos como é consideravelmente superior à oferta existente. Atualmente, estamos a contrastar quase 450.000 alunos no ensino superior com um stock inferior a 10.000 camas em residências universitárias privadas. Este stock vai crescer para quase 17.000 camas até 2026, mas mesmo já contabilizando este reforço, o número de camas disponíveis não equivale a mais do que 20% a 30% do número de alunos deslocados em Lisboa e Porto, o significa que necessitaríamos de cerca de mais 46.000 mil camas para suprir as necessidades da procura”.

Segundo o estudo da JLL, existem actualmente 9.200 camas integradas em residências universitárias privadas em Portugal, um stock que evoluiu consideravelmente nos últimos três anos quer em número quer em qualidade, com o desenvolvimento de diversos projetos operados por marcas de referência no alojamento universitário. A JLL estima que o stock alcançará as 17.000 camas até 2026, considerando as 7.800 camas contabilizadas nos projetos em pipeline. O número de camas privadas em Lisboa chega atualmente para cobrir apenas 17% da comunidade de estudantes deslocados, um rácio que expandirá para 18% considerando a adição do pipeline projetado. No caso do Porto, a taxa de cobertura do mercado é mais elevada, com o atual stock a dar resposta a 27% dos alunos com necessidades de alojamento, antecipando-se a melhoria deste rácio para 32% com o aumento da oferta prevista até 2026.  A JLL conclui, assim, que a escassez de oferta se traduza num total de 30.000 camas em Lisboa e de 16.000 no Porto.

As projecções da JLL têm em conta o crescimento exponencial da comunidade de estudantes no Ensino Superior em Portugal nos últimos anos. Entre os anos letivos de 2016/2017 e 2022/2023, o número de universitários aumento 85%, contabilizando-se actualmente 446.000 alunos a frequentar este grau de ensino. Entre estes, 74.500 (o equivalente a 17% da comunidade estudantil) são alunos estrangeiros, cerca do dobro de 2016/2017.

André Vaz, Head of Living & Alternative Investment, Capital Markets, da JLL, destaca que, “em geral, há um crescente interesse dos investidores e promotores pelos segmentos residenciais alternativos, mas este em específico tem sido alvo de especial atenção. Além do desequilíbrio entre a oferta e a procura, e, por isso, do enorme potencial de crescimento que apresenta, este é um sector com indicadores de desempenho muito atrativos, incluindo as taxas de ocupação e reacomodação, mensalidades e tempos de ocupação. A qualificação e sofisticação da oferta nos últimos anos, com a entrada de diversos operadores profissionais, são também fatores de atração. Os novos investimentos, quer na óptica da promoção quer na de rendimento, vão continuar a crescer”.

Em termos de indicadores de desempenho, a JLL estima uma taxa de ocupação na oferta activa de camas privadas a rondar os 100%, apontando ainda uma taxa de reacomodação a rondar os 80%. Entre os estrangeiros, são os brasileiros quem mais recorre a este tipo de acomodação, enquanto em termos de estadias, se regista uma ocupação média de 7 meses por ano letivo.

O estudo da JLL apura ainda os preços, notando que estes valores têm evoluído à medida que o stock se tem qualificado. Lisboa posiciona-se como a cidade mais cara, praticando uma mensalidade média nas residências universitárias privadas na ordem dos 770 euros, mais 200 euros que os 570 euros praticados no Porto. Sem prejuízo, mediante as localizações, no contexto destas duas cidades, os preços podem variar entre os 330 euros e os 1.440 euros no caso de Lisboa e entre os 330 euros e os 842 euros no Porto.

A terminar, Joana Fonseca evidencia “a capacidade de expansão do mercado nacional de residências universitárias. Temos um mercado com 100% de ocupação e entre 20% a 30% de satisfação da procura, com preços a crescer e tempos médios de ocupação de 7 meses, num destino universitário consolidado na Europa e cuja oferta se tem vindo a sofisticar. É necessário colmatarmos esta falta de 46.000 camas, criando condições para que o país se projete ainda mais entre os destinos universitários de excelência na Europa”.