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Portugal precisa de investidores estrangeiros mais do que nunca

 

Portugal precisa de investidores estrangeiros mais do que nunca

17 de junho de 2020

Claude Kandiyoti, CEO da Krest Real Estate Investments, o maior investidor belga em Portugal reconhece que existem muitas oportunidades no mercado português mas a maior dificuldade é o licenciamento. 

Consciente das potencialidades do nosso país, o promotor belga em entrevista ao Diário Imobiliário, admite que a demora nos licenciamentos é muito limitativa ao desenvolvimento de projectos e de investimento. A Krest integrou ainda um grupo de sete promotores belgas - os quais já investiram mais de 780 milhões de euros em Portugal desde 2015, entre os quais 450 apenas para Lisboa -, que enviou uma carta muito objectiva ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina reforçando a sua preocupação com o estado da situação.

Que oportunidades o mercado imobiliário português apresenta para o investimento estrangeiro?

Ainda existem muitas oportunidades no mercado português, apesar do grande aumento de preços observado nos últimos anos. A verdadeira oportunidade é começar a procurar outros locais e não apenas Lisboa e Porto.

Quais as maiores dificuldades encontradas neste mercado?

A maior dificuldade para um investidor no mercado português é o licenciamento. Chegámos agora a um ponto em que calculamos que, se tudo correr bem, você obterá uma licença completa entre dois a três anos. Isso é pior do que antes da crise de 2008 e não parece melhorar. Recentemente um grupo de investidores belgas enviou uma carta muito objectiva ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina reforçando a nossa preocupação com o estado da situação. Esperamos que as coisas melhorem.

Vai continuar a investir em Portugal?

No conjunto, estes investidores belgas (sete) investiram mais de 780 milhões de euros em Portugal desde 2015, entre os quais 450 apenas para Lisboa. A Krest é hoje o maior investidor belga em Portugal. Na verdade, sentimo-nos mais portugueses do que belgas e vemos Portugal como um país onde temos uma visão real de investir e de desenvolver projectos ousados e inspiradores.

Acredita que a imagem positiva que Portugal tem passado no exterior durante a pandemia vai trazer mais investimento estrangeiro?

Portugal tem claramente uma imagem muito boa na Europa e não está apenas relacionada à questão da pandemia, mas sim a um generalizado ambiente favorável aos negócios e à estabilidade política. É por isso que Portugal é um dos países mais apreciados da Europa. E isso gerou um facto: Portugal precisa de investidores estrangeiros mais do que nunca e o investidor estrangeiro quer estar em Portugal. Essa é a equação que as autoridades portuguesas devem trabalhar. O meu sentimento é que elas estão muito conscientes do facto de que um dos principais fundamentos económicos é a dependência de investimentos estrangeiros.

Que semelhanças e diferenças encontra entre o mercado português e os restantes onde opera?

Todos os mercados têm a sua especificidade, em grande parte impulsionada por aspectos culturais. Deixe-me dar-lhe um exemplo: Na Bélgica, no espaço de uma semana em que abrimos o mercado imobiliário, triplicámos as vendas. A razão para isso, é que os belgas economizam bastante; eles gastam muito menos que os portugueses (a Bélgica é o país com mais poupanças na Europa). Portanto, olhando para a volatilidade da bolsa de valores, os juros negativos no banco, eles foram directos colocar o seu dinheiro no imobiliário. Em Portugal, desde o desconfinamento, estamos 30% abaixo de onde estávamos antes da crise e a procura que recebemos vêm principalmente de pessoas que querem novas casas e não propriamente de investidores.

De referir que a Krest Real Estate Investments, tem investimentos nas áreas de habitação, logística, comércio, hotelaria e escritórios em Portugal e na Bélgica, e apresentou ontem o primeiro hotel da marca Moxy em Portugal e um edifício de escritórios designado por K-Tower, no Parque das Nações, em Lisboa. Está ainda a desenvolver um projecto de uso misto no Porto e dois projectos residenciais no Algarve.