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Arnaldo Grossman, uma vida a inovar no mercado imobiliário

19 de setembro de 2016

Fundou em 1974, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, a Consultan. Dezasseis depois abriu a Consultan em Portugal, empresa que, em poucos, anos, se viria a tornar líder no mercado da mediação imobiliária de habitação em Lisboa. A estreia no nosso país ficou marcada pelo lançamento do Parque Europa, na Quinta do Lambert, onde a Consultan introduziu formas inovadoras de fazer marketing e apresentar produtos imobiliários ao grande público. Foi uma revolução!

Na próxima quarta-feira, 21 de Setembro, numa cerimónia que tem lugar no Hotel Tryp Lisboa Aeroporto, pelo fim da tarde, a revista “Magazine Imobiliário”, no âmbito do seu prémio anual ‘Personalidades do Ano’, vai agraciar o Presidente da Consultan com a distinção de Mérito.

Fomos ouvir Arnaldo Grossman, esse profissional imobiliário de «mão cheia» e também, sedutor e cativante conversador. Reproduzimos aqui, para os nossos leitores, a interessante conversa que mantivemos…

 

Arnaldo Grossman, fale-nos um pouco da sua experiência profissional no mercado imobiliário antes de chegar a Portugal para abrir a Consultan…

Comecei a minha vida profissional muito jovem. Aos 19 anos já era empresário durante o dia e estudante de Direito à noite.

Completei mais de 50 anos como empresário e pretendo continuar enquanto ainda me sentir útil e criativo. O facto de ter o Guilherme, meu filho, seguidor nas empresas, e que possui o mesmo amor ao negócio que eu tive, me dá mais ânimo para continuar.

Em 1974 fundámos a Consultan numa linda sede na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Antes disto trabalhei na Veplan-Residência, a maior empresa imobiliária do Rio de Janeiro. Foi a minha grande escola no imobiliário, onde pude conviver com profissionais do mais alto nível e aprender como se faz o imobiliário de forma profissional.

A Consultan teve um grande destaque no mercado do Rio de Janeiro na década de 80 e concorria com grandes empresas daquele mercado. É bom lembrar que o marketing do Rio de Janeiro influenciou e liderou o Brasil, tendo sido superado pelo de São Paulo em anos mais recentes.

Lançámos com sucesso muitos empreendimentos de alto padrão e eramos respeitados pelos concorrentes e clientes diversos.

 

Quando aqui chegou — supomos que em 1989… — que imobiliário encontrou em Lisboa? (nessa altura o mercado resumia-se praticamente à capital e pouco mais…). Que carências e oportunidades perspectivou…? O que foi que a Consultan veio trazer de novo ao mercado (à mediação, à promoção; e, até, à forma de projectar apartamentos…)?

No ano de 1989 decidimos investir em Portugal e trouxemos a Consultan. O nosso sucesso aconteceu de forma rápida e acredito que revolucionámos a forma de vender os projetos em planta com um marketing agressivo e com uma excelente equipa de profissionais. Fomos também pioneiros na internet, sendo a primeira empresa em Portugal a lançar um website com toda a disponibilidade dos nossos imóveis e disponíveis em diversas línguas.

 

Aqui se instalou com a sua família e por cá ficou. Portugal proporcionou-lhe muitos e bons negócios, mas a paixão pelo país (que se alastrou ao seu querido Benfica…) está para lá dos cifrões ou dos euros… Não foi assim?

A vinda da minha família para morar em Portugal foi consequência deste sucesso e do amor que sentimos pelo país logo que chegámos. A forma calorosa e amiga com que os nossos novos amigos e clientes nos tratavam nos cativaram de imediato.

Um bom exemplo foi o nosso amigo Manuel Magalhães (já falecido), que nos levou a conhecer o velho Estádio da Luz, onde nos apresentou ao Eusébio. Naquele momento virei um Benfiquista e esqueci da jura de que clube de futebol é um só. Sou um torcedor do Flamengo do Rio de Janeiro…

Quando chegámos em Portugal tivemos algumas dificuldades em lidar com algumas realidades locais. A formação de profissionais não existia. Criámos uma quantidade de informações técnicas e comerciais que nos possibilitaram efetuar as pesquisas de mercado e outras informações que eram fundamentais para o nosso trabalho de campo. Muitas destas técnicas ainda persistem no mercado atual. Na realidade, algumas empresas nasceram da escola Consultan e hoje são nossos concorrentes diretos. O trabalho ao lado de arquitetos conceituados ajudou a definir grandes projetos no mercado. 

 

Depois, talvez, da maior crise que o país conheceu, com efeitos devastadores no sector da Construção e do Imobiliário, neste momento o mercado vive de novo uma certa euforia, estimulada pelo investimento estrangeiro e o ‘boom’ do turismo. O Arnaldo Grossman viveu já muitos “picos” e crises, muitos altos e baixos… Como vê tudo isto, e que conselhos daria aos incautos nesta fase em que vivemos?

Com o advento da crise, que veio de forma avassaladora e destruiu muitas empresas e postos de trabalho, fizemos a reestruturação da nossa empresa e nos concentrámos na nossa sede da Av. da Liberdade. A realidade mudou de forma brusca e tivemos de buscar formas de sobreviver ao momento negativo.

Tomámos a iniciativa de vender Portugal por todo o mundo. Não foi fácil, a política local não nos ajudava. Como forma de retribuir o muito que recebi neste país, decidi arriscar e liderar o mercado português para entrar no mercado brasileiro. Tomámos a iniciativa de realizar o MIP (Mostra do Imobiliário de Portugal) nas sedes dos consulados de Portugal no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Amor com amor se paga!

Esta iniciativa pioneira ajudou a abrir o mercado a todos e propiciou aos brasileiros conhecer um pouco mais o Portugal atual. A TV Globo nos deu uma ampla cobertura do evento no Rio.

Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe!

A crise passou e o mercado voltou com os investimentos dos estrangeiros no país. Há um novo paradigma.

 

Nesta fase animadora do mercado, perspectivando o futuro — e sabendo que não há “galinhas dos ovos de ouro”… — o que, em seu entender, deveria ser feito e o que importa ser evitado ou corrigido…?

A Consultan se preparou para este momento criando áreas específicas de atendimentos a investidores, fundos e aos particulares que buscavam o Visa Gold e outros aspetos fiscais.

A forma de trabalhar é outra, distinta do nosso passado recente, soubemos nos adaptar a esta nova realidade do mercado e creio que vamos obter um excelente desempenho em 2016.

Fica, no entanto, um aviso aos navegantes. O mercado ainda não se consolidou e já vamos forçando preços e situações de aumento de impostos que podem afugentar os investidores que estão atentos às oportunidades em outras partes do mundo.

Como me disse uma vez um amigo investidor americano: “o capital não aceita ofensas”…

Necessitamos muito do capital estrangeiro no nosso país e devemos incentivá-lo, em especial em áreas que geram emprego e impostos diretos e indiretos, como o Turismo.

Concluindo, recomenda-se bom senso, estabilidade fiscal no país a longo prazo, regras claras e aprovação em tempo razoável dos projetos.