Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Actualidade
Investidores internacionais pedem revisão da suspensão de rendas fixas nos centros comerciais

 

Investidores internacionais pedem revisão da suspensão de rendas fixas nos centros comerciais

15 de julho de 2020

Nove investidores internacionais, entre os quais o fundo APG, que comprou a Brisa, enviaram uma carta ao primeiro-ministro e Presidente da República a pedirem a revisão da medida de suspensão de rendas fixas nos centros comerciais.

O parlamento aprovou em 3 de Julho uma proposta do PCP para o cancelamento do pagamento de rendas mínimas dos lojistas de centros comerciais até Março de 2021.

"Acreditamos em Portugal, na sua economia e no talento da sua força de trabalho. É por isso – e porque sentimos confiança – que investimos neste país, que aplicamos aqui os fundos que nos são confiados pelos aforradores que representamos", referem os investidores, numa carta aos decisores políticos, entre outros, a que a Lusa teve hoje acesso.

"Desde 2015, investidores, seguradoras, fundos imobiliários e de pensão estrangeiros investiram em imobiliário comercial português 10,5 mil milhões de euros, dos quais 2,7 mil milhões de euros em centros comerciais, uma indústria de excelência, que modernizou (revolucionou) o comércio no país e se destacou internacionalmente pela sua capacidade de inovação, granjeando inúmeros prémios e distinções", prosseguem a APG Asset Management, AM Alpha KVG, Commerz Real, Ceetrus, DWS, Klépierre, Light House, Mitiska Reim e Merlin Properties.

"Depositamos neste sector a confiança que nos transmite uma história de sucesso com quase quatro décadas" e "orgulhamo-nos do seu contributo significativo para a criação de emprego (mais de 100 mil pessoas de forma directa e 200 mil de forma indireta) e para a coesão territorial", salientam, na carta enviada na terça-feira ao primeiro-ministro, Presidente da República, ministro da Economia, líderes dos grupos parlamentares e à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

No entanto, "tudo isto é agora colocado em causa pelo regime excepcional que suspende o pagamento de rendas fixas nos centros comerciais", medida que é "o contrário de tudo aquilo que é necessário neste momento: é uma medida desproporcional, desequilibrada, mal avaliada e radical. Hipoteca toda a cadeia de valor desta indústria, mas também destrói um dos ativos mais importantes de Portugal e da sua economia: a sua reputação enquanto país seguro para investir", apontam os investidores, onde se inclui a APG (gestora de activos da ABP, o fundo de pensões dos funcionários públicos e do setor da educação dos Países Baixos), que integra o consórcio que comprou a Brisa.

"A ingerência do Estado na relação contratual entre dois privados, inédita na União Europeia, abre um precedente gravíssimo", criticam, apontando que, "a partir de agora" é preciso "ter em mente que os contratos podem, a qualquer momento e de forma absolutamente discricionária, ser alterados por intervenção legislativa".

Os investidores consideram que "esta decisão política cria um contexto de enorme incerteza".

Defendem a necessidade de "legislar com conhecimento, ponderação e equilíbrio, sobretudo em momentos desafiantes como o atual" e que é "impreterível que se criem condições para que todos os agentes económicos possam recuperar a sua actividade de forma sustentável".

Nesse sentido, "apelamos para que o Presidente da República, o Governo e o parlamento revejam esta medida", pois "queremos continuar a investir em Portugal e a contribuir para a necessária e urgente recuperação económica pós-pandemia" e "sem confiança, não poderemos fazê-lo", concluem na missiva.

LUSA/DI