
Europa: Português estuda programa que dá casa a sem-abrigo
O projecto Casas Primeiro, no qual Portugal foi pioneiro e que retira sem-abrigo da rua dando-lhes uma casa, tem tido tanto sucesso que a Comissão Europeia pretende alargá-lo a todos os Estados membros, estando um português à frente da investigação.
O projecto Casas Primeiro arrancou em Portugal em Setembro de 2009, através de um protocolo entre o Instituto de Segurança Social e a Associação para o Estudo e Integração Psicossocial (AEIPS), com uma equipa coordenada pelo professor José Ornelas.
O objectivo era, e continua a ser, retirar pessoas sem-abrigo da rua dando-lhes soluções alternativas de habitação, com prioridade para as pessoas que vivem há mais tempo na rua, a quem é oferecida a opção de viverem numa casa com condições.
Sete anos depois, José Ornelas, investigador e professor do ISPA – Instituto Universitário, candidatou-se a uma linha de financiamento do programa da Comissão Europeia Horizonte 2020, do qual recebeu 2,2 milhões de euros para investigar quais as políticas públicas existentes na Europa para os sem-abrigo.
A investigação vai servir sobretudo para mostrar qual tem sido o impacto e o resultado do programa Casas Primeiro nos oito países onde tem vindo a ser aplicado – Portugal, Espanha, Itália, França, Suécia, Irlanda e Polónia – e comparar com outras soluções de acolhimento.
Estudar 500 casos em oito países
De acordo com José Ornelas, e com base na experiência dos últimos sete anos, esta solução retira efectivamente as pessoas da rua, sendo que entre 85% e 90% dos casos as pessoas mantêm-se nas casas.
“Nós vamos estudar cerca de 500 habitações individuais em 8 países da Europa e depois, conforme o resultado, apresentar orientações políticas para a União Europeia definir uma linha de intervenção em relação aos sem-abrigo”, explicou José Ornelas, em declarações à agência Lusa.
A investigação começou em Outubro, tem a duração prevista de três anos e, tal como explicou o investigador, passa por perguntar aos cidadãos europeus qual é a sua perspectiva sobre as pessoas sem-abrigo, avaliar o grau de tolerância quanto ao facto de estas pessoas viverem na rua e perceber qual é o entendimento em relação às alternativas.
“Depois vamos entrevistar os próprios [sem-abrigo] que habitam estas casas para perceber que impacto teve na vida deles esta integração, além dos profissionais que trabalham na área”, adiantou.
Lusa/DI