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Escritórios

 

Mais do que o salário, portugueses consideram a localização mais importante no trabalho

24 de outubro de 2019

'Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades' e no mercado de trabalho as mudanças são significativas. Para a maioria dos portugueses, a localização está no topo da lista para aceitar um emprego, mais do que o salário.

No mais recente estudo “What Workers Want”, da consultora Savills, 55% dos colaboradores trabalham em open space e 40% em salas e/ou escritórios fechados. Apurou-se que o ruído é um factor que não tem um impacto negativo, sendo que algumas empresas já implementaram espaços de trabalho comuns para alguns sectores de actividade. Porém, devido à natureza do seu trabalho, existem outras que optam ainda por trabalhar num ambiente de escritório individual.

Tendo em conta os resultados obtidos, 43% dos colaboradores gostariam de trabalhar no centro da cidade e 22% nos arredores da cidade. Estes resultados suportam a necessidade de se desenvolverem projectos no centro da cidade, onde a maior percentagem de mão-de-obra qualificada se encontra concentrada, facilitando o recrutamento.

A realidade actual é que a localização é um dos factores mais importantes no momento da candidatura a uma oferta de emprego: 50% dos colaboradores inquiridos refere que a localização está no topo da lista, quando questionados sobre o que consideram mais importante para a aceitação de um emprego. “O salário deixou de estar em primeiro plano. Apenas temos a verdadeira percepção destes dados quando se realizam este tipo de inquéritos”, acrescenta Alexandra Portugal Gomes, Research Department da Savills Portugal.

Por outro lado, 36% dos colaboradores das empresas preferem trabalhar na sua própria secretária ou num espaço destinado para cada funcionário. Apenas 13% gostaria de optar por um regime de Hotdesk. Esta opção gera sentimentos mistos entre colaboradores, uma vez que 34% acredita ser um espaço de partilha, 46% afirma que pode aumentar a produtividade e 29% acredita que não tem qualquer impacto.

É inegável que um espaço Hotdesk é uma excelente solução de optimização de espaços subaproveitados ao longo do dia, mas também pode provocar um sentimento de não pertença e, com isto, afectar a produtividade e o bem-estar emocional dos colaboradores.

Trabalhar a partir de casa

Em 2019, uma das grandes tendências apuradas é a preferência por trabalhar a partir de casa, sendo que 23,9% dos colaboradores questionados afirma que gostaria de poder trabalhar a partir de casa. No entanto, apenas 14% tem a oportunidade de o fazer, sendo que 55% são mulheres.

A constante introdução de novas tecnologias criou condições para o surgimento de novas formas de trabalho. Em Portugal, trabalhar a partir de casa ainda não é uma realidade para a maioria dos colaboradores. De acordo com dados do Eurofund (2017), apenas 2% da população nacional encontrava-se neste regime de forma regular. Contudo, para determinadas actividades é um método que pode ser considerado pouco atraente, sobretudo em sectores onde é necessária uma gestão mais tradicional e um controle mais directo.

“Passamos 2/3 do nosso tempo a trabalhar, por isso é tão importante conservar o talento, o local de trabalho, a liderança. Estima-se que dentro de 20 anos (Geração Z), a grande percentagem de colaboradores trabalhe a partir de casa e com um horário de trabalho muito flexível, acrescenta João Pedro Tavares, Presidente da ACEGE.

Quando questionados sobre se a cultura da sua empresa incentiva a produtividade e se o acesso à tecnologia facilita a flexibilidade no trabalho, 48% dos colaboradores declara que a sua empresa os incentiva, no dia-a-dia, à flexibilidade no trabalho. Este indicador sugere que um ambiente de trabalho mais flexível é já uma realidade para muitas empresas.

Ambiente de trabalho mais flexível

Um ambiente de trabalho mais flexível tem, obrigatoriamente, um impacto no sector imobiliário, influenciando o tradicional relacionamento entre proprietários e ocupantes. Os espaços de trabalho colectivo forneceram às empresas uma opção mais flexível e acessível.

Em resposta à questão: Se pudesse, o que mudaria no seu atual local de trabalho? 19,5% dos colaboradores assume que mudaria o seu espaço de trabalho pessoal, 14,8% a gerência e 13,1% a duração do deslocamento.

Por outro lado, e no que se refere ao planeamento adequado do espaço do escritório e se este contribui para o sucesso da organização, 28,7% dos colaboradores afirma não ter qualquer controle sobre o layout da sua área de trabalho e 33,9% têm uma postura neutra sobre esse assunto. O estudo também revelou que 53,5% dos inquiridos gostaria de ter controlo sobre seu espaço de trabalho e 50,2% afirma que o seu empregador actual nunca lhe pediu uma opinião sobre o layout do escritório.

O espaço ideal começa por satisfazer e garantir as necessidades básicas de conforto dos colaboradores. “Manter a limpeza, o conforto na área de trabalho, a qualidade da temperatura e a iluminação foram alguns dos factores apontados pelos colaboradores das empresas como os mais importantes. Estes dados são surpreendentes, visto que garantir que os colaboradores tenham os níveis básicos de conforto deveria ser uma obrigação não questionável, dando lugar agora a outros factores”, afirma Alexandra Portugal Gomes.

A limpeza do espaço é considerado o factor mais importante (93%), sendo que apenas 65% dos colaboradores afirmaram que se encontravam satisfeitos com a limpeza do seu escritório.

Gastar menos 15 minutos no seu percurso diário

No que diz respeito à mobilidade, 34% afirmou que gostaria de gastar menos 15 minutos no seu percurso diário (em cada sentido) para a empresa e 29% somaria 15 minutos, se isso implicasse trabalhar no seu escritório ideal. Somente os colaboradores, com idades entre os 18 e os 24 anos (28%) estariam dispostos a adicionar 30 minutos para trabalhar no seu escritório perfeito. Já 11% comenta não querer adicionar nenhum tempo à sua deslocação, mesmo que isso implique trabalhar num escritório melhor.

“As percentagens mostram que não há muito espaço de manobra em relação ao factor localização. O mercado de escritórios em Lisboa tem, actualmente, taxas de disponibilidade quase nulas no centro da cidade, o que reduz significativamente a escolha das empresas. No entanto, o mercado ganhou alguns movimentos de migração de negócios para outras áreas de mercado, o que acontece pelo facto de Lisboa ser uma cidade com uma rede de transportes completa, factor que facilita a mobilidade”, refere Alexandra Portugal Gomes.