Coliving em Portugal tem potencial para crescer mais de 25 vezes
Identificado como um dos mais promissores segmentos do imobiliário “alternativo” em toda a Europa, a oferta de Coliving tem potencial para crescer mais de 25 vezes no nosso país, conclui o 1º estudo sobre este sector, desenvolvido pela JLL em parceria com a Joyn, operadores em Coliving.
“Portugal Coliving- Follow the Trend” foi hoje apresentado em Lisboa e atenta no potencial e atractividade deste tipo de habitação como uma das soluções residências a desenvolver nos próximos anos. Além de analisar a realidade portuguesa e europeia de Coliving, apresenta ainda as principais tendências, características, públicos alvo e tipos de projecto que existem neste segmento.
O estudo estima que a procura potencial para este tipo de habitação partilhada possa atingir entre 16.000 a 18.000 camas em Lisboa e no Porto, ou seja, mais de 25 vezes o atual pipeline. De acordo com o estudo, as duas cidades portuguesas contabilizam actualmente apenas 50 camas de Coliving em operação e uma carteira de outras 570 em desenvolvimento para os próximos dois anos. Este pipeline inclui o projecto Smart Studios, com 114 camas em Santa Apolónia, previsto para dar resposta aos profissionais do Hub Criativo do Beato, junto ao qual nascerá outro projecto de Coliving com aproximadamente 120 camas. Para o centro de Lisboa está previsto o maior dos projectos, com 300 camas e vários espaços de Coworking. Para o Porto está projectado um Coliving com 40 camas, a ser operado pela B-Hive Living.
O relatório indica que na base desta procura estão os nómadas digitais que ficam nas cidades por períodos de tempo mais curtos, os expatriados atraídos pelas recentes multinacionais que se estabelecem em Portugal, os empreendedores internacionais que se mudaram para Lisboa, onde querem viver e interagir, requerendo serviços que permitam uma instalação suave nas suas novas cidades. Mas também os jovens trabalhadores entre os 20 e 35 anos que têm pelo menos uma licenciatura, ganham mais de 1.200 euros líquidos por mês e vivem sozinhos ou com um cônjuge, sem filhos. Normalmente procuram flexibilidade e não pretendem formar família nos próximos anos. Os estudantes internacionais e os nacionais deslocalizados, bem como os jovens empreendedores também integram a procura potencial de Coliving em Portugal.
O coliving dá resposta à procura dos millennials
“Os investidores procuram hoje oportunidades em segmentos onde a procura é muito maior do que a oferta em busca de retornos mais elevados e diversificação de activos e, em especial, estão atentos aos segmentos alternativos, onde os drivers da procura são gerados em mudanças demográficas e geracionais. O Coliving assume uma atractividade especial neste contexto, dando resposta à geração dos millennials naqueles que são alguns dos seus gostos e necessidades mais marcantes: a partilha, a mobilidade, a flexibilidade e a experiência pessoal. Portugal responde de forma muito atractiva a todos estes requisitos, com a mais valia de ter um dos pipelines mais diminutos na Europa”,adianta Maria Empis, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL.
A responsável acrescenta que "o nosso país é um mercado de grande potencial para o Coliving. É cada vez mais um destino global, procurado para trabalhar, estudar, investir e viver, e, por isso, o fluxo de pessoas com apetência para a experiência do Coliving vai aumentar cada vez mais, à medida que este tipo de habitação também se vai impondo por toda a Europa como um estilo de vida e uma das opções mais pretendidas para viver nas cidades. Por outro lado, e apesar dos investidores e operadores nacionais e internacionais terem já investimentos em Portugal que aumentam em dez vezes o actual stock de camas, a oferta continuará a ser muito reduzida e está longe de dar resposta a esta procura latente. Com estes ingredientes não há dúvida de que vamos assistir a um crescimento forte do investimento no Coliving nos próximos em Portugal, com Lisboa e Porto a serem vistas como cidades de grande oportunidade”.
O research identifica 40 cidades na Europa como destinos apetecíveis para o estabelecimento de projectos de Coliving, distinguindo-as entre mercados-chave, de crescimento, de oportunidade e de oportunidade de longo-prazo, considerando o momento da procura de Coliving, a escala e actividade do mercado, bem como o seu potencial de crescimento a longo-prazo. Lisboa, na 27ª posição, e o Porto, na 39ª, são respectivamente encarados como mercado de Oportunidade e de Oportunidade a longo-prazo. Lisboa classifica-se no mesmo grupo de Barcelona, Madrid, Milão ou Liverpool, e Porto alinha com Roma, Sevilha, Valência ou Marselha.
Mercado europeu de Coliving contabiliza actualmente 23.500 camas
De acordo com o estudo, o mercado europeu de Coliving contabiliza actualmente 23.500 camas entre projectos já construídos ou em desenvolvimento, sendo que 60% dos projectos em funcionamento ficou operacional nos últimos dois anos, o que comprova o rápido crescimento deste segmento e a sua atractividade para o investimento. Londres e Amesterdão são os dois principais destinos deste tipo de imobiliário, concentrando entre si 40% deste stock o que não surpreende devido aos seus estatutos de cidade global, populações jovens e mercados imobiliários dinâmicos. De qualquer forma, o stock contabilizado na Europa distribui-se por um total de 32 cidades, embora apenas oito cidades (em que se incluem as duas já referidas) concentrem, entre si, quase três quartos desta oferta.
O Coliving é uma tendência que veio para ficar na Europa e em Portugal, revela o estudo, exibindo um rápido crescimento, esperando-se que nos próximos anos os investidores aloquem um volume significativo de capital ao desenvolvimento de novas camas e que os operadores se foquem em cada vez mais mercados, como forma de assegurar novos projectos. Antecipa-se ainda que esta forma de habitação se vai tornar cada vez mais relevante nas cidades modernas, sendo crucial que os poderes políticos percebam, por um lado, os benefícios que traz e, por outro, criem legislação que proteja os investidores e os ocupantes, garantindo ao mesmo tempo os padrões de qualidade.
“O crescente fluxo de imigrantes jovens e de alta qualificação atraídos para Portugal, a par dos empreendedores locais, cria enormes oportunidades para o desenvolvimento da chamada Co-Revolution e dos espaços partilhados. Acomodar estas novas gerações, muito vocacionadas para a vida em comunidade, para uma economia da partilha e para a acessibilidade é um dos maiores desafios que o mercado imobiliário tem que enfrentar. Além desta questão de evolução geracional, em Portugal a emergência destas novas soluções de habitação é especialmente interessante, numa altura em que o acesso à habitação é um problema estrutural e em que os jovens são dos segmentos mais limitados. Por isso, já há muitos players interessados em desenvolver projectos de Coliving em Portugal e vamos assistir à vinda de cada vez mais investimento para este segmento”, conclui Maria Empis.