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A produtividade associada à utilização de materiais decresceu 7,0% em 2020

21 de dezembro de 2021

Em 2020 o Consumo Interno de Materiais (DMC) diminuiu 1,6%, tendo o decréscimo real do Produto Interno Bruto (PIB) sido mais intenso (-8,4%), determinando uma redução de 7,0% da produtividade associada à utilização de materiais (PIB/DMC). 

De acordo com o INE - Instituto Nacional de Estatística, a redução pouco expressiva do DMC esteve associada ao aumento do Valor Acrescentado Bruto (VAB) da construção (3,0% em volume), atividade fortemente consumidora de materiais, enquanto a generalidade das atividades económicas foi significativamente afetada pelos impactos da pandemia COVID-19.

O Consumo Interno de Materiais (DMC na sigla inglesa, de Domestic Material Consumption) mede a quantidade total de materiais consumidos diretamente numa economia, pelas empresas e pelas famílias. Em 2020 o DMC foi de 167,9 milhões de toneladas, menos 1,6% do que em 2019 e menos 17,3% do que em 2010. Os minerais não metálicos foram os materiais mais relevantes, representando 65,8% do DMC em 2020. A biomassa, os materiais energéticos fósseis e os minérios metálicos representaram 19,8%, 7,0% e 5,8%, respetivamente. Entre 2019 e 2020, com exceção dos minerais não metálicos (+3,7%), as restantes categorias de materiais registaram decréscimos: materiais energéticos fósseis (-25,7%), minérios metálicos (-12,3%) e biomassa (-3,8%).

Analisando os padrões de consumo de materiais desde 2010, com exceção da biomassa, que cresceu 6,1%, o DMC das restantes categorias de materiais diminuiu. Destaca-se particularmente o decréscimo dos materiais energéticos fósseis (-31,9%). O consumo de minerais não metálicos registou uma redução de 22,0% entre 2010 e 2020, destacando-se, no entanto, um crescimento de 23,6% desde 2016. O consumo de minérios metálicos apresenta uma tendência descendente desde 2016, tendo decrescido 16,8% desde 2010.

O DMC resulta da soma da extração interna de materiais com a balança comercial física (importações menos exportações). Em 2020, a extração interna de materiais aumentou 1,0%, tendo sido responsável por 88,9% do DMC.

O incremento da extração interna de materiais em 2020 explica-se, exclusivamente, pelo comportamento dos minerais não metálicos (nomeadamente rochas ornamentais e areia e saibro), únicos materiais que registaram um acréscimo relativamente a 2019 (+2,9%). Esta evolução está relacionada com o crescimento do ramo da construção, o principal utilizador deste tipo de materiais, cujo Valor Acrescentado Bruto (VAB) aumentou 3,0% em volume, constituindo uma exceção no contexto de contração da atividade económica em virtude da situação pandémica.

Em 2020, as exportações e as importações diminuíram 5,3% e 10,0%, respetivamente (a maior diminuição desde o início da série, 1995). A balança comercial física decresceu 18,7%, situando-se no valor mais baixo desde 2015. Esta redução explica o decréscimo do DMC (-1,6%), dado que a extração interna de materiais aumentou (+1,0%).

Entre 2010 e 2020, as exportações aumentaram 27,8%, enquanto as importações cresceram 6,6%. Analisando por fase de transformação, em 2020 observa-se que nas importações predominaram as matérias-primas (45,4%), apesar de um decréscimo de 11,2%. Nas exportações, os produtos acabados foram predominantes (61,6%), registando uma diminuição de 4,7% em 2020. Entre 2010 e 2020, os crescimentos mais pronunciados nas importações foram registados nos produtos acabados (+18,3%) e semiacabados (+18,1%). Nas exportações destacam-se os aumentos nos produtos acabados (+45,7%).

A produtividade associada à utilização de materiais é medida pelo quociente entre o Produto Interno Bruto (PIB) em volume e o DMC. Em 2020, este indicador diminuiu 7,0%, na sequência de uma redução do DMC (-1,6%) inferior ao decréscimo real do PIB (-8,4%). Apesar daquele resultado, a produtividade na utilização de materiais aumentou 18,4% entre 2010 e 2020, em consequência da redução de 17,3% do DMC,enquanto o PIB decresceu 2,1% em volume. A evolução do DMC é influenciada pela dinâmica das atividades fortemente consumidoras de materiais, como é sobretudo o caso da construção, mas também a produção de pasta de papel e a refinação de petróleo. A comparação com o VAB da construção permite observar algum alinhamento com as evoluções do DMC e da extração interna de materiais, pelo que é possível concluir que esta atividade determina, em grande medida, a quantidade de materiais extraídos e consumidos pela economia nacional.

A análise conjunta das taxas de variação do DMC e do PIB permite avaliar o grau de dissociação entre a pressão sobre o ambiente e o crescimento económico. Em 2020, à semelhança de 2011, 2012 e 2013, não se registou dissociação.