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Turismo

 

Preço e vendas em Resorts sobem 30%

13 de outubro de 2021

A nova valorização parece ter animado os operadores activos neste mercado, cujos níveis de confiança não só regressaram a patamares pré-Covid como estão mesmo nivelados com os momentos em que o Brexit levantou menor incerteza.

O inquérito de confiança Resort Market Survey - Índice de Preços de Resorts (SIR-Resorts), criado pela Confidencial Imobiliário em parceria com a Associação Portuguesa de Resorts e com o apoio do Turismo de Portugal - mostra que as expetactivas combinadas quanto à evolução dos preços e das vendas atingiu neste semestre os 46 pontos percentuais (pp, calculados via saldo de respostas extremas), em forte recuperação face aos 21 pp registados no período anterior e apenas superado pelos 55 pp registados há três anos, em 2018.

Segundo Pedro Fontainhas, Director Executivo da Associação Portuguesa de Resorts - APR “o mercado parece ter ganho confiança e acreditar na possibilidade de valorização. O mesmo se passa quanto à evolução das vendas, cujas expectativas estão agora em níveis bastante robustos, quando há um ano imperava o sentimento de que os preços iriam descer e a confiança de que as vendas iam crescer era bastante ténue”.

“O sistema de estatísticas de resorts, lançado pela Ci, congrega a informação de oferta e vendas da quase totalidade dos principais operadores, sendo uma ferramenta essencial para a monitorização específica deste mercado, permitindo diferenciar os perfis de oferta de procura face ao restante mercado residencial, do qual é realmente muito distinto”, refere Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário - Ci.

De acordo com o estudo, a habitação em resort apresentou, no 1º semestre de 2021, um valor médio de oferta de 4.442 euros/m2, atingindo os 8.058 euros/m2 na gama mais elevada do mercado. Tais valores reflectem, sobretudo, o nível de preços no principal mercado de resorts, nomeadamente o eixo Albufeira-Loulé, onde se regista um valor médio de 5.266 euros/m2, que atinge os 9.274 euros/m2 na gama alta.

Em termos médios, no 1º semestre, nesta região o valor pedido fica 30% a 60% acima da oferta registada em qualquer um dos outros três destinos de resorts delimitados no SIR-Resorts. O maior contraste (+58%) é com a região do Barlavento do Algarve. O menor diferencial é observado face à Costa Atlântica, onde os valores médios atingiram os 4.093 euros/m2 nos primeiros seis meses do ano.

Novas nacionalidades interessadas em Portugal

Os compradores oriundos do Reino Unido continuam a ser a principal fonte de procura internacional para os resorts no eixo Albufeira-Loulé, com uma quota de 44% das aquisições por estrangeiros no 1º semestre do ano, mas perderam expressão face ao semestre anterior, quando concentravam 56% das compras.

Por um lado, observou-se uma diluição da quota por um maior número de nacionalidades activas na compra deste tipo de habitação na referida localização (11 versus 9 no 2º semestre do ano passado), evidenciando-se a entrada dos compradores russos no mercado, que passaram a agregar 4% das vendas internacionais. Por outro lado, verificou-se um maior dinamismo de mercados já presentes, como o mercado francês, que passou de uma quota de 2% para 8% das compras pelos estrangeiros, e o mercado dos Países Baixos, de 10% para 15%.

No primeiro semestre de 2021, as vendas de habitação em resort aumentaram mais de 30% face ao semestre anterior no total do mercado nacional, uma tendência que foi transversal a todas as regiões, mas que foi especialmente sentida no eixo de Albufeira-Loulé, mercado que agregou 45% das transações registadas no SIR-Resorts. O preço médio de venda deste tipo de habitação atingiu os 3.928 euros/m2, superando os 4.450 euros/m2 no já referido eixo Albufeira-Loulé.

É o que constata João Richard Costa, director comercial e de marketing do Ombria Resort, no Barrocal Algarvio quando dia que “as vendas das Viceroy Residences (as Branded Residences do Ombria Resort) estão a superar as nossas expectativas. A atual conjuntura veio criar dificuldades em viajar por parte dos potenciais compradores e investidores imobiliários, que assim deixaram de poder visitar os imóveis antes de tomar as suas decisões de compra. No entanto, estes são apartamentos que conjugam a utilização por parte dos seus proprietários com uma componente de retorno de investimento. Isto, aliado às ferramentas digitais que criámos para as visitas virtuais dos apartamentos tornou possível que cerca de 70% dos compradores tenha decidido comprar remotamente, ou seja, sem visitar. Os principais fatores de sucesso das vendas têm sido a nossa localização no interior do Algarve e a aposta na criação de um empreendimento cujo foco é a sustentabilidade e a proteção do meio ambiente. Talvez em parte devido à pandemia, temos constatado uma crescente procura por imóveis com grandes áreas e fácil acesso a espaços verdes ou com uma estreita ligação à natureza que os rodeia, que é o caso no Ombria Resort.”

O mesmo diz Pedro Rebelo Pinto, de West Cliffs, na Costa de Prata, que afirma notar-se “alguma pressão da procura por parte de clientes do Norte da Europa, sobretudo por produto acabado, pronto a habitar ou a desfrutar em parte do ano”.

Já Cristina Santos, da Engel & Völkers de Albufeira, diz que “o Algarve mantem uma procura positiva, embora, devido aos constrangimentos das viagens, verificou-se uma desaceleração o que contribuiu para uma estabilidade nos preços de mercado. Espara-se, contudo, que devido ao progressivo levantamento das restrições e mantendo-se a procura pelo Algarve os preços tenderão a apresentar uma ligeira subida”.

Na zona da Comporta, e segundo Isabel Duarte, da Herdade da Comporta - Actividades Agro Silvícolas e Turísticas, S.A., “os períodos de confinamento motivaram uma procura pelos destinos rurais e com pouca densidade populacional e de construção, onde as pessoas se sentem mais seguras e livres. O destino Comporta, ao conjugar esses e outros atributos (como praia e "proximidade" a Lisboa") tem sido um destino que tem percecionado um aumento da procura e, como consequência, dos preços”.

O Director Executivo da APR reforça ainda que “a expetativa até ao final do ano é muito positiva, o que apenas confirma a qualidade da oferta e a abundância da procura neste segmento do imobiliário residencial”.