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Imagem de yonghan kim em Pixabay

Projecto europeu vai recuperar terrenos contaminados no Alentejo através de plantas

16 de outubro de 2024

Recuperar terrenos danificados ou contaminados através de plantas ou micro-organismos que removem contaminantes é o objectivo de um projecto europeu que vai ser desenvolvido no litoral alentejano, com um financiamento global de cinco milhões de euros.

Do projecto, denominado IASIS, faz parte a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (Nova FCT), que integra o consórcio europeu IASIS, que tem um financiamento da União Europeia de cinco milhões de euros durante quatro anos.

Pretende-se nesse período, segundo um comunicado da faculdade, recuperar terrenos contaminados por metais pesados, pesticidas, ou com elevados níveis de salinidade, que levam à degradação dos solos e a uma menor produtividade agrícola. O objectivo é aumentar assim a área agrícola europeia e ao mesmo tempo produzir biomassa.

O projecto envolve 18 parceiros de sete países e vai recorrer a um processo chamado “phytomanagement”, que consiste na “aplicação de plantas e microrganismos capazes de tolerar e remover contaminantes do solo, ao mesmo tempo que regeneram as suas propriedades”.

A solução será testada em locais-piloto dos vários países, sendo em Portugal aplicado em zonas do litoral alentejano, segundo fonte ligada à iniciativa.

Nesses locais serão plantadas espécies seleccionadas pela sua capacidade de resistir à salinidade ou a alguns poluentes, com o apoio de microrganismos que aumentam a capacidade de absorção de nutrientes pelas plantas e ajudam a estabilizar o solo.


Regenerar terrenos para a agricultura...

Ana Luísa Fernando, do Departamento de Química da NOVA FCT, vai trabalhar na identificação das melhores combinações de plantas e microrganismos que possam ser aplicadas para a recuperação de solos, e vai monitorizar os resultados obtidos nos locais-piloto.

“O IASIS traz consigo uma série de benefícios a longo prazo, especialmente para a agricultura e a economia portuguesa. Ao reabilitar terrenos até agora considerados inutilizáveis ou improdutivos, abre-se a possibilidade de aumentar a área de cultivo disponível, o que é particularmente relevante num país como Portugal, onde a desertificação do solo está a aumentar devido às alterações climáticas”, disse a investigadora citada no comunicado.

A acumulação de sais no solo e a contaminação por substâncias químicas resultam, muitas vezes, de práticas agrícolas intensivas, da poluição industrial ou de fenómenos naturais como a erosão e a desertificação.

A investigação visa regenerar os terrenos mas também transformar esses locais em áreas produtivas para outros fins, como a produção de biomassa. A biomassa gerada a partir de plantas não comestíveis (industriais), poderá ser utilizada como matéria-prima para a criação de produtos de base biológica, fomentando a bioeconomia e a economia circular.

Lusa/DI