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Europa: Cresce o risco de ameaça para espaços de escritórios obsoletos

21 de dezembro de 2022

A Savills calcula que 74% dos escritórios estão abaixo da certificação EPC B exigida no Reino Unido e, que 40% dos escritórios não têm a etiqueta EPC C exigida nos Países Baixos, apresentando um enorme risco de retorno de capital devido às regras de obsolescência propostas nestes países. 

De acordo com as mais recentes investigações da consultora Savills, “o valor financeiro das carteiras imobiliárias europeias está em risco devido ao potencial crescente de ativos irrecuperáveis”. E um "activo irrecuperável" é uma propriedade que não conseguirá satisfazer as futuras normas de eficiência energética ou as expectativas do mercado, e, como resultado, é cada vez mais provável que enfrente uma obsolescência precoce. 

“Os investidores procurarão evitar activos em risco de não recuperar, ou incorrer em penalidades por não cumprirem a legislação mais rigorosa”, assegura o departamento de consultoria imobiliária internacional. O valor de um activo será afetado, inevitavelmente, se este não cumprir as normas ocupacionais, de investidores e legislativas.


Incrementar a eficiência energética

O Décret Tertiaire em França é um regulamento vinculativo que estabelece a redução do consumo de energia nos edifícios de uso terciário existentes, com um objectivo de pelo menos 40% de redução em 2030, 50% em 2040 e 60% em 2050. Embora apenas 9% da amostra de stock em França esteja em risco no âmbito do EPC E da UE até 2030, para se conseguir uma redução de 40% no consumo de energia até 2030, será necessário melhorar a eficiência energética dos edifícios de escritórios de uma parte maior do stock. 32% e 23% dos escritórios com classificações EPC conhecidas em Itália e Irlanda, respetivamente, estão em risco de obsolência em 2030, proporcionando oportunidades para investidores com valor acrescentado.

Georgia Ferris, European Research Analyst da Savills, comenta: "Os dados do MSCI mostram que os investimentos em melhorias nos escritórios europeus baixaram para apenas 0,8% do valor líquido do capital, um dos níveis mais baixos desde o rescaldo da Crise Global Financeira. Este tipo de investimento cobre normalmente a substituição de sistemas de iluminação e de fluxo de ar, por exemplo, remodelações leves que podem elevar o rótulo EPC de um edifício.

"Na Savills, estimamos que o custo médio de elevar a classificação EPC de um escritório de D para B é de aproximadamente 500 euros por m2. Com o valor do capital em risco se um activo não estiver em conformidade, o aumento do investimento com melhorias apresenta uma oportunidade para os investidores protegerem o edifício no futuro".

James Burke, European Capital Markets & Global Cross Border Investment Director na Savills, afirma, por seu turno: "Para além da legislação mais rigorosa que está a entrar em vigor em toda a Europa, os investidores também enfrentam a pressão de ocupantes que estão a dar prioridade a edifícios compatíveis com o ESG e estão preparados para pagar um prémio por escritórios “best in class”. Manter uma reputação positiva e atrair os melhores talentos são dois factores que contribuem para as estratégias empresariais dos ESG".

Já Nuno Fideles, Associate Architect & Sustainability Consultant BREEAM AP da Savills Portugal declara: “Existe um longo caminho para percorrer. É certo que existe ainda o mito de que construir de forma sustentável é muito mais dispendioso que a construção tradicional. Contudo, é muito importante salientar que temos vindo a sentir gradualmente uma interessante mudança de paradigma na área da reabilitação, onde muitos fundos imobiliários têm tentado, através da reabilitação de edifícios existentes, melhorar a oferta de mercado com edifícios eficientes e certificados”