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Entrevistas

 

Mercado imobiliário sairá mais forte desta crise para quem se adaptar à nova realidade

4 de novembro de 2020

Para Nelson Morgado, CEO do Grupo Pr1me, os clientes nacionais são o grande motor deste sector e o emprego  e a confiança dos portugueses nos seus governantes e na economia, ditarão o futuro do mercado imobiliário.

De referir que nos primeiros nove meses de 2020, a Zome Pr1me registou um crescimento de 11% face ao ano anterior. O Grupo português acaba de abrir um novo HUB no Campo Pequeno, o seu quarto espaço na zona da Grande Lisboa, estando prevista uma nova abertura para o início de 2021.

Com os quatro HUBS que detém agora, o Grupo procura continuar o crescimento sustentável que tem conseguido através da Zome Pr1me. O Grupo Pr1me celebra em 2020, duas décadas, focado na Mediação Imobiliária. Concentra actualmente a sua actividade na Zome Pr1me, onde tem mais de 200 consultores distribuídos pelos quatro HUBS na área da Grande Lisboa.

Nelson Morgado, em entrevista ao Diário Imobiliário, explica como o Grupo tem ultrapassado a situação que se vive e admite que a eventual descida de preços não seja aos níveis do que aconteceu em 2011, 2012.

A que se deve esta aposta em novos Hubs? O mercado imobiliário continua a ser uma aposta segura?

Tínhamos como principal objetivo do ano de 2020 abrir um novo HUB na zona de Lisboa, realizando-o em Agosto do presente ano com a aquisição do HUB do Campo Pequeno. A nossa equipa continua a crescer e acreditamos que irá crescer mais nos próximos meses. O Mercado Imobiliário é certamente uma aposta segura por ser considerado um bem essencial para as nossas vidas e que acompanha os diversos ciclos de vida das pessoas. Mas na Zome o nosso foco não é apenas a venda de imóveis, mas sim, proporcionar a melhor experiência imobiliária do mundo, tanto aos nossos consultores como aos nossos clientes e isso passará pela formação de grandes líderes e grandes empreendedores suportados por um acompanhamento e tecnologias sem paralelo. E estamos focados em melhorar as ferramentas, acompanhamento e tecnologia que já possuímos em prol dessa mesma visão.

Como tem a Zome Pr1me ultrapassado esta pandemia? Como tem sido os resultados? Quais os principais desafios neste momento?

Em Março de 2020, com a notícia de que muitos dos sectores teriam de fechar portas ao público a Zome decidiu cumprir com todas as indicações da DGS e garantir que todos os colaboradores estariam em  segurança junto das suas famílias. Mas uma das principais prioridades da nossa empresa foi assegurar o futuro de cada uma das nossas pessoas. Neese sentido, sendo a Zome também uma empresa de tecnologia, disponibilizou de imediato várias soluções e ferramentas, acelerou outras que estavam planeadas mas ainda não terminadas para que os negócios dos nossos consultores não sofressem qualquer oscilações durante este período.

Também importante foram as várias formações diárias e intensivas que a Zome e o grupo Prime disponibilizaram durante esse período e, não menos importante, todo o apoio que o nosso staff e liderança transmitiram e deram aos nossos consultores. Foi de tal forma intenso que trabalharam 24 horas de forma a permitir que o  acompanhamento e a formação iriam responder a todas as suas necessidades perante um novo panorama tecnológico. O plano de acção foi posto em prática na segunda quinzena de Março com briefings diários e reuniões via zome meet (plataforma própria da empresa, semelhante ao zoom, para comunicar com clientes, consultores, staff e liderança) que possibilita a conexão entre pessoas e permitiu uma maior partilha de experiências e conhecimento.

As formações foram retomadas em formato digital e o recrutamento incrementou também as suas actividades, sendo que, muito dos candidatos que nos chegaram nesta altura, vieram de sectores diversos, dos mais afectados pela pandemia e com a curiosidade de serem altamente qualificados. É também com orgulho que podemos dizer que, também nesta fase, possibilitámos novas oportunidades, abrimos novas portas e estamos a transformar a vida de pessoas que, durante esse período, viam o futuro de forma incerta.

Por fim, acelerámos projectos como o Zome Now, que é a primeira plataforma online no mundo que permite ao cliente reservar ou fazer uma proposta de compra de um imóvel e que nos trouxe a oportunidade de garantir um melhor serviço à distância e dar mais poder de  decisão aos nossos clientes, não limitando a compra da casa a uma visita presencial. Este projecto já estava em progresso ainda antes do período de confinamento, mas a pandemia forçou-nos a agir  de forma mais rápida de maneira a que os nossos consultores conseguissem acompanhar a mudança e  adaptarem-se às novas medidas. 

Quais as expectativas para o final deste ano e o próximo?

Neste momento, com a abertura do novo HUB do Campo Pequeno e com a qualidade e crescimento da equipa e dos HUBS, tencionamos mudar para uma unidade mais centralizada e numa das zonas mais privilegiadas das Avenidas Novas em Lisboa. 

Em 2021, temos perspectiva de abrir mais uma unidade em Lisboa.

Para fazer face a este crescimento, estamos em fase de recrutamento de liderança e estrutura, dando-lhes toda a formação e know-how do modelo Zome, para que o seu nível de preparação esteja sempre à altura de cumprir com as expectativas da nossa equipa e consequentemente impactar de forma positiva a produtividade da mesma.

As expectativas que existem quanto à evolução do mercado, seja nos preços ou nas transacções são diversas. Qual a sua? Como irá evoluir o mercado?

Estamos a viver uma situação sem paralelo na economia mundial uma vez que a crise económica que se antevê tem origem num evento de saúde e não num problema da economia de Mercado. Há muitas medidas que podem interferir na recuperação da economia e, consequentemente, no mercado imobiliário. Por exemplo, o prolongamento das moratórias, o acesso ao crédito e o respectivo custo desse acesso, o desemprego, a normalização da vida das pessoas (escolas, trabalho, etc), a revitalização de sectores impactantes como o turismo, etc. O mais importante é as pessoas sentirem confiança no futuro.

O Mercado Imobiliário é estrutural para o país, sendo tipicamente um sector bastante resiliente, como se vê aliás na manutenção dos preços de venda. Acreditamos que poderá haverá um ajuste dos preços a médio/longo prazo, até porque estávamos em máximos históricos, mas tal dependerá dos factores acima descritos. A definição do preço de mercado dependerá sempre da oferta vs procura e esta varia ao longo dos ciclos. Neste momento, ao contrário do que sucedeu em 2011 e 2012, não temos um stock de imóveis enorme, as instituições de crédito, que sempre viram no crédito habitação o seu melhor produto, estão a conceder crédito e a preços muito competitivos e, até ver, repito, até ver, não temos os níveis de desemprego que o país atingiu nesse período.

Tudo dependerá das políticas adoptadas pelos nossos governantes e a forma como empregarão na economia os apoios vindos da União Europeia. Se esse apoio chegar de forma atempada às pequenas e médias empresas (que representam mais de 80% do população activa), que estas sintam que esse apoio seja um verdadeiro apoio e não algo que lhes cause constrangimentos no futuro, e os níveis de desemprego não aumentaram significativamente, mesmo sabendo que o risco aumenta e consequentemente os spreads do acesso ao crédito habitação, não creio que a descida de preços seja aos níveis do que aconteceu em 2011, 2012.

O fim anunciado dos Vistos Gold em Lisboa e Porto vão ter impacto no mercado. O Parlamento Europeu vai mais longe e pede o fim imediato para todos os Estados Membros. Como analisa esta medida?

O investimento estrangeiro tem sempre uma grande importância para o mercado imobiliário português, sendo que os vistos gold eram uma ferramenta importante para o efeito e tiveram um papel importante na captação de investimento e sobretudo na recuperação da crise económica anterior e do mercado imobiliário em particular.

Obviamente que, terminar com esta medida, nunca é agradável para o mercado imobiliário e representa uma quebra no sector. Contudo, convém referir que, a esmagadora maioria das transacções imobiliárias em Portugal são feitas por nacionais e, desde que os cidadãos estrangeiros se consigam movimentar normalmente, o que não acontece hoje devido à pandemia, continuarão a haver transacções com estes clientes. Os vistos gold são apenas uma parcela dos clientes estrangeiros.

Os portugueses vão conseguir manter o mercado imobiliário dinâmico?

Como disse anteriormente, o mercado imobiliário tem um papel predominante e estrutural para o país (colecta de impostos, empregos que gera, etc) e os clientes nacionais são o grande motor deste sector. Mantendo-se o acesso ao crédito bancário, o que parece não estar em causa de momento, o emprego  e a confiança dos portugueses nos seus governantes e na economia, o sector pode não atingir os níveis que chegou a atingir nos últimos anos mas manterá uma dinâmica positiva. Isto porque trata-se de um sector que representa um bem de primeira necessidade, que acompanha os ciclos de vida das pessoas (casamentos, uniões de facto, nascimento de filhos, heranças, etc). Acreditamos também que esta nova realidade que estamos a viver, irá dinamizar o Mercado Comercial e industrial.

Outro factor a ter em conta com esta nova realidade, será a possibilidade de retoma do investimento no mercado imobiliário, visto que é bastante menos volátil que os mercados financeiros e pode garantir um retorno bastante significativo.

Estamos convencidos que o mercado imobiliário sairá mais forte desta crise para quem se adaptar a esta nova realidade, tal como a Zome e o grupo Prime o está a fazer.