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Distribuição Turística reforça peso económico e garante 151 mil empregos em Portugal
A Distribuição Turística está a assumir um papel cada vez mais determinante na economia portuguesa, revela o novo estudo apresentado pela APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo e elaborado pela EY-Parthenon, durante o 50º congresso da APAVT que decorreu entre os dias 2 e 4 deste mês em Macau, na China.
De acordo com o estudo - apresentado por Sandra Primitivo, Executive Director da EY-Parthenon -, em 2024, o sector gerou 7,6 mil milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto (VAB) — equivalente a 3% do PIB nacional, reforçando significativamente o seu contributo face aos anos anteriores.
Os resultados mostram também que o sector é responsável por 2,6% da receita fiscal nacional, num total de 2 620 milhões de euros, e viabilizou 151 812 postos de trabalho em Equivalente Tempo Integral, representando 2,9% do emprego em Portugal.
Turismo continua a ser motor económico nacional
Portugal mantém-se como um dos países da União Europeia onde o turismo tem maior peso no VAB e na criação de emprego. Em 2024, o sector representou 8,1% do VAB nacional e 21% do consumo interno por não residentes. O peso do turismo nas exportações de serviços atingiu os 48%, superando largamente a média europeia de 5%.
A tendência de crescimento confirma a forte competitividade do país enquanto destino e demonstra que o turismo continua a ser um dos pilares estruturais da economia portuguesa.
Explosão empresarial e digitalização crescente
Entre 2010 e 2024, o número de empresas da Distribuição Turística mais do que duplicou, impulsionado pela atratividade do mercado e por barreiras de entrada reduzidas. Hoje, o sector caracteriza-se por uma forte presença de microempresas (90%), embora estas representem apenas 42% do emprego e 29% do VAB.
Apesar da elevada fragmentação, o mercado mostra sinais de concentração: as 10 maiores empresas detêm cerca de 40% do volume de negócios. A taxa de sobrevivência empresarial situa-se nos 67%, em linha com o setor turístico e acima da média nacional, ainda que inferior aos níveis pré-pandemia.
O estudo revela ainda níveis de qualificação acima da média nacional e uma digitalização já significativa, embora com margem para crescer, sobretudo nas soluções móveis e interactivas.
Sector mais produtivo e resiliente após a pandemia
Depois de um colapso de 77% no volume de negócios em 2020, a Distribuição Turística foi um dos segmentos mais afectados pela pandemia. No entanto, não só recuperou como reforçou a sua capacidade de gerar valor.
Entre 2017 e 2024:
- O VAB cresceu 57%
- O volume de negócios aumentou 53%
- O emprego subiu 21%, abaixo do crescimento do VAB, evidenciando ganhos de produtividade
Os indicadores financeiros mostram uma recuperação sólida a partir de 2022, com melhoria da rendibilidade e reforço da robustez financeira.
Outgoing lazer domina; corporate e incoming perdem terreno
O perfil do sector está a mudar. O segmento de outgoing lazer tornou-se dominante e é hoje responsável por 57,6% do volume de negócios, sobretudo entre empresas de maior dimensão. Já o corporate e o incoming perderam peso relativo nos últimos anos.
As receitas por passageiro variam significativamente entre segmentos:
- Outgoing corporate: 1 110 euros
- Outgoing lazer: 795 euros
- Incoming MICE: 620 euros
- Incoming lazer: 457 euros
A Europa continua a ser a principal origem dos turistas incoming (72%), com destaque para Espanha, França e Alemanha. Brasil e China surgem como mercados relevantes, mas de menor expressão.
Efeitos multiplicadores ao longo da cadeia de valor
O estudo sublinha que a Distribuição Turística não se limita à intermediação de viagens: gera efeitos económicos em múltiplos sectores, da hotelaria ao transporte, restauração, eventos, atracções e actividades auxiliares.
A cadeia de valor é extensa e multidisciplinar, contribuindo para impulsionar o consumo em vários segmentos, tanto directo como indirectamente.
Um sector com importância crescente
Os números apontam para uma tendência clara: a Distribuição Turística não é apenas uma peça da engrenagem turística, mas um motor económico integrado, com impacto decisivo em riqueza, emprego e receita fiscal.
Num período marcado pela recuperação pós-pandemia e por profundas transformações digitais, o sector afirma-se como um dos mais dinâmicos da economia portuguesa — e com potencial de crescimento contínuo nos próximos anos.
*O Diário Imobiliário viajou até Macau a convite da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo.












