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Profissionais do imobiliário consideram que mercado vai acelerar nos próximos 12 meses

5 de abril de 2022

O novo estudo global realizado pela Berkshire Hathaway HomeServices, rede internacional de intermediação imobiliária, em sete mercados chave - Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha, Portugal, Grécia e Dubai - revela que nos últimos dois anos registou-se um elevado nível de actividade do mercado residencial, em todo o mundo. 

O relatório indica que a pandemia acentuou o papel central da casa na vida das pessoas e deu-lhes oportunidade de se tornarem mais atentas às suas verdadeiras necessidades. Para além disso, a acessibilidade dos preços e o poder de compra foram impulsionados pelas elevadas taxas de empregabilidade, pelo aumento dos salários e das poupanças por parte das famílias. Estes factores mitigaram o impacto do aumento generalizado dos preços.

Segundo Christy Budnick, CEO da Berkshire Hathaway HomeServices, “o facto de grande parte do mercado ter estado mais orientado para a procura do que para a oferta beneficiou os proprietários, que tiveram capacidade para praticar preços mais elevados. Esta situação tem sido particularmente acentuada nos tipos de imóveis residenciais que se destacaram nos últimos dois anos. Em muitos mercados, como no Reino Unido e em Espanha, houve uma enorme procura por propriedades rurais, com muito espaço ao ar livre e a carência de oferta fez com que os proprietário obtivessem retornos elevados”.

Em 2022, é pouco provável que se assista a um abrandamento do mercado

Em 2022, é pouco provável que assistamos a um abrandamento do mercado. Os profissionais do sector imobiliário, na maioria dos mercados analisados, concordam que nos próximos doze meses o mercado vá continuar a acelerar, tornando-se ainda mais competitivo. É também pouco provável que a abundância de potenciais compradores seja invertida e, com a abertura das fronteiras, prevê-se que exista um aumento de compradores internacionais que não tenham ainda conseguido concretizar as suas aquisições à distância. Para além disso, muitos profissionais referem que imóveis como apartamentos nas cidades - considerados menos apetecíveis durante a pandemia - irão regressar em força, à medida que a vida vai retomando a sua normalidade.

Christy Budnick  salienta no entanto que “a inflação parece ser menos transitória do que muitos inicialmente acreditavam, o que terá um impacto generalizado no comportamento do consumo e na economia global. Da mesma forma, as políticas monetárias lançadas para combater os efeitos da inflação - nomeadamente, os aumentos de taxas bancárias - vão, também, influenciar o mercado e exercer pressão sobre a procura“.

O estudo avança ainda que o mercado deverá, no entanto, ser suficientemente robusto para ultrapassar estes desafios. Em toda a região EMEA, a procura continua a superar substancialmente a oferta e existe, cada vez mais, uma escassez de imóveis em stock, em muitos países. Nestas circunstâncias, é provável que continuemos a assistir a um mercado bastante ativo durante o resto do ano. 

Portugal - Um hub próspero para investimento

No caso de Portugal, é consensual que o mercado imobiliário português entrou num novo e desafiante ciclo. De acordo com os profissionais do sector imobiliário português, o estudo revela que a pandemia veio gerar uma aceleração do mercado, que se tornou mais competitivo e focado no preço, o que é sustentado pelos elevados níveis de procura; cerca de 78% dos profissionais entrevistados afirmam que o mercado se tornou mais competitivo.

Para além disso, seis em cada dez profissionais (61%) afirmam que o aumento da procura de imóveis residenciais está acima da média global. Esta procura crescente está a afectar a relação entre preço e qualidade. Portugal foi, neste estudo, o mercado onde a maior proporção de inquiridos referiu estar a tornar-se mais focado no preço, ao longo dos últimos doze meses. Cerca de 78% dos inquiridos afirmou ser mais orientado pelo preço, enquanto apenas 17% considerou ser mais focado na qualidade. Da mesma forma, 62% afirmou ter-se tornado mais impulsionado pela procura, enquanto apenas 27% afirmou que se tinha tornado mais motivado pela oferta.

A importância da imigração

Os portugueses entrevistados referem que a imigração está directamente relacionada com desempenho do mercado imobiliário, o que pode ser atribuído a dois factores: a posição de Portugal como destino de turismo residencial e os efeitos do programa Golden Visa. Ao avaliar o desempenho esperado do mercado para os próximos três a cinco anos, mais de dois terços dos inquiridos (68%) acredita que a imigração vá ter impacto no mercado imobiliário residencial, o que está 9 pontos acima da média global.

Da mesma forma, também é possível perceber como é que a imigração pode ter moldado o mercado nos dozes meses anteriores. Mais de quatro em dez inquiridos (43%) afirmam registar um aumento da procura de habitações secundárias, ou de férias, e quase metade dos profissionais portugueses (49%) reporta um aumento da procura no segmento de luxo, superior à média global.

As duas maiores cidades portuguesas - Lisboa e Porto - tornaram-se, nos últimos anos, cidades muito populares. De acordo com Carla Cláudio da Berkshire Hathaway HomeServices | Atlantic Portugal, “houve um boom e os preços subiram devido à afluência de turistas e, consequentemente, Portugal ficou rotulado como um local na moda para se viver”.  Esta situação contribuiu para uma forte apetência por imóveis urbanos no país, o que contraria as tendências globais. Paralelamente, verificou-se também um aumento de 67% da procura de casas em zonas periféricas, um dos mais elevados, a par do Reino Unido. Portugal teve ainda um dos níveis mais elevados de entrevistados a referir o aumento da procura por novas áreas residenciais (66%).

De acordo com a opinião dos profissionais do sector imobiliário em Portugal não é claro se o mercado irá manter esta dinâmica durante o próximo ano. Menos de metade (49%) afirma que o mercado vai ficar mais ativo nos próximos doze meses, o que é inferior à média global (55%). Bernardo Teixeira, da BWA Across resumiu afirmando que “com a Covid, é impossível prever o que pode acontecer. As taxas de juro estão a aumentar e a inflação também. Esperamos uma pequena retração em 2022, mas devido à Covid e à instabilidade política do mundo e não ao próprio mercado”.

Relativamente aos factores que afetam o mercado, como sejam a legislação, os impostos e a inflação, estes foram vistos como tendo um grande impacto. Maioria dos portugueses (88%) considerou que a inflação terá um impacto significativo no mercado nos próximos três a cinco anos - o nível mais elevado registado. A taxa de inflação atingiu 3,3% em Portugal no mês de Janeiro de 2022 - 0,5% acima do ano anterior. O mesmo aconteceu com as taxas de juro, relativamente às quais 90% acredita que terão impacto no mercado.