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Mercado português continua no radar das empresas e dos investidores

14 de setembro de 2020

Para as empresas de consultoria imobiliária, o investimento imobiliário vai continuar e 2021/22 serão anos de recuperação. E se em alguns segmentos a quebra foi significativa com a pandemia da Covid-19, existiram outros que cresceram neste período de crise. Na opinião das consultoras, apesar dos momentos difíceis que se estão a viver, Portugal continua atractivo para o investimento.

Francisco Horta e Costa, director-geral da consultora CBRE, revela que na “reentré o que podemos esperar é um mercado activo, já razoavelmente habituado a viver com este novo contexto, cujos players sabem que não podem protelar para sempre decisões de investimento ou de gestão. Há vários processos de investimento, de mudança de instalações ou de abertura de lojas que foram retomados nas últimas semanas e que irão concretizar-se ao longo dos próximos meses. Sem dúvida que o mercado português continua no radar das empresas e dos investidores”.

Já  Pedro Rutkowski, CEO da WORX - Real Estate Consultants, admite que tanto os investidores como as direções das empresas incutem cautela nas suas decisões, percebendo que muitas medidas vieram para ficar e irão alterar permanentemente a nossa realidade.  “Alguns dos projectos/investimentos planeados sofreram atrasos, sendo concluídos em 2021. O mercado imobiliário sempre foi cíclico e neste momento atravessamos uma das fases desse ciclo, apesar de neste caso se esperar um ciclo mais curto. Neste sentido, tudo indica que 2021/22 serão anos de recuperação uma vez que o grau de incerteza das empresas e investidores será mais reduzido, acabando por tomar as decisões adiadas em 2020”.

Quanto aos desafios que se colocam neste momento ao sector, Horta e Costa revela que os principais desafios apresentam-se nos sectores do retail e dos hotéis, por razões óbvias. “Vai demorar tempo até que as pessoas voltem a viajar e a irem para hotéis, bem como a centros comerciais. Será preciso eliminar por completo o risco de contágio do vírus, mas quando isso acontecer (e irá acontecer), esses sectores regressarão a uma quase normalidade”.  O responsável aponta o comércio online e o teletrabalho  - que se impuseram neste período de pandemia - como influenciadores do futuro do retalho e dos escritórios mas acredita que por enquanto, não irá substituir a interacção pessoal e presencial, no entanto são dois segmentos que irão mudar algumas tendências.

Também Rutkowski, admite que presentemente será necessário ajustarmo-nos, incorporar novas soluções funcionais na criação dos activos, utilizar novos materiais assim como sistemas construtivos e tecnologia adaptada aos tempos em que vivemos. “Em Portugal, se por um lado assistimos a um decréscimo abrupto do turismo, aumento do desemprego e diminuição do rendimento das famílias, por outro lado vemos a aceleração de tendências anteriores, tais como o desenvolvimento das práticas de teletrabalho e o crescimento do comércio online, que pode impactar a procura dos imóveis afectos a escritórios e ao retalho. Certamente existirão outras oportunidades no mercado, e o país não perdeu nenhuma das qualidades para continuar a ser percepcionado como um bom destino para turismo e investimento. No entanto, é necessário que seja restabelecido o fluxo de pessoas e que a economia volte a crescer”.

Relativamente ao que esperam  até ao final deste ano, o diretor geral da CBRE, revela que se estima que ainda se venham a realizar cerca de 1.000 milhões de euros de transacções em imóveis de rendimento, apontando para um total de 2,7 mil milhões de euros no final do ano. “Se assim for, 2020 será o terceiro melhor ano de investimento imobiliário desde que há registos (de salientar que o melhor ano antes da crise financeira global tinha sido o ano de 2007, onde tínhamos atingido cerca de 1,4 mil milhões de euros)”.

O CEO da Worx por outro lado, admite que o último trimestre, habitualmente mais forte, sofrerá uma natural pressão sob o investimento adiado ao longo do ano, sendo possível assistirmos a algumas concretizações. “O retalho e a hotelaria continuarão a sofrer os impactos do surto, com quebras significativas que serão restauradas pouco a pouco. Em relação ao sector de escritórios e de logística a expectativa é que continuem dinâmicos, com a procura das empresas a retomar e com o contínuo crescimento do comércio online. É certo que iremos conseguir retirar oportunidades das dificuldades, e existem negócios que não irão deixar de se realizar apesar da Covid-19”.