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Lisboa: a torre da polémica no Quarteirão da Portugália

15 de maio de 2019

Um grupo de moradores lisboetas lançou hoje um movimento contra o projecto Portugália Plaza, que inclui a construção de um edifício de 60 metros e 16 andares, argumentando que se trata de um “erro histórico”.

Já sabíamos que os portugueses não tem sido muito dados a torres e, por princípio, opõe-se à construção desse tipo de imóveis. Há vários exemplos no passado, talvez o mais emblemático tenha sido o ‘chumbo’ à belíssima torre projectada por Norman Foster para a Av. 24 de Julho. E embora um edifício de 16 pisos esteja longe de ser uma torre e possa ser invocado o incontestável argumento que ‘a construção em altura liberta o solo de ocupação’… nem mesmo assim isso parece demover os mais resistentes...

O projecto, da autoria da empresa ARX Portugal Arquitectos, prevê a construção de quatro edifícios, um deles com 60 metros e 16 andares, em terrenos actualmente abandonados no quarteirão da Portugália, na Avenida Almirante Reis.

O futuro empreendimento – cujo investimento ascende a mais de 40 milhões de euros - contemplará cerca de 85 apartamentos, habitação de convivência, escritórios, espaços comerciais, 413 lugares de estacionamento para automóveis e 99 para motas.

Os quatro novos edifícios e a reabilitação dos pré-existentes “conformam duas praças” ajardinadas abertas ao público.

Recorde-se que para o local o promotor – o Fundo Sete Colinas – lançou um concurso de ideias, a 19 Julho de 2017, tendo sido seleccionados 8 gabinetes gabinetes de arquitectura, com vasto currículo em intervenções similares, sendo quatro de ateliers nacionais e outras quatro de ateliers internacionais. A proposta da ARX Portugal Arquitectos viria a ganhar sobre as restantes.

 

Interferência nas vistas e excesso de sombreamento – argumentam os opositores

O movimento de cidadãos à construção da torre afirma considerar “inaceitável aquela construção e considera um erro histórico, porque descaracteriza a identidade da Avenida Almirante Reis e dos bairros circundantes” e “porque constitui uma agressiva interferência no sistema de vistas da cidade, nomeadamente nos miradouros da Penha de França, do Monte Agudo e do miradouro do futuro Jardim do Caracol da Penha”, argumenta Rita Cruz, uma das moradoras responsáveis pela iniciativa, em declarações à Lusa.

Além disso – diz aquela cidadã - “a construção da torre cria uma violenta área de sombras sobre as ruas e sobre as casas circundantes, acarretando um decréscimo na qualidade de vida dos moradores e dos visitantes naquela área da cidade”.

Apesar de o movimento ser favorável à requalificação daquela zona e acreditar que deve “ser construída alguma coisa que seja positiva para a cidade e para os moradores”, Rita Cruz disse que o grupo não vai “decidir ou propor qualquer tipo de proposta ou construção”.

O movimento foi constituído esta tarde, com um grupo inicial de dez pessoas, que convidam “todos os cidadãos e organizações interessados a juntar-se ao movimento”, segundo um comunicado enviado às redacções.

Denominado “Stop Torre 60m Portugália”, o grupo avança ainda que vai lançar nos próximos dias uma petição em papel dirigida à Assembleia Municipal de Lisboa “para que a opinião cidadã pese indelevelmente nas tomadas de decisão” da autarquia da capital.

O projecto de requalificação do quarteirão da Portugália, na Avenida Almirante Reis, está em discussão pública até ao dia 24 de Maio, prazo que foi prorrogado depois de o PSD ter exigido a realização de sessões de apresentação pública do projeto.

A primeira apresentação realiza-se na quinta-feira, no auditório da sede da Ordem dos Arquitectos, às 18:30, e a segunda terá lugar na próxima terça-feira, no Mercado Forno do Tijolo, à mesma hora.

Para conhecer melhor o projecto veja-o AQUI