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Escassez no mercado imobiliário continuará a aumentar os preços nos próximos três anos

28 de julho de 2020

Já investiu em quatro anos, 21 milhões de euros em projectos já concluídos, em aquisições o ano passado investiu 45 milhões e tem em pipeline mais de 250 milhões de euros em empreendimentos. Entre hotéis, projectos residenciais, hotelaria, centros de congressos e multusos, o grupo israelita Fortera é neste momento, um dos maiores investidores estrangeiros a apostar em Portugal.

Elad Dror, CEO do Grupo Fortera  em entrevista ao Diário Imobiliário, revela ainda, que em 2021 iniciará um projecto único que vai mudar a face de Vila Nova de Gaia.

Para o promotor, Portugal continua a ser atractivo para investir e e com pandemia do Covid-19, o Governo tem de ser ainda mais criativo para atrair investimentos estrangeiros para o país.

Qual o investimento já realizado em Portuga e quantos projectos têm em desenvolvimento neste momento?

Nos últimos quatro anos concluímos nove projectos que tiveram um investimento total de 21 milhões de euros, e investimos outros 45 milhões de euros, aproximadamente, em aquisições ao longo do ano de 2019. Dos nove empreendimentos concluídos, estão por exemplo, o: Cais da Fontinha, no Cais de Vila Nova de Gaia, o Boa Vista One, no Porto, e o Espinho One, na cidade costeira de Espinho. O investimento global que temos actualmente no pipeline é de mais de 250 milhões de euros.

Quais os que estão previstos para arrancar e quanto ainda pretendem investor no nosso país?

Até o final do ano iniciaremos a construção de um hotel de 5 estrelas que contará com 258 quartos e um investimento de 27 milhões de euros, e também arrancaremos com um projecto residencial que contará com 200 apartamentos e um investimento de 20 milhões de euros. Ambos os empreendimentos situados no Bonfim, no Centro do Porto, com previsão de entrega em 2023.

Em Vila Nova de Gais iniciaremos a obra para desenvolvimento de um hotel de 4 estrelas junto à ponte D. Luís I, que contará com 64 quartos, e investimentos que ascendem os nove milhões de euros.

Em 2021 iniciaremos um projecto único que vai mudar a face de Gaia, ao posicionar a cidade como um grande centro de interesse ao lado de outros grandes projectos que estão a acontecer, como o ‘World of Wine’. Um empreendimento de aproximadamente 54 mil metros quadrados, atrás da Câmara Municipal de Gaia, que contará com um centro de congressos, com 2500 lugares e um hotel com mais de 250 quartos e um centro multiusos. O centro de congressos vai atrair conferências de todo o mundo, permitindo à cidade tornar-se um centro de conhecimento, inovação  e criatividade.

Outro projecto que arrancaremos em 2021, também em Vila Nova de Gaia, será dedicado ao segmento residencial, num terreno de 44 mil metros quadrados que posicionará Gaia como o lugar de futuro para se viver. Este projecto terá um investimento aproximado de 80 milhões de euros e contará com mais de 300 apartamentos, localizado na área mais atractiva da cidade, com a melhor vista e com acessos a todos os pontos de interesse da região.

E nos próximos cinco anos, o Grupo continuará actuando em projectos residenciais, dando maior atenção ao centro do Porto, Braga e Lisboa, explorando diferentes segmentos do ramo imobiliário, assim como casas para estudantes.

Porque investir em Portugal? O que o torna atractivo?

Os últimos anos foram bastante interessantes para Portugal. A crise de 2008 posicionou o país para uma grande dinâmica económica. Boas notícias vieram de todos os sectores. O turismo disparou dando um enorme impulso à economia. Adicionamos isso, ao facto de Portugal ser o 3º país mais pacífico do mundo e pelo terceiro ano consecutivo é considerado o melhor lugar para viver a reforma. O mercado imobiliário está a ter um bom desempenho em todos os sectores, residencial, retalho e hotelaria. A implementação dos Golden Visa e demais programas de incentivo atrai cada vez mais investidores estrangeiros. O sector da habitação continua a ser o foco de investidores em Lisboa, Porto e Algarve.

Quais as maiores dificuldades que sente no desenvolvimento dos projectos? 

Diria principalmente as licenças, que especialmente no Porto, levam muito tempo a obter.

Como analisa esta crise proocada pela pandemos? De que forma o grupo tem superado?             

Apesar do Covid-19 ter um impacto a curto prazo, nós mantivemos os nossos investimento em Portugal. Felizmente não temos um hotel em funcionamento e nossos projectos estão previstos para 2023-2024, que esperamos, neste prazo, estar de volta à normalidade.

O que espera depois do Covid-19? Como o mercado imobiliário deve reagir?

 Para os empreendimentos residenciais, não vemos nenhuma razão para que a médio ou longo prazo o mercado não se torne mais atraente mas somos de opinião que o mercado, especialmente o local em que actuamos, continuará a ter uma forte procura por moradias nas grandes cidades. Assim como acredito, que o mercado de alto luxo, ou de pequenas unidades, a curto prazo, serão atingidos pela actual situação. De qualquer forma, todos nós esperamos que  uma vacina apareça para que a vida volte ao normal e a economia se recupere.

Portugal, diferente dos seus vizinhos, conseguiu evitar um caos completo com esta situação, e este é um ponto muito importante para a Fortera e os investidores que lideramos, mas sobretudo para o país.

Quais as principais preocupações que sente no futuro do mercado imobiliário português? (regime fiscal, preços, licenciamentos, programa de incentivos fiscais como os ARI?)        

Espero que o Governo não esqueça a grande mudança que este mercado fez na economia, e que não mude tão cedo os regulamentos fiscais. Os programas de incentivo são os factores-chave para o país continuar a receber os investimentos seguros que vimos nos últimos anos. E agora mais do que nunca, com o Covid-19 e os possíveis impactos, o Governo precisa reconsiderar as mudanças que desejava aplicar, como por exemplo, os Vistos Gold, e ser ainda mais criativo para atrair investimentos estrangeiros para o país. Se fizerem desta forma, será mais fácil superarmos. Senão… bem, não será fácil.

Sobre a especulação dos preços nomeadamente em Lisboa e no Porto, qual a sua opinião?

 A escassez no mercado imobiliário continuará a aumentar os preços nos próximos três anos, até que novas construções comecem a surgir e a estabilizarem os valores. Porto continuará a ser o centro de actividade do nosso grupo devido à sua atractividade. Lisboa continuará com forte procura e níveis altos de preços. Esta questão requer uma profunda pesquisa de mercado do público alvo.