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Opinião

 

O impacto do covid no mercado imobiliário do Grande Porto

22 de maio de 2020

O Covid -19 veio para ficar? Ninguém pode dar neste momento uma resposta segura a esta pergunta tão simples e ao mesmo tempo tão inquietante. E só e apenas, porque o vírus se comporta como um ilustre desconhecido que não se deixa “apanhar” pela ciência. O tempo encarregar-se-á de clarificar a situação.

O sector imobiliário atravessou nos anos transactos uma fase muito dinâmica, conseguiu com saber, imaginação e grande sentido de risco, aproveitar a atractividade que o pais oferece e contribuiu para a resolução de inúmeras carências existentes.

O país tinha um défice enorme em matéria de capacidade de alojamento hoteleiro, necessitava urgentemente de arrancar com um programa estruturado para a reabilitação dos seus centros urbanos, muito depauperados e abandonados, quer no espaço público, quer no edificado, e, para além disso, tinha e tem uma necessidade enorme de construir habitação para a população em geral. Estivemos quase uma década sem investimento no imobiliário.

No Grande Porto, a resposta dos operadores imobiliários foi notoriamente consistente e esteve em linha com a dinâmica geral do país.

A crise pandémica veio porém transformar de forma radical o panorama económico do mundo e do nosso país. O sector imobiliário no Grande Porto ressentiu-se, mas não esmoreceu. Já lá vão mais de dois meses de incerteza.

A actividade comercial “hibernou”, neste período, teve a arte de iniciar uma rápida adaptação em matéria de comunicação, com recurso às tecnologias digitais. Para os serviços- projectos, gestão, administração pública e privada, dada a sua natureza, foi relativamente mais fácil minorar danos, recorrendo de forma massiva ao teletrabalho. E a construção, lá se foi aguentando, com uma travagem reduzida.

Com o fim do estado de emergência, face os animadores resultados de controle da pandemia, constata-se na região  que, em pouco mais de uma semana, tudo está a voltar a acontecer aos poucos .

Os negócios estão a surgir de novo, com algumas transacções e promessas de compra e venda concretizadas, para já no sector habitacional, esse eterno e mais consistente pilar do imobiliário. Para os escritórios e para tudo que tenha a ver com o turismo, o momento de arranque ainda não chegou.

Sendo o negócio imobiliário de ciclo longo, os promotores do Grande Porto tendencialmente têm estado a protelar novos investimentos e a procurar manter as frentes existentes, com um ritmo de desenvolvimento ajustado às circunstâncias. Os preços dos imóveis não desceram.

Os portugueses têm contribuído, com a sua inesperada disciplina, para que “os tempos de cólera” não sejam tão longos como se vaticinava. O ambiente é de expectativa, com o sentimento crescente de que “nada será como dantes”, que “tudo irá passar” , mas com contornos, talvez não tão dramáticos como os que se imaginavam inicialmente.

A manter-se esta situação, o imobiliário da região terá condições para se regenerar no curto, médio prazo.

José Carvalho

CEO do Grupo Omega