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As visitas

4 de abril de 2022

As visitas são uma das etapas mais importantes para a venda de um activo e, como tal, não há ninguém que recuse o pedido de uma visita de um potencial cliente, mesmo correndo o risco que esta possa ser um fiasco ou uma perda de tempo.

Já vos falei aqui dos turistas imobiliários, aqueles que nos fazem perder tempo e dinheiro porque não estão interessados a comprar um imóvel, mas adoram fazer visitas aos nossos activos, e dos clientes palhaços, que nos aliciam com uma potencial compra de um imóvel de seis dígitos que depois nunca acontece. Hoje queria aqui contar-vos histórias inacreditáveis de alguns consultores que têm a amabilidade de partilhar comigo o seu dia-a-dia relativas a visitas a imóveis por parte de clientes qualificados.

Clientes aos berros dentro de casa – São várias as histórias de clientes que, em visita, nomeadamente a moradias, se põem aos berros em diferentes divisões da casa para verem se são ouvidos uns pelos outros.

Clientes que experimentam a piscina – Em imóveis com piscina (e se estiver um dia de calor) há clientes que pedem ao consultor se podem ir molhar os pés. Há, inclusivamente, quem venha já prevenido para a visita e peça para dar um mergulho. O que, neste caso, deixou o consultor embaraçado e levou-o a telefonar ao proprietário para pedir autorização. Num outro caso, extremo, de verificação das condições de toda a casa, um cliente quis examinar os azulejos do fundo da piscina para saber se estes estavam em condições. 

Clientes que procuram ver as “energias” da casa – Acontece mais com clientes estrangeiros do que com clientes nacionais, mas há os que se ajoelham, rezam, batem nas paredes e tentam saber se alguém morreu naquele imóvel.

Clientes que decidem “experimentar” a casa para ver se gostam – Neste ponto não me alongo mais do que esta frase porque será, acho, autoexplicativa. Certo?

Clientes que assediam o consultor durante a visita – Aqui, por decoro, e à semelhança do que referi no parágrafo anterior, opto por não me alongar também nos detalhes.

Clientes que abrem o frigorifico do proprietário e servem-se de bebida/comida enquanto fazem perguntas ao consultor. Num dos casos que me relataram, o cliente comprador chegou ao ponto de tirar duas cervejas e oferecer uma ao consultor!

Clientes que pedem para usar a casa de banho – Embora inapropriado e uma enorme violação da privacidade do proprietário, há quem o faça sem grandes problemas. E, pelos vistos, é bastante comum.

Há muito mais histórias que poderiam ser aqui contadas. Mas, dentro do invulgar, optei por exemplificar as mais comuns. Em abono da verdade, convém igualmente dizer aqui que, apesar do desconforto por parte de quem assistiu, algumas tiveram um final feliz, com os clientes a comprarem o imóvel. Outras acabam apenas por ser boas histórias do mundo imobiliário que são contadas entre amigos e família (e partilhadas agora por aqui).

Francisco Mota Ferreira

Trabalha com Fundos de Private Equity e Investidores e escreve semanalmente no Diário Imobiliário sobre o sector. Os seus artigos deram origem ao livro “O Mundo Imobiliário” (Editora Caleidoscópio).