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Casas com História

 

República, 40 salva-se do camartelo!

14 de fevereiro de 2024

Graças à promotora Level Constellation e à empresa de reabilitação Kalam Portugal, o velho palacete da Avenida da República, vai poder ganhar o brilho de outrora. A artéria estruturante de Lisboa, que cruza a capital de norte a sul, e que nos tempos da monarquia dava pelo nome de Ressano Garcia, caracterizava-se pelos seus inúmeros palacetes. Em seu redor nasceram novas e florescentes artérias e a zona acabaria por ser baptizada por Avenidas Novas, local de comércio e residência de uma população endinheirada da cidade. À época, era como que a fronteira entre o perímetro urbano e a zona rural de entorno da urbe, onde entre o Campo Pequeno e o Campo  Grande, no lado da Avenida 05 de Outubro, se organizava o  Mercado Geral de Gados, que viria a ser desactivado em 1952 para aí se vir a instralar a futura Feira Popular.


Fachada e tardoz do novo República, 40



Ao longo de décadas muitos desses belos e respeitáveis palacetes foram sendo demolidos, perdendo-se, em muitos casos, verdadeiras preciosidades da nossa arquitectura e traços marcantes da história e da alma de uma certa Lisboa de então. O mais emblemático de todos, porém, também resistiu à devastação, trata-se do vizinho Palacete Valmor, no nº 38, construído em 1906, com projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra, e que hoje também está bastante debilitado, fruto de anos de incúria e falta de manutenção.

O edifício senhorial da avenida da República, 40, em Lisboa, é um dos raros que se salvou da demolição de que foram alvo a generalidade dos velhos imóveis residenciais familiares que caracterizavam a  importante artéria. Erigido em 1910, no preciso ano em que foi instaurada a República, o palacete foi adquirido em 2017 pela empresa de capitais chineses Level Constellation que havia iniciado a sua actividade como promotora imobiliária em Portugal três anos antes. A intenção era reabilitar o velho palacete e transformá-lo num sofisticado empreendimento residencial, tendo o projecto arquitectónico sido entregue ao atelier de Francisco Valsassina. Os anos passaram sem que obras se vissem, o que levou os mais cépticos a pensarem que se estava perante mais um projecto de reabilitação abortado. Mas, apesar das dificuldades, a empresa não desistiu do projecto, retardado, imaginamos, pelas tradicionais demoras, negociações e trâmites com a autarquia.


T0



Para a sua reabilitação, a Level Constellation conta com a Kalam Portugal - empresa especializada em obras de reabilitação e restauro. A “Clássica", assim se denomina este projecto imobiliário, é considerado o investimento de referência da Level. Num total de 21 fracções de habitação, e inclusão de cave, com projecto de arquitectura desenvolvido pelo famoso arquitecto Frederico Valsassina, projecto de especialidades da A2P Estudos e Projetos e fiscalização da SOPSEC S.A.

Responsáveis da Kalam Portugal - confessaram ao DI - que se  orgulham “de poder levar a cabo esta tão importante obra e assim contribuir para a continua reabilitação da cidade de Lisboa”. Colocando ao serviço de Portugal, “o nosso conhecimento e experiência internacional, pela mão dos artesãos e técnicos especializados que compõe a nossa equipa”. Recorde-se que a Kalam tem sede em Espanha, onde nasceu em 1987, e possui um portefólio veredadeiramente impressionante de obras de reabilitação um pouco por todo o mundo.




O “Clássica” vai reabilitar o velho imóvel que remonta ao início do séc. XX, mantendo “o carácter e detalhes visuais da época, conjugados com as soluções mais modernas de conforto e qualidade em habitação”. O edifício será renovado e ampliado, mantendo as suas características arquitectónicas originais – afirma a empresa.

As tipologias do novo empreendimento vão do T0 e T3, com áreas os 58 e os 233 m2.