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Internacional

 

Preço das rendas para habitação sobem a nível mundial mas a capacidade financeira dos inquilinos está a chegar ao limite

14 de dezembro de 2023

O preço das rendas na habitação no mercado de luxo, a nível mundial aumentaram 7,9% nos 12 meses até Setembro de 2023. No entanto, a capacidade financeira dos inquilinos está a chegar ao limite.

De acordo com o mais recente relatório da Knight Frank, imobiliária que desde 2021 é parceira da portuguesa Quintela+Penalva, embora este aumento seja ligeiramente superior aos 7,5% observados no segundo trimestre deste ano, os dados mais recentes confirmam que as rendas no segmento residencial estão a aumentar a um ritmo três vezes e meia superior à tendência de longo prazo verificada no período pré-pandémica, registado no 3.º trimestre de 2019, e 25,5% acima do mínimo pandémico no 1.º trimestre de 2021.

Entre as cidades analisadas, tanto Singapura como Nova Iorque registaram uma queda trimestral nas rendas, embora nenhuma tenha registado uma diminuição anual. Por sua vez, Sydney reivindica o primeiro lugar nos aumentos de preço no arrendamento de luxo nos últimos 12 meses, e o crescimento anual de Singapura continua forte, mas com os preços caíram 1,7% no último trimestre.

Apesar dos debates em curso em torno do teletrabalho e dos desafios no sector dos escritórios nas principais cidades, os dados confirmam a procura de vida na cidade e a resiliência das necessidades de alojamento dos trabalhadores nas proximidades dos escritórios.

Na maioria das cidades analisadas pelo Prime Global Rental Index concluísse que há um forte crescimento das necessidades de alojamento. Este facto, juntamente com uma oferta relativamente baixa de novo stock de imóveis residenciais, sugere que a pressão ascendente sobre as rendas se manterá.

No entanto, verificam-se já limites a este processo em termos de acessibilidade económica. Chega-se a um ponto em que, mesmo em mercados com uma procura muito forte e uma dinâmica de oferta fraca, os inquilinos não conseguem continuar a oferecer rendas substancialmente mais altas.

Três mercados destacam-se em termos de crescimento das rendas desde 2021. Londres viu as rendas aumentarem 55,2%, Nova Iorque 53,4% e Singapura 50,3%. Tanto Nova Iorque como Singapura estão a registar um abrandamento do crescimento das rendase com sinais de queda nos últimos três meses.

Londres continua a registar um crescimento de dois dígitos, apoiado em parte pelo forte crescimento dos salários; Sydney reivindica o primeiro lugar em aumentos de aluguel de luxo nos últimos 12 meses; o crescimento anual de Singapura continua forte, mas os preços caíram 1,7% no último trimestre e o mercado de arrendamento de luxo de Nova Iorque está a arrefecer, registando um crescimento anual de 2,4%, o mais baixo dos últimos dois anos.

Portugal cresce a dois dígitos

Em Portugal, a tendência do aumento das rendas tem sido uma constante, com Lisboa (21,4%), Cascais (20,2%) e a cidade do Porto (25,6%) a terem um crescimento a dois dígitos no último ano no que se refere a arrendamento de apartamentos.  Já no caso das moradias o aumento médio das rendas é ligeiramente inferior, mas igualmente acentuado. Assim, se em Lisboa o crescimento é de 10,4%, em Cascais é de 17,7% e no Porto de 8,3%.

Alex Koch de Gooreynd, responsável pelos mercados suíço, austríaco e português na Knight Frank, considera que “em Portugal a falta de oferta muito tem contribuído para o aumento do preço, tanto no arrendamento, como na compra de habitação”.

Francisco Quintela, fundador e partner da Quintela e Penalva, acrescenta que “não obstante o aumento dos preços, como se tem verificado, e mesmo com as tão polémicas alterações ao regime dos GV e dos RNH os preços continuarão a aumentar no próximo ano, embora a ritmo ligeiramente inferior ao que se verificou em 2023. No entanto, o fim do regime dos residentes não habituais tem potencial para provocar uma onda sistémica bastante prejudicial, nomeadamente à vida dos portugueses e acima da sua capacidade financeira”.